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Resumo De Filosofia

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Por:   •  3/10/2014  •  1.618 Palavras (7 Páginas)  •  861 Visualizações

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A invenção de uma infância

O trabalho de Ariês sobre a infância dividiu as águas entre os historiadores da psicologia social. As teses centrais de Ariês são duas: a primeira é que nas sociedades europeias, durante a época medieval, não havia um sentimento ou consciência de infância. Nessas sociedades o que hoje chamamos de infância estava limitado a esse período relativamente curto, mais frágil da vida, em que uma pessoa ainda não pode satisfazer por si mesma suas necessidades básicas.

Segundo essa tese, em um longo período que vai até um momento difuso entre os séculos XVII e XVIII, aqueles a quem hoje chamamos de crianças eram adultos menores ou em menor escala de tamanho.

As crianças, tal como as compreendemos atualmente eram mantidas pouco tempo no âmbito familiar. Tão logo o pequeno pudesse abastecer-se fisicamente, habitava o mesmo mundo que os adultos, confundindo-se com eles. Tampouco existia, nessa época, a adolescência ou a juventude: os pequenos passavam diretamente de bebês a homens (ou mulheres) jovens. Não havia naqueles tempos, nenhuma ideia ou percepção particular ou específica de natureza da infância diferente da adultez.

Uma série de práticas sociais como jogos, ocupações, trabalhos, profissões e armas, não estava determinada para idade alguma. As crianças eram vestidas como homens e mulheres tão logo pudessem ser deixadas as faixas de tecido que eram enroladas em torno de seu corpo quando pequenas . Não existia o atual pudor frente as crianças a respeito de assuntos sexuais.

Até o século XVII, predomina o que Ariês chama de “infanticídio tolerado” junto a um sentimento de indiferença, “com relação a uma infância demasiado frágil, em que a possibilidade deperda é muito grande”. A vida das crianças tinha um valor semelhante ao que tem hoje a vida dos fetos em nossas sociedades ocidentais, sobretudo naquelas em que se proíbe o aborto, mas se admite ter um bom número de espaços clandestinos para praticá-lo.

A segunda tese de Ariês, complementa a primeira, que é a partir de um longo período, e de um modo definitivo, a partir do século XVII, se produz uma mudança considerável: começa a se desenvolver um sentimento novo com relação a infância. A criança passa a ser o centro das atenções dentro da instituição familiar. A família gradualmente vai organizando-se em torno das crianças, dando-lhes uma importância desconhecida até então: já não se pode perdê-las ou substitui-las sem grande dor, já não se pode tê-las em seguida é preciso limitar o seu número para poder atendê-las melhor.

A criança se mostra uma fonte de distração e relaxamento para o adulto, que começa a expressar e torna cada vez mais ostensivos tais sentimentos. O Estado mostra um interesse cada vez maior em formar o caráter das crianças. Surge assim uma série de instituições com o objetivo de separar e isolar a criança do mundo adulto, entre elas, a escola. A criança adquire um novo espaço dentro e fora da instituição familiar.

Consideramos o trabalho de Ariês pioneiro e ainda não superado em pelo menos duas dimensões: a) a ideia de que a percepção, periodização e organização da vida humana é uma variante cultural e que a forma como uma sociedade organiza “as etapas da vida” deve ser sempre objeto de pesquisa histórica; b) na modernidade europeia, senão a invenção, pelo menos uma fortíssima intensificação de sentimentos, práticas e ideias em torno da infância ocorreram como em nenhum outro período anterior da história humana.

O trabalho de Ariês abriu espaço para campos inexplorados e inspirou inúmeros trabalhos como, por exemplo, o de A. Nandy que estudou a extensão da infância muito além da vida privada, e inclusa da vida pública em um Estado. Assim como no contexto da instituição familiar, a criança deveria ser conduzida e iluminada pelo modelo do “pai”, no marco das instituições entre Estado, algumas nações deveriam submetidas ao “cuidado e proteção” de outras, as mais desenvolvidas para seu crescimento adequado.

A invenção de uma disciplina

Etimologicamente, termo disciplina deriva do vocábulo latino idêntico. Segundo os estudiosos da língua, o grupo semântico e obscuro e de formação enigmática. Alguns afirmam que a palavra e a forma abreviada de uma mais extensa, discipulina na qual se encontra a raiz ‘pur’, que dá lugar em latim a puer, “criança”. Mas não há qualquer certeza disso.

Em seus primeiros usos, disciplina significa ensino, educação, disciplina e, sobretudo, disciplina militar. Num segundo sentido, posterior, significa “ensino”, “matéria ensinada”, no mesmo sentido do grego matbema.

A disciplina é, então, um modo de exercer o poder, uma tecnologia de poder que em nasce e se desenvolve na modernidade. Assim, o poder disciplinar e exercido em diversos espaços sociais: em instituições especializadas ( como os cárceres ou os institutos corretivos), em instituições que a usam como instrumento essencial para um fim determinado (as casas de educação, os hospitais), em instituições que preexistem a ela e a incorporam ( a família, o aparato administrativo), em aparatos estatais que têm como função fazer reinar a disciplina na sociedade (a policia).

A pergunta que mas interessa pra Foucault no que diz respeito ao poder é como ele se exerce?”. Foucault enfrenta o que denomina de concepções tradicionais de poder: “a hipótese repressiva” ou sua representação “jurídico-discursiva”.

Essas análises têm, a partir da ótica foucaultiana vários problemas. Por um lado, supõem um sujeito originário, idêntico e absoluto como fundamento de sua análise; por outro lado, não percebem como as condições econômicas e políticas não são um véu para o sujeito,

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