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Trabalho Geografia- A CIDADE E O URBANO

Por:   •  25/5/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  5.470 Palavras (22 Páginas)  •  901 Visualizações

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Geografia Urbana

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A cidade e o urbano: uma discussão necessária

Vivemos hoje uma organização social urbanizada, ou seja, parte significativa da população mundial vive em cidades. Elas representam o centro dinâmico da economia capitalista. O modo de vida urbano significa o moderno ante o rural e as novidades do mundo do consumo aparecem sempre antes nas cidades. Enfim, elas representam uma forma mais evoluída de organização da população no espaço e, por isso mesmo, atraem cada vez mais habitantes. O êxodo rural, fenômeno que se intensificou com a consolidação do capitalismo, com a Revolução Industrial na Europa a partir do século XVIII, é cada vez mais significativo e a China é hoje o país do mundo que mais retém trabalhadores no campo com a finalidade de evitar o movimento em direção às cidades. Não fosse esta política deliberada do governo chinês, os índices de urbanização no mundo seriam ainda maiores. O fato é que nos últimos três séculos, com maior ênfase para o século XX, observamos um intenso movimento de gente em direção às cidades atraída por um conjunto variado de motivações: emprego, asilo político, melhoria na qualidade de vida, perspectivas futuras, salários mais atrativos, possibilidades de consumo, entre outros. A concentração de grandes massas populacionais em centros urbanos levanta questões centrais para a geografia e seus estudos nesta área. O que é o urbano e o que é a cidade? Ambos são sinônimos ou definem fenômenos diferenciados? O urbano e a cidade são objetos de estudos da geografia? Comecemos pelas duas primeiras questões. O urbano e a cidade não são a mesma coisa, embora fenômenos intimamente inter-relacionados em sua existência. O que vemos concretamente na paisagem é a cidade, que possui uma materialidade, formas e organização próprias. O amontoado de prédios e construções, sistema viário imbricado, habitações de todas as formas e tamanhos, tráfego intenso de gente e veículos, fábricas em profusão, densa rede de lojas de comércio e prestação de serviços, dentre outros, são os aspectos visíveis daquele espaço que costumamos denominar como cidades. Mas esta estrutura mobiliária e imobiliária concentrada e densa representa apenas a forma física de um conjunto de processos que se desenvolvem junto a ela. É importante entender que a vida nas cidades é algo muito recente na história da humanidade. Durante longo tempo a vida no campo foi predominante em nossa organização social e somente nos últimos séculos é que a população passou a se concentrar mais nas cidades. Não podemos confundir a afirmação acima com o surgimento da cidade na história: ela é muito antiga e vamos estudar este assunto mais adiante. O que ora afirmamos é que se as cidades existem há muitos séculos, a sua condição atual foi obtida muito recentemente. Mas por que a concentração e o adensamento no espaço? É exatamente aqui que entra a questão urbana. Ela se constitui nas relações sociais que se desenvolvem e se materializam nas formas concretas da cidade. O urbano é a essência do processo; é fluido, imaterial, se processa nas relações estabelecidas no seio da sociedade. A cidade se coloca no plano da aparência. Ela é perceptível, concreta, material. Desta forma a cidade e o urbano não se definem como a mesma coisa, mas são elementos constitutivos do processo de urbanização que se desenvolve em esfera global. O que vemos no espaço geográfico como uma grande massa de concreto e cimento que acomoda milhares de pessoas, nem todos de forma salubre e digna, é o aspecto visível de uma sociedade que, num determinado momento de sua evolução histórica, necessitou aglomerar muitos trabalhadores em pontos de pequena extensão territorial que facilitassem a obtenção de mão de obra. Além disso, mão de obra assalariada concentrada também se constituiria em mercado consumidor para os produtos que agora passavam a ser produzidos em grandes quantidades, provocando uma redução significativa dos custos de produção. De maneira geral, o desenvolvimento do espaço urbano é um fenômeno que se constituiu como característica central do capitalismo em sua reprodução ampliada. O que veremos nas aulas seguintes terá como fio condutor as questões que ora levantamos e tem o propósito de levar o estudante a refletir sobre a cidade, o urbano e suas relações.

Cidade: o espaço do conflito

O processo civilizatório é o movimento que a sociedade realiza em direção a um determinado objetivo, o que não significa dizer que haja concordância de todos em relação a ele, muito ao contrário, normalmente este objetivo é determinado pelos interesses da classe dominante que tem o poder e os meios para o seu exercício. Na sociedade capitalista o fim maior de sua existência é a geração do lucro e sua apropriação pela classe dominante. Toda organização e funcionamento dos meios produtivos são balizados por esta lógica. Mas nem sempre foi assim. Em períodos históricos marcados pelo predomínio da escravidão, a utilização da força para a subjugação e a transformação das pessoas escravizadas em produtos comercializáveis, fazia parte de uma estrutura onde as elites comandavam os meios de poder (Estado, legislação e o poder divino). O espaço geográfico possuía uma divisão territorial do trabalho profundamente segregada, marcada por territórios de exclusiva mobilidade dos escravos e outros da elite dominante. Além disso, a estrutura fortemente hierarquizada e essencialmente verticalizada impedia a ascensão dos escravos para estratos de maior valor social. Os espaços do poder político eram demarcados pelos territórios de mobilidade das elites, que exerciam seu poder de modo absoluto e violento. A produção econômica, por sua vez, se apoiava no trabalho forçado. Com o passar do tempo as lutas sociais foram obtendo vitórias contra a exploração sem limites e pela conquista de direitos em todas as esferas, seja no campo da liberdade sexual, de comunicação e expressão, seja pela democracia ou pela luta por direitos humanos. O que se observa é que a cidade tem se constituído como espaço central do desenvolvimento destes embates e conflitos históricos, principalmente após a predominância do capitalismo como modo de produção hegemônico na sociedade. A complexidade com que a sociedade se organizou nas últimas décadas transformou as cidades em territórios eminentemente conflituosos. Não que as expressões das desigualdades apareçam apenas no meio urbano. No campo, talvez de forma até mais aguda do que na cidade, a desigualdade social se expressa em trabalho semi-escravo, infantil, trocado por alimentação etc. Mas a cidade é formada por grupos de afinidades dos mais variados que atuam em defesa de interesses corporativos, segmentados, localizados, dentre outros. Toda esta gama de interesses produz choques permanentes e de intensidade variada. A passeata de professores de escola pública em defesa de seus direitos ou por sua ampliação, pára o trânsito e faz barulho. Mas se não for desta maneira não alcança uma maior amplitude de diálogo com a sociedade com um todo. As famosas paradas gays, por exemplo, contam com o apoio incondicional daqueles que acreditam numa sociedade mais livre e desprovida de preconceito diante da preferência sexual, porém grupos religiosos conservadores elevam seu brado contra o atentado ao pudor, à família e aos bons costumes que elas provocam. A cidade é o epicentro desta movimentação toda e, com os avanços nas telecomunicações, os conflitos são online. A diversidade de interesses tornou-se uma marca central dos novos tempos e os conflitos inerentes a ela tem na cidade o seu centro preferencial de ocorrência.

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