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Ética E Direito Em Hegel

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Por:   •  25/9/2013  •  4.295 Palavras (18 Páginas)  •  523 Visualizações

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Georg Wilhelm Friedrich Hegel: O homem e o filósofo

Hegel nasceu em 1770, em Stuttgart, na Alemanha, e faleceu vitimado por cólera, em 1831, em Berlim. Em vida, viajou pela Holanda, Bélgica, Áustria e França.

Era filho de funcionário público e cursou Teologia num seminário protestante. Foi casado com Marie Von Tucher, mais nova que ele 22 anos. Teve com ela dois filhos: Karl, que foi um historiador e Immanuel, teólogo. Ludwig era filho natural trazido de Jena. Em 1796, mudou-se para Frankfurt-Alemanha, onde estava o seu amigo Hölderlin, o qual, em decorrência de questões amorosas, foi acometido pela loucura, deixando Hegel bastante deprimido. Com o intuito de curar-se deste mal, Hegel dedicou-se com afinco à elaboração de resumos sobre obras filosóficas, históricas e políticas, incluindo, ainda, artigos de jornais ingleses.

Foi professor de Filosofia na Universidade de Jena, em 1801; professor extraordinário em Lena, 1805; professor da Universidade de Heidelberg, 1816 e Reitor da Universidade de Berlim, em 1818, instituição onde permaneceu até sua morte. Hegel dominava os conhecimentos de sua época, fez análises históricas e teóricas que trataram de economia, religião e política. Questionou a ortodoxia do cristianismo, porém, não a doutrina propriamente dita, pois acreditava na doutrina do Espírito Santo. Para ele, o Espírito do homem, sua razão, era uma vela do senhor.

Conhecia do grego ao latim. Estudou as Ciências Naturais e viveu os momentos políticos do seu tempo, o que contribuiu para suas reflexões sobre Direito e Constituição. Admirava o Imperador Napoleão: “Eu vi o Imperador, essa alma do mundo, atravessar a cavalo as ruas da cidade (...). Sentado sobre um cavalo, estende-se sobre o mundo e o domina” (apud NÓBREGA, 2005, p.8).

Para Hegel, Napoleão representava uma nova ordem universal e a unificação política de culturas e povos. Saudou a queda da Bastilha e a proclamação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, apontando desde então para a importância da liberdade. Foi influenciado pela Revolução Francesa e um dia acreditou na restauração da pólis grega. Ideia abandonada por volta dos 30 anos, coincidindo com o fim do período napoleônico, quando descobre o que considera a marca distinta da modernidade: o Estado moderno emancipa a particularidade, que toma consciência de si e se universaliza: Disso resulta que nem o universal vale e se realiza sem o interesse, a consciência e a vontade particulares, nem os indivíduos vivem como pessoas privadas, orientadas exclusivamente para os seus próprios interesses, sem querer o universal: eles têm uma atividade consciente deste fim.

O princípio dos Estados modernos tem esta força e esta profundidade, de permitir que o princípio da subjetividade chegue à extrema autonomia da particularidade pessoal e, ao mesmo tempo, de reconduzi-la à unidade substancial, mantendo, assim, essa unidade em seu próprio princípio (apud BRANDÃO, 2006, p. 109-110).

Com essa reflexão, Hegel vai cindindo sua concepção de Razão, História e Estado. Sua formação intelectual foi marcada por uma vertente religiosa e outra filosófica. Nesta última, Fichte e Schelling foram seus antecessores imediatos que com ele representavam o idealismo alemão e sua busca pela explicação do Universo a partir da ideia/conceito; sua busca da Razão.

A preocupação central era deduzir ideias de ideias; pensamento de pensamento. Partia-se do princípio de que a existência das coisas concretas dependia das ideias, da “soma de ideias”.

Segundo Zilles (2005), o pensamento de Hegel é radicalmente idealista, pois no centro de sua teoria está a ideia. O mundo, para Hegel, é acessível à razão e existe identidade entre pensar e pensado, entre certeza subjetiva e realidade objetiva, entre realidade e afirmação racional. O intelecto é, neste sentido, a potência que dissolve e se afasta do particular, elevando-se ao universal.

Segundo Andery et al. (2006), para compreender o sistema filosófico hegeliano, é necessário conhecer a influência recebida pelos idealistas alemães da época da difusão dos princípios que nortearam a Revolução Francesa de 1789. Estes pensadores escreveram suas filosofias visando responder ao desafio vivenciado pela França para reorganizar o Estado e a sociedade em bases racionais, de modo que as instituições políticas e sociais se adequassem à liberdade e aos interesses dos indivíduos, superando o absolutismo.

Na Alemanha, onde ainda não havia a unificação dos territórios, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade foram recebidos com entusiasmo pelos intelectuais. A Alemanha ainda se debatia com os resquícios da ordem feudal e do despotismo político, o que a França, supostamente, havia resolvido com a Revolução. Naquele contexto, ainda conforme Andery et al.(idem), os intelectuais alemães formularam uma doutrina filosófica na tentativa de recuperar os ideais que defendiam, superando a discrepância entre aqueles ideais e a situação histórica em que se encontravam. Desta forma, podemos concordar com as autoras acima citadas, que o pensamento de Hegel se insere num cenário filosófico onde predominava o desejo de libertação do homem como sujeito autônomo, capaz de guiar seu próprio desenvolvimento.

Hegel, ao criticar o empirismo inglês e se contrapor ao Kantismo, acreditava na possibilidade de conhecermos a “coisa em si”. Buscava incansavelmente descobrir o que existia antes, pois tudo o que existe é conhecível, o inconhecível não existe.

Ser (corresponde a tudo que é objeto do conhecimento) e conhecer (refere-se ao sujeito) são a mesma coisa, não há independência entre eles. O universo inteiro não é outra coisa senão o conteúdo da consciência (BRANDÃO, 2006).

A ambição intelectual de Hegel foi expressar a unidade do todo numa síntese abrangente e universal. No particular buscava o universal.

Segundo Gruppi (1986), a lei do devir universal, a dialética hegeliana afirmava que as coisas, a natureza, a história são momentos da realização de um Espírito, através dos quais ele toma consciência de si. Assim, o sistema filosófico hegeliano não se separa do caráter dialético, visto que é a dialética que expressa o movimento a que está submetida a realidade. A dialética está nas coisas e no pensamento, na medida em que o mundo real e o pensamento formam uma unidade, submetida à lei universal da contradição (ANDERY et al. , 2006). A explicação coerente do Universo foi buscada por Hegel através da razão, de onde tudo procede. A Razão é universal e explica o universo por necessidade

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