Análise de Eventos Extremos de Precipitação no Município de Rio Claro/SP

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INTRODUÇÃO

Eventos extremos: breve discussão conceitual

Os sistemas ambientais são altamente dinâmicos e apresentam uma variabilidade natural em seu ritmo, da qual fazem parte os eventos extremos, anômalos ou excepcionais. Os episódios de eventos extremos podem ser definidos estatisticamente como uma ocorrência que se distancia da média e que apresenta uma incidência mais rara, podendo ter graus diversos de magnitude (VICENTE, 2005).

Marandola Junior e Hogan (2004) também ressaltam que os eventos extremos rompem um ciclo ou um ritmo de ocorrência de fenômenos naturais, sejam estes geológicos, atmosféricos ou na interface destes. Contudo, não serão todos os terremotos ou furacões que serão considerados hazards, mas sim apenas aqueles eventos que estão em relação ou ocorrendo em áreas ocupadas pelo homem, gerando perdas, danos e colocando em perigo estas populações.

Os eventos climáticos extremos constituem as principais causas deflagradoras de catástrofes naturais que atingem o homem, na medida em que as sociedades desconsideram os ritmos e a variabilidade dos sistemas atmosférico, tomando como parâmetro apenas seu estado médio. Essas diretrizes refletem-se de maneira mais comum na organização do espaço urbano, onde as cidades estendem-se sobre bacias inundáveis e sobem os morros, aumentando fortemente a probabilidade de desastres relacionados aos fenômenos de tempo atmosférico (VICENTE, 2005).

Esses eventos adquirem especial significado em áreas densamente povoadas, como as regiões metropolitanas, que têm aumentado em número e dimensão no país, reproduzindo um modelo global de concentração de pessoas e atividades. Nesse sentido, o processo de expansão urbana propicia o aparecimento de comunidades de baixa renda, em áreas inadequadas à habitação, como faixas ao longo de cursos fluviais e encostas, e que possuem graves problemas em relação às condições sanitárias e infra-estrutura básica.

Dessa forma, as condições de vida da população destacam-se como uma importante variável nos estudos acerca dos eventos extremos, devido à vulnerabilidade socioambiental, a qual cada população é exposta. Assim sendo, vulnerabilidade socioambiental é descrita como a coexistência e interação de grupos populacionais muito pobres e áreas de risco ou degradação ambiental. A combinação destas duas variáveis é que define uma situação de vulnerabilidade socioambiental. Esta pode ser verificada, através do grau de exposição da população residente aos riscos e degradação ambientais existentes (ALVES, 2006).

 Os eventos mais usuais, nos casos de vulnerabilidade socioambiental, estão relacionados às enchentes e deslizamentos de terra, em áreas de encosta.

OBJETIVOS

O objetivo geral do presente trabalho foi analisar os eventos extremos de precipitação no Município de Rio Claro - São Paulo. Dentre os objetivos específicos, tem-se:

• Aplicação de questionários nos citadinos de Rio Claro visando analisar a percepção dos mesmos frente aos eventos extremos de tempo;
• Através da aplicação dos questionários, avaliar a ação do serviço público frente às ocorrências de extremos climáticos;
• Realização de Análise Rítmica para a determinação dos tipos de tempo responsáveis pelos eventos climáticos.

METODOLOGIA

Materiais

Para a realização da presente pesquisa, foram utilizados os seguinte materiais:

• Atlas Climatológico de Rio Claro (DG/IGCE/UNESP)
• Imagens de satélite (CPTEC/INPE)
• Banco de dados dos dias de ocorrência dos extremos climáticos (CEAPLA/IGCE/UNESP)
• Questionários aplicados na população (Anexo 1)
• Dados climáticos referente aos extremos climáticos (CPTEC/INPE)
• Software Office 2003

Métodos

A presente pesquisa foi realizada conforme a seguintes etapas:

1. Seleção das ocorrências de extremos climáticos no Atlas de climatologia de Rio Claro;
2. Coleta dos parâmetros climáticos no período em que ocorreram os eventos extremos junto ao Centro de Análise e Planejamento Ambiental (CEAPLA)
3. Coleta de Imagens de Satélite dos dias que ocorreram os eventos extremos junto ao Centro de Previsão de Tempo e estados Climáticos (CPTEC/INPE)
4. Localização, a partir do Atlas de Climatologia de Rio Claro, dos pontos de maior fragilidade ambiental e de maior ocorrência dos extremos climáticos;
5. Elaboração e aplicação dos questionários junto aos citadinos objetivando coletar informações que possibilitem verificar o risco e a vulnerabilidade da população quanto aos eventos extremos. Da mesma forma, a aplicação dos questionários teve também como objetivo analisar a percepção da população frente à ocorrência dos extremos assim como verificar as ações do poder público praticadas com relação à ocorrência de tais eventos;
6. Elaboração de gráfico de Análise rítmica visando estabelecer os tipos de tempo responsáveis pelos eventos extremos climáticos;
7. Análise das informações obtidas com a aplicação dos questionários
8. Discussão dos resultados
9. Considerações Finais

ESTUDO DE CASO

Caracterização do município de Rio Claro

A pesquisa se desenvolveu na cidade de Rio Claro - SP, considerada uma cidade de porte médio, localizada na porção centro-leste do estado de São Paulo. Distante 173 km da capital paulista, integra a região administrativa de Campinas, constituindo-se em importante pólo agro-industrial (sucro-alcooleiro) e cerâmico do Estado de São Paulo (Figura 1). O acesso a outras cidades é feito principalmente através das Rodovias Anhanguera (SP 330), Washington Luiz (SP 310) e Bandeirantes (SP 348) (VEDOVATO, 2006).

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