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SILVA, Adriano Correia. Educação e vida pública (FICHAMENTO)

Por:   •  24/4/2015  •  Resenha  •  863 Palavras (4 Páginas)  •  416 Visualizações

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Salomão Alves Pereira: 3º período – Ciências Sociais/IFG.

SILVA, Adriano Correia. 2001. Educação e vida pública. In:__________. A instituição da cidadania: cultura e política entre os gregos. Campinas, SP, 2001. (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Educação, UNICAMP.

9. Educação e vida pública

Neste tópico, Silva desenvolve a ideia de que, na Grécia antiga, ideais aristocráticos habitaram uma organização social democrática. Desenvolve tal noção a partir da perspectiva educacional grega, em especial a ateniense. Demonstra sucintamente de que forma o ideal do herói racional e guerreiro foi paulatinamente dando lugar ao estímulo à formação literária, retórica, que privilegiava a participação política própria da democracia.

Inicialmente, recorre a Homero e sua produção literária, como uma forma de demonstrar que já aí existe uma perspectiva de formação humana eminentemente aristocrática, influenciada pela arete do herói. Aqui subjaz o estímulo à agonística. Ou seja, à questão de se ser o melhor entre todos ou mesmo do ideal de um homem superior. Em Homero percebe-se a cultura grega enquanto privilégio de uma aristocracia de guerreiros. O ideal de formação era ligado à noção de homem belo e bom (kalokagathia). Tal homem belo e bom deveria ter uma formação de caráter e, acima desta, do corpo. O “homem belo e bom” era normalmente um esportista, o que demonstra o que se concebia por “belo” à época: a beleza se encontrava atrelada a, por exemplo, um corpo atlético.

A formação decorrente da kalokagathia (homem belo e bom), com sua característica principal mencionada anteriormente, visava a formação do herói. Homero e seus escritos, por exemplo, cumpriam a função de registrar determinados feitos nas guerras, batalhas, conquistas etc., para que a glória do herói permanecesse intacta para as gerações subsequentes. Assim, a formação no período clássico, ligada à arete do herói, visava estimular a convivência entre a racionalidade, comensurabilidade (orador) etc. com a coragem, a beleza, a preocupação com a forma física (guerreiro) etc. nos gregos. Tal formação era dada através dos exemplos de heróis do passado grego, empreendimento realizado por Homero, por exemplo. Os exemplos (a construção literária) ficavam a cabo dos preceptores mais velhos, que iniciavam os jovens na “vida heroica”.

Nesse sentido, a veracidade da narrativa não era necessariamente o foco da formação. O que interessa é o aproveitamento de determinadas partes da realidade (de batalhas e conquistas passadas), nas narrativas dos poetas, que possam contribuir para a formação dos heróis do presente. Os feitos dos atenienses, por exemplo, eram mitificados (distorcia-se sua imagem real para que ela se adequasse aos interesses de formação dos jovens atenienses). Em suma, portanto, os exemplos gloriosos dos heróis tinham como objetivo o estímulo ao espírito de competição, de ser sempre o melhor de todos, de plena formação humana, enfim, e não necessariamente relatar completamente os acontecimentos em si.

Se localiza em tal período o ideal de se imortalizar (de extinção da diferença principal entre os deuses e seres humanos) através dos feitos heroicos nas guerras. Ao herói não interessava necessariamente vencer a guerra, mas, antes, realizar uma performance digna de memória na história da humanidade – ou, a imortalidade através dos feitos. Dessa forma, os ideais aristocráticos eram, por assim dizer, radicalizados, pois, além de se tornar o “melhor” entre todos os humanos, o herói era elevado à categoria dos deuses (imortalidade). Isso, no entanto, não significa afirmar que o herói era considerado um deus. Tampouco um simples humano. Sua condição intermediária é o que garante sua especificidade frente ao mundo, portanto, sua transformação em paradigma educacional. Nem uma existência indiferenciada, como a dos humanos, nem a imortalidade do corpo, como os deuses. O herói, doravante, colocava-se acima dos deuses e, evidentemente, dos humanos. Os deuses não eram heroicos, ou seja, não apresentavam necessariamente as características caras ao herói – a honra, racionalidade nas ações, comensurabilidade, coragem, sacrifício etc. -, embora fossem imortais como ele. A imortalidade dos deuses não fora conquistada com grande esforço, portanto, não fora honrosa como a do herói. Deriva disso que a covardia não podia existir no herói. A vida era prolongada na memória, e nem a morte poderia cessar a vergonha da fuga. Caso se acovardasse frente a algum conflito, o indivíduo não seria um herói. Seria mais um.

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