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Santo Agostinho

Artigo: Santo Agostinho. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  15/10/2014  •  4.180 Palavras (17 Páginas)  •  367 Visualizações

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A COMPREENSÃO DE LIBERDADE NA OBRA O LIVRE-ARBÍTRIO DE SANTO AGOSTINHO

Marcio Sistherenn

Resumo: Este artigo visa apresentar a compreensão de liberdade no pensamento de Santo Agostinho, versando sobre a perspicaz investigação sistemática do conceito de liberdade, elucidando os meios mais propícios de encontrá-la, pois todo ser humano almeja ser livre. Ter-se-á o propósito de discutir o que é a liberdade, baseado na obra O Livre-Arbítrio de Santo Agostinho, que é dividido em três livros, que são intitulados: se o pecado provém do livre-arbítrio; A prova da existência de Deus revela-o como fonte de todo o bem. Deus não é o autor do mal, mas do livre-arbítrio que é um bem; e louvor a Deus pela ordem universal, da qual o livre-arbítrio é um elemento positivo, ainda que sujeito ao pecado. Para Agostinho, a verdadeira liberdade é aceitar a graça de Deus. O poder de escolha (livre-arbítrio) ainda não é liberdade. A liberdade se dá somente quando a vontade se volta para o bem. O livre-arbítrio nos dá a possibilidade de seguir ou não a vontade de Deus, porém, só será livre realmente aquele que, com a ajuda divina, optar por fazer a vontade de Deus.

Palavras - chave: Liberdade; Livre-Arbítrio; Bem; Pecado; Vontade; Graça; Deus.

1. O DESÍGNIO DA OBRA O LIVRE-ARBÍTRIO

O Livre-Arbítrio é uma obra prima da literatura e do pensamento europeu escrita por Santo Agostinho , após a sua conversão ao Cristianismo e ter adotado esse mesmo como doutrina. Destarte, em 387, ao regressar de Milão para a África com a finalidade de viver segundo o Evangelho numa comunidade de pobreza e refletir sobre as verdades reveladas, estando em Óstia, morre-lhe a mãe . É nessa cidade que Evódio, o interlocutor do livro O Livre-Arbítrio, é mencionado pela primeira vez nos escritos de Santo Agostinho.

Evódio, conterrâneo de Agostinho, viera para Milão em serviço oficial e ali reconhecera a verdade do Cristianismo, fazendo-se batizar. “Tendo se relacionado com Agostinho, nunca mais o deixou, entregando-se de alma e coração ao propósito de se dar com ele o idêntico ideal de vida”. A partir deste encontro, Agostinho muda o destino da sua viagem e vai temporariamente para Roma, onde inicia um diálogo com Evódio. Deste, principia a obra O Livre Arbítrio, na qual, Agostinho finaliza em 391, na cidade de Hipona, na África. Portanto, obra O Livre Arbítrio é de Agostinho, o “último dos diálogos filosóficos publicados por ele, sendo também um dos mais notáveis”.

A obra O Livre-Arbítrio foi escrita sob forma de diálogo, que se dá entre Agostinho e seu amigo Evódio, e trata sobre a vontade livre do homem e a origem do mal . Além disso, Agostinho comenta outros temas, essencialmente, o livre-arbítrio é um bem concedido por Deus e a liberdade está em agir bem para aceitar o Bem.

O Livre-Arbítrio de Santo Agostinho é dividido em três livros, que são intitulados: O pecado provém do Livre-Arbítrio; a prova da existência de Deus que é fonte de todo o bem. Deus não é o autor do mal, mas do Livre-Arbítrio que é um bem; e louvor a Deus pela ordem universal, da qual o Livre-Arbítrio é um elemento positivo, ainda que sujeito ao pecado.

2. O PECADO PROVÉM DO LIVRE-ARBÍTRIO

No livro I de O Livre-Arbítrio, Agostinho e Evódio proclamam que o homem possui a vontade-livre (livre-arbítrio) e essa é um bem que procede da graça de Deus. Porém, Agostinho infere o seguinte enigma: “Peço que me digas se Deus não é autor do mal” . No diálogo, eles chegam à conclusão que Deus não é o autor do mal, mas que o mal vem do livre arbítrio do homem. “Para Agostinho, porém, o livre- arbítrio significa o acto de livre decisão ou opção”. Por isso, o mal não vem de Deus, mas vem da escolha que o homem faz através da sua vontade.

Mas, se Deus nos deu o livre arbítrio pelo qual nós também podemos pecar, não será Deus, também, o autor do mal? Agostinho vai dizer que não. Pois, Agostinho tem certeza que o Criador só fez coisas boas, Deus é o criador de tudo e viu que tudo era muito bom , por isso, se Deus tivesse criado o mal, até o mal seria um bem.

Para Agostinho, a causa do mal deve ser procurada no próprio homem, mais precisamente, deve ser procurada no interior desse, e não somente em seus atos externos [...]. Assim, o mal é visto como um exercício de vontade, cuja fonte deve ser buscada na vida interior.

Visto que o mal não vem de Deus e que o livre arbítrio é um bem, pois vem de Deus, a investigação passa a buscar a causa do pecado. O problema está na vontade, porque é ela que escolhe. Assim, no capitulo X do Livro I, Agostinho nos fala que a mente domina as paixões e a virtude está acima de qualquer vício. Além disso, nenhuma outra realidade torna a mente escrava das paixões, senão a própria vontade e o seu livre-arbítrio. O Ser supremo, dotado de virtude excelsa, não constrange a mente humana a ser escrava das paixões. Portanto, não há outra realidade que torne a mente cúmplice da paixão a não ser a própria vontade.

A vontade tem a soberania de si mesma, é dona de si mesma. Entretanto, o ato mau pode ser atribuído a ela. Para Agostinho, a boa vontade é a que nos faz viver com retidão e honestidade, estimulando-nos a alcançar o cume da sabedoria. Esta, por sua vez, é o reino da lei eterna em nós e é por ela que nossa razão domina plenamente todas as tendências inferiores. Destarte, a boa vontade envolve a vivência das virtudes. E é essa o hábito do bem, isto é, a disposição estável para agir bem, o que toca a vontade do agente corporal. As quatro virtudes são: prudência, fortaleza, temperança e justiça.

Desse modo, a razão é superior à vontade, sendo assim, pela reta razão podemos agir bem. Destarte, agir bem é que traz felicidade e todos querem uma vida feliz, mas então porque nem todos fazem bom uso do livre arbítrio?

Assim, pois, quando dizemos que os homens são infortunados por sua vontade, não o dizemos por eles quererem ser infortunados, mas por estarem possuídos duma vontade a que tem de seguir-se forçosamente a desventura, mesmo a descontento dos mesmos. Sendo assim, à conclusão precedente não se opõe o facto de todos os homens quererem ser venturosos e não o alcançarem, pois nem todos querem viver com rectitude, e só a esta vontade é devida a vida venturosa.

O que significa então fazer mau uso da vontade? Significa escolher coisas más? Mas se tudo o que foi criado é bom, podem existir coisas más? Não, as coisas não são más em si, o que é mau é

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