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Uma ordem espacial: a economia política do território

Por:   •  8/3/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  14.948 Palavras (60 Páginas)  •  795 Visualizações

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1. Introdução

Quando falamos de ordem espacial, estamos nos referindo ao espaço explicado pelo seu uso. Cada momento da história tende a produzir sua ordem espacial, que se associa a uma ordem econômica e a uma ordem social. É necessário entender sua realidade a partir de forças que, frequentemente, não são visíveis a olho nu. Que seria essa ordem espacial? Como defini -la? Como encontrar as categorias de análise? Propomos definir o espaço como um conjunto indissociável de objetos e sistemas de ações. Trata-se de caracterizar uma situação na qual, em cada área, os objetos tendem a exercer certas junções e os respectivos processos são, em grande parte, submetidos ao papel regulador de instituições e empresas.

Uma ordem espacial: a economia política do território

2. As divisões de trabalho superpostas

o território, considerado como território usado, é objeto de divisões de trabalho superpostas. Desse modo, a expressão divisão territorial do trabalho acaba sendo um conceito plural. Pode-se considerar também que cada atividade ou cada empresa produz a sua própria divisão do trabalho. Podemos também considerar a existência de divisões do trabalho segundo lógicas escalares diversas, desde a local até a global, passando pela nacional. Simplificando, dir-se-á que certas atividades, ou empresas, ocupam o território a partir de lógicas globais, outras operam segundo lógicas que não ultrapassam as fronteira s nacionais, mas incluem vastas áreas do território, enquanto ainda outras, como as atividades do circuito inferior da economia , são limitadas a áreas menores, frequentemente intra-urbanas.

3. Um espaço corporativo, a privatização do território.

À medida que o território se torna fluido, as atividades econômicas modernas se difundem e uma cooperação entre as empresas se impõe, produzindo -se topologias de empresas de geometria variável, que cobrem vastas porções do território , unindo pontos distantes sob uma mesma lógica particularista. Os sistemas de engenharia que permitem esse relacionamento constituem recursos públicos, cujo uso privatista autoriza dizer que um novo processo ganha corpo da privatização do território. Ganha mais quem é mais forte. Na medida em que grandes empresas arrastam, na sua lógica, outras empresas, industriais, agrícolas e de serviços, e também influenciam fortemente o comportamento do poder público, indicando-lhes formas de ação subordinadas, não será exagero dizer que estamos diante de um verdadeiro comando da vida econômica e social e da dinâmica territorial por um número limitado de empresas. Sem dúvida, o território como um todo e as cidades em particular acolhem uma tipologia de atividades. Na medida em que essas firmas têm alcance global, preocupadas principalmente com parâmetros planetários, é como se o uso das condições territoriais indispensáveis pudesse permitir que se falasse de uma "exportação do território". No campo modernizado, a natureza ali presente é já uma natureza cientificamente conhecida, domada, codificada, comandada, sobre a qual, mediante as biotecnologias e o influxo do mercado, se impõe um calendário agrícola cada vez menos diretamente dependente das condições naturais e mais dependente do progresso técnico e das demandas do mercado. A atividade agrícola moderna, sob o comando técnico-científico de grandes empresas, põe à disposição da respectiva atividade as condições encontradas em cada lugar. Na verdade, porém, não se trata de uma atividade que permita falar de horizontalidades, já que as principais etapas do respectivo processo dependem exclusivamente dos interesses dessas grandes empresas. Por isso, nessas condições, é lícito referirmo-nos à existência de verdadeiros oligopólios territoriais.

4. A lógica territorial das empresas

Cada empresa, cada ramo da produção produz, paralelamente, uma lógica territorial. Como já vimos, esta é visível por meio do que se considerar uma topologia, isto é, a distribuição no território dos pontos de interesse para a operação dessa empresa. Esses pontos de interesse ultrapassam o âmbito da própria firma para se projetar sobre as empresas fornecedoras, ou compradoras, ou distribuidoras. Para cada uma delas, o território do seu interesse imediato é formado pelo conjunto dos pontos essenciais ao exercício de sua atividade, nos seus aspectos mais fortes. Todavia, a doutrina atual da economia internacional, no que se refere aos países subdesenvolvidos, considera o mercado interno praticamente "residual", de modo que a lógica do mercado global acaba interferindo fortemente sobre o mercado interno, ou, em outras palavras, conforme a este uma lógica global à qual se opõe fracamente uma lógica nacional, tanto mais débil quanto o Estado não se mostra interessado por ela.

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