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A GLOBALIZAÇÃO DO CAPITAL E AS CAUSAS DAS AMEAÇAS DA BARBÁRIE

Por:   •  1/7/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.114 Palavras (9 Páginas)  •  303 Visualizações

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A GLOBALIZAÇÃO DO CAPITAL E AS CAUSAS DAS AMEAÇAS DA BARBÁRIE

CHESNAIS, François. A Globalização do Capital e as causas das ameaças da barbárie. In: O Livro Negro do Capitalismo. Rio de Janeiro-São Paulo, Ed. Record, 2000. Pág. 485-501.

 

  • “A liberdade que o capital, industrial e financeiro, encontra para se espalhar mundialmente como nunca tinha podido fazer desde 1914 tem sua origem na força que recuperou durante a longa fase de acumulação ininterrupta dos “trinta anos gloriosos”. No entanto, o capital não teria nunca conseguido alcançar seus objetivos sem o sucesso da “revolução conservadora” do fim da década de 1970. O triunfo do “mercado” não poderia ter sido atingido sem as repetidas intervenções das instancias politicas dos Estados capitalistas mais poderosos, apoiados pelas organizações capitalistas internacionais mais importantes, o FMI e o GATT/OMC em primeiro lugar.” (pág. 485).
  • “(...) na virada dos anos 1970-1980. É este momento em que as forças políticas mais antioperariado dos países da OCDE iniciam os processo de liberalização, de regulamentação e de privatização.” (pág. 485).
  • “ (...) a atual vitória do capitalismo é tão completa que mesmo entre aqueles que combatiam os seus efeitos há muitas pessoas que já não utilizam o termo. Chamam a ele de “neoliberalismo” e não tem contra ele mais do que a esperança, quimérica, julgo, de um retorno às formas mais humanas da sociedade capitalista. “(pág. 485-486).
  • “O uso do termo “neoliberalismo” também está muitas vezes associado à ideia de que seria impossível combater os efeitos do capitalismo globalizado sem atacar seus fundamentos, o que não é verdade. Terminou um período histórico que não foi apenas aquele em que, em escala mundial, reinou a ilusão de um modelo rival do capitalismo, socialmente superior a ele (...). Foi também o período durante o qual, na Europa Ocidental, o capitalismo parecia ter sido “domesticado”, ladeado por relações políticas entre classes mais poderosas e instituições irreversíveis, saídas umas e outras dos grandes combates da revolução contida.”. (pág. 486)

A atualidade da noção de parasitismo

  • ““ “O parasitismo e a putrefação do capitalismo”, sempre incomodou muito os teóricos dos partidos comunistas ocidentais. Isto era verdade no passados. Na época, a “coexistência pacífica” com o capitalismo, bem como as suas diferentes metamorfoses, dificilmente podia se basear – se apenas na defesa da “pátria socialista”. Mesmo dominado pelo “imperialismo américa”, era preciso que o sistema com o qual a coexistência estava proibida tivesse qualquer coisa, por muito pouco que fosse, de “positivo”; que parecesse ainda suscetível de oferecer à classe operária e às suas camadas sociais aliadas algumas perspectivas de melhoria das suas condições materiais e morais de existência.”. (pág. 486-487).
  • “(...) nos anos 1950 e 1960, o capital industrial (...) pareceu dominar de novo as economias capitalistas avançadas. A classe dos “rendeiros”, isto é, das pessoas que vivem do ‘corte dos cupons’, pessoas que fazem ociosidade de profissão, parecia ter desaparecido e ter apenas uma existência teórica. De mesmo modo, colocada sob égide de grupos industriais, a dominação imperialista sobre os países neocoloniais ou “dependentes” parecia progredir muito pouco, pois era acompanhada da ampliação das relações de produção capitalista e da formação de uma classe operária autóctone.” (pág. 487).
  • “Neste final de século XX, a sociedade mundial encontra – se de novo sob o controle férreo de um capitalismo dominado por contratos de rendimentos, um capitalismo cuja avidez e ferocidade são tanto mais fortes quanto ele é parasitário. É simultaneamente  no sentido de Lenin, isto e, organizado em torno de instituições (os mercados financeiros) e de Estados ( Estados Unidos e Reino Unido em primeiro lugar), cuja única característica possível é a de rendeiro, e no de Marx, ou seja, marcado por formas de acumulação que estão mais voltadas para a apropriação do que a criação do mais-valia.” (pág. 487).
  • “O processo de produção capitalista aparece apenas como um intermediário inevitável, um mal necessário para fazer dinheiro. É por isso que todas as nações dedicadas ao modo de produção capitalista são periodicamente apanhadas pela vertigem de querer fazer dinheiro sem o intermediário do processo de produção.” (pág. 488).

Uma acumulação correspondente as prioridades do capital-dinheiro

  • “Na sua configuração atual, o movimento do sistema capitalista mundial é  comandado antes de mais nada pela reconstituição de forças de concentração do capital-dinheiro tão poderosas quanto inovadoras, (os grandes fundos de coleta de poupança e de aplicação financeira), bem como a transferência, em beneficio dos mercados financeiros nos países centrais, de funções importantes de distribuição de recursos e de regulações econômicas essenciais que durante muito tempo foram controlados pelos Estados.” (pág. 488).
  • “(...) os mecanismos através dos quis a esfera financeira, antes de instalar os circuitos fechados de distribuição interna de ganhos e de perdas puramente financeiros, se alimenta de transferências de riquezas muitos concretas. (...) A valorização ou “frutificação” da maior patê dos recursos reais captados pelas instituições financeiras, é feita sob a forma de aplicações em obrigações e ações, isto é, em títulos de credito sobre a atividade econômica futura.” (pág. 489).
  • “Duas características marcam o capital-dinheiro de forma inerente. A primeira é a convicção de que os fundos em que se investe sob a forma de ativos negociáveis nos mercados financeiros, isto é, que coloca financeiramente, tem a “propriedade natural” de “produzir rendimentos”. (...) A segunda característica esta intimamente ligada á primeira, é o de ser portador daquilo a que se chama no jargão atual uma “abordagem patrimonial” que devolve em todo o detentor de ativos financeiros a propensão para manter um estoque de riquezas em vez de correr riscos para aumenta-lo. (...) a característica deste capital é de estar situado em locais e de ter horizontes de valorização distintos e muito afastados do local onde se desenvolvem as atividades de investimentos, de produção e de comercialização. (...) Esta caracterização permanece exata mesmo quando os representantes do capital-dinheiro rendeiro fazem parte de “comissões de auditoria” a partir das quais eles exercem o “governo de empresa”” (pág. 489-490).

Os traços originais do capital-dinheiro rendeiro contemporâneo

  • “Nos países mais centrais e mais poderosos do sistema-mundo do imperialismo, estes catam uma importante poupança salarial em beneficio dos mercados financeiros, A categoria do capital definido como rendimento por Marx, mas também mais tarde por Keynes (...) é hoje qualitivamente reforçada pela formação e crescimento destes fundos.” (pág. 490).
  • “Feitos reféns pelo capital financeiro, os antigos assalariados tornaram-se igualmente uma camada social que está, por agora, “objetivamente interessada” em que a taxa de exploração dos assalariados no trabalho seja a mais elevada possível. Lenin diria que o capital-dinheiro rendeiro tentou e conseguiu talvez parcialmente atrair uma parte da aristocracia trabalhadora para seu lado.” (pág. 491).

O capital industrial num contexto de acumulação predominantemente rendeira.

  • “Os grupos industriais foram os principais beneficiários da liberação dos investimentos e dos câmbios tão enaltecida pelos adeptos do capitalismo globalizado. (...) Utilizaram a liberação comercial simultaneamente para estabelecer as redes de aprovisionamento e de subcontratação onde os custos são mais baixos e para se entregar a uma concorrência desigual com as empresas com produtividade mais baixa dos países onde se força a abertura dos mercados.” (pág. 492).
  • “O ressurgimento do capital-dinheiro concentrado e o controle das alavancas do sistema capitalista mundial foram acompanhados de dois desenvolvimentos que tornam o trabalho de Lenin simultaneamente pertinente e referente a uma dupla atualização no plano das formas de interpretação que originam o “capital financeiro”. A primeira é a acentuação do processo designado com ajuda da expressão “financiamento crescente dos grupos industrial”. (...) O outro grande novo mecanismo de interpenetração é à entrada de fundos de investimento financeiro no capital e direção dos grupos.” (pág. 493).
  • “Não é apenas no processo de financiamento que os traços rendeiros de uma acumulação sob dominação financeira se manifestam nos grupos industriais. Muitos outros mecanismos vão ao mesmo sentido, e a sua força acentuou- se igualmente a favor da liberalização financeira e da globalização. (...) Por causa da concentração e centralização, acrescidas do capital resultante destas fusões, conheceu- se uma alta generalizada e quase continua do “grau monopólio”. Este, por sua vez, esta na origem de um crescimento considerável no “resultado bruto da empresa” dos grupos do elemento “ apropriação de frações de valor produzidas pela empresas mais pequena sou fracas na sua capacidade de negociação”” (pág. 493-494).
  •  “O crescimento “paradoxal” dos lucros e das capacidades de autofinanciamento dos grupos industriais, (...), assenta, pois igualmente nos mecanismos de captação do valor com origem no poder de monopólio que se acrescenta aos mecanismos ligados ao agravamento da exploração do trabalho por cada grupo industrial considerado separadamente. Mas ela está fundada de forma mais central sobre as modificações da relação entre capital e trabalho ou relação salarial, aspecto-chave da globalização nascida da liberação e do desregulamento” (pág. 494).
  • “Os deslocamentos, quer sobre a forma de investimento direto, quer sobre a forma de subcontratação internacional permitem aos grupos industriais utilizar as reservas mundiais de mão-de-obra indiferenciada, sem ter que fazê-la emigrar para as metrópoles, mas servindo-se dela também para iniciar o processo de alinhamento internacional dos salários pelos níveis mais baixos para a mão-de-obra especializada.” (pág. 494).

Os países sob dominação imperialista no seio de um sistema em contração

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