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A FUGA DE ESCRAVOS

Por:   •  6/7/2017  •  Monografia  •  17.014 Palavras (69 Páginas)  •  215 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

“FUGA DE ESCRAVOS”:

Usos e apropriações de uma representação iconográfica nos livros didáticos de História para o Ensino Médio

Cristiana Santos Teixeira

Brasília – DF 2015


CRISTIANA SANTOS TEIXEIRA

“FUGA DE ESCRAVOS”:

Usos e apropriações de uma representação iconográfica nos livros didáticos de História para o Ensino Médio

Monografia apresentada ao Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília como requisito  parcial para a obtenção do grau de Bacharel  em História.

Orientadora: Profa. Dra. Susane R. de Oliveira

Brasília – DF 2015


RESUMO

O presente estudo tem por objetivo analisar, com base na teoria das representações sociais, os usos da imagem “Fuga de escravos” de Ângelo Agostini, sua função didática e o modo como ela se articula com os textos na construção/difusão de sentidos para a atuação dos/as negro/as no processo de abolição da escravatura no Brasil. Para tanto, localizamos a imagem em dois livros didáticos de História, destinados a estudantes do segundo ano do Ensino Médio, a saber: “Conexões com a História: da colonização da América ao século  XIX” (ALVES; OLIVEIRA, 2010) e “História: das cavernas ao terceiro milênio” (BRAICK; MOTA; 2013). Este estudo pretende ainda verificar se essas obras, incluídas no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que distribui gratuitamente livros didáticos para a rede pública de ensino do país, estão em consonância com os critérios de avaliação do programa no que diz respeito às imagens, e se promovem adequadamente a implementação da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na Educação Básica.

PALAVRAS-CHAVE: ensino de história; representação; abolição; escravidão, negros/as; imagem; livro didático.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO        5

CAPÍTULO 1

IMAGENS, REPRESENTAÇÕES E LIVROS DIDÁTICOS        8

  1. A POPULAÇÃO NEGRA NOS LIVROS DIDÁTICOS        9
  2. A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA DAS IMAGENS NOS LIVROS DIDÁTICOS        17

CAPÍTULO 2

A IMAGEM “FUGA DE ESCRAVOS” NOS LIVROS DIDÁTICOS        23

  1. IMAGENS DA POPULAÇÃO NEGRA        23
  2. AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DA IMAGEM        27
  3. A IMAGEM NO CONJUNTO DO TEXTO DIDÁTICO        31

CONSIDERAÇÕES FINAIS        47

ANEXOS        51


INTRODUÇÃO

É sabido que o livro didático é um dos recursos pedagógicos mais utilizados pelos docentes no exercício de seu ofício em sala de aula (ORIÁ, 2014: 155; BITTENCOURT, 2004: 72-73). Enquanto repositório de conteúdos curriculares, estes livros permitem também  o acesso a uma variedade de fontes e linguagens históricas que contribuem no ensino de história. Dentre elas, as fontes imagéticas (charges, caricaturas, desenhos,  pinturas, fotografias, esculturas, xilogravuras, mapas, filmes, histórias em quadrinhos, anúncios de publicidades, etc.) produzidas em diferentes tempos e espaços, ganham destaque e chamam atenção de estudantes e professores. No entanto, as formas de inserção e abordagem destas imagens nos livros didáticos ainda são bastante problemáticas e geram a necessidade de estudos e pesquisas em torno de seus usos didáticos. Isso, porque como nos lembra Choppin (2004), o livro didático pode assumir diferentes funções entre elas a ideológica. Por meio de textos e imagens esses livros informam valores, crenças e outras representações que podem influenciar a percepção dos/as estudantes sobre si e os outros.

A introdução de imagens nos livros didáticos não é algo inovador, pois há mais de um século estão presentes nos livros didáticos de história como instrumentos fundamentais nos processo de ensino-aprendizagem da história e exploradas em pesquisas na área ensino de história. Já a inclusão da iconografia como objeto de pesquisa historiográfica remonta há muito mais tempo (BURKE, 2004: 13), em estudos que revelam uma variedade  de  abordagens e perspectivas.

Desde a implementação de políticas públicas educacionais, como a do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que distribuem gratuitamente exemplares didáticos aos estudantes da rede pública de ensino, observa-se um aumento significativo no número de investigações voltadas para os conteúdos, métodos, condições de produção e saberes docentes em torno destes materiais. Boa parte destas investigações destaca a importância das fontes iconográficas e da necessidade de análises críticas em torno da inserção e relação dessas fontes com os textos escritos e atividades pedagógicas que as acompanham dentro dos livros didáticos. É o caso dos trabalhos desenvolvidos por Costa (2006), Zamboni e Terrazzan (2012).

Analisar as fontes iconográficas nos livros didáticos implica em considerar os seus sentidos, significados  e  finalidades para  a época/lugar  de sua  produção  e circulação. Nessa


perspectiva, as imagens que constam nos livros didáticos devem ser interpretadas e abordadas criticamente enquanto fontes históricas e não como meras ilustrações que espelham a realidade. Além disso, as mudanças processadas nas últimas décadas em prol da inclusão da história dos afro-brasileiros nos livros didáticos, a partir da publicação das Leis 10.639/03 e 11.645/081, nos colocam também a necessidade de uma revisão das imagens que caracterizam os/as negros/as na sociedade brasileira. Este movimento nos coloca também a necessidade  de

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