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Resumo Espinoza

Artigo: Resumo Espinoza. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  16/9/2013  •  1.330 Palavras (6 Páginas)  •  269 Visualizações

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Espinosa faz a demonstração de que Deus, a substância única, existe necessariamente: “Deus, ou, por outras palavras, a substância que consta de infinitos atributos, cada um dos quais exprime uma essência eterna e infinita, existe necessariamente”

(Ibid., p. 85). Provar a necessidade de sua existência é imprescindível para o desenrolar do “modo geométrico”, já que nenhum dos componentes da demonstração de Deus como substância única pode deixar de ser estabelecido.

A prova se desenvolve tomando como pressuposto que Deus é substância que consta de infinitos atributos – o que foi afirmado anteriormente. Logo, provar que tem existência necessária um ser único e infinito, isto é, que não é limitado por nada, parece algo que pode ser exercido com fluência e toda facilidade. Entretanto, o autor propõe-se a examinar exaustivamente a questão, uma vez que está tocando num ponto crucial de sua contestação às tradições judaico-cristã e aristotélico-tomista, sobretudo levando-se em consideração que diversos autores ao longo da História estabeleceram provas da existência de Deus, dentre os quais os mais célebres são Santo Agostinho de Hipona, Santo Anselmo de Cantuária, Santo Tomás de Aquino e René Descartes.

A primeira demonstração retoma o que foi afirmado na proposição VII (o existir pertence à natureza da substância) e também no axioma 7 (a essência do que pode ser concebido como inexistente não envolve existência). Ora, sendo a substância um ser que subsiste por si mesmo, a existência deve necessariamente ser atribuída a ela. Alem disso, ela não pode ser concebida como não existente, uma vez que não fora causada por nada a não ser por si mesma, que se auto-produz e não impõe limite a si mesma. Sendo assim, seria absurdo admiti-la como não existente: aquilo que pode ser concebido como inexistente tem uma essência que não implica necessariamente a existência; como isso não se aplica à substância divina, que existe por sua própria essência, conclui-se que Deus existe necessariamente. Em outras palavras, Deus é a substância única. Esta existe necessariamente por sua essência. Logo, Deus existe necessariamente.

A segunda demonstração aponta para a ausência de forças que possam destruir a substância divina, isto é, a falta de causas pelas quais Deus possa não existir. Ora, para tudo há uma causa pela qual a coisa existe ou não existe. Esta causa deve estar contida, ou na própria natureza da coisa, ou fora dela (Ibid., p. 85). No que tange à substância divina, a causa da sua não existência não pode estar no interior dela mesma, pois, segundo a proposição VIII, o existir pertence à natureza da substância. Sendo assim, seria absurdo que esse ser, cuja natureza implica necessariamente a existência, tivesse em si mesmo a causa de sua própria destruição. Resta a outra hipótese: que a causa da não existência esteja fora da substância. Esta hipótese mostra-se absurda se nos reportamos à proposição VII, segundo a qual nada inibe a existência de Deus. De fato, se Deus é a substância única e infinita, não haverá nenhuma outra substância, nem nada fora dela que possa inibir sua existência. Deus existe necessariamente porque não há causa destruidora de sua existência, pois, para que houvesse, essa causa inibidora deveria vir da natureza divina, o que é inadmissível, ou então de outra substância, o que também não se pode admitir. Caso houvesse outra substância, esta não poderia ter atributos em comum com a substância divina, uma vez que duas substâncias, tendo atributos

em comum, e sendo o atributo aquilo que constitui sua essência, as duas supostas substâncias seriam, na verdade, uma só. Portanto, nada inibe a existência de Deus.

A terceira demonstração aponta para a potência divina:

Não ter poder para existir é impotência, e, pelo contrário, ser capaz de existir é potência (como por si é noto). Por conseguinte, se o que agora existe necessariamente é constituído apenas por entes finitos, segue-se que os entes finitos têm mais poder que o ente absolutamente infinito – o que é absurdo (como por si é noto). Portanto, ou não existe coisa alguma, ou um ente absolutamente infinito tem necessariamente de existir (Ibid., p. 86).

Esta prova está embasada na noção de potência divina. Espinosa não emprega o termo potentia no sentido aristotélico. Para Aristóteles e Tomás de Aquino, potência é virtualidade, capacidade que uma substância tem para tornar-se algo que ainda não é. Uma semente de laranjeira, por exemplo, é uma laranjeira em potência porque tem a virtualidade para tornar-se uma laranjeira. O movimento de plantar a semente na terra, o da fecundação, o crescimento da planta e, por fim, a mudança da pequena planta para a laranjeira atualiza a semente, fazendo que a laranjeira, em potência, torne-se uma laranjeira em ato.

Espinosa não compartilha dessa tradição.

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