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A Guerra Civil: 1642 - 1648

Trabalho Escolar: A Guerra Civil: 1642 - 1648. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  13/8/2013  •  1.701 Palavras (7 Páginas)  •  1.030 Visualizações

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Do ponto de vista religioso é bastante evidente e nítida a divisão que separou os ingleses, durante a guerra civil, entre partidários da causa realista e da causa parlamentar. Praticamente todos os anglicanos e católicos ficaram do lado da monarquia e todos os puritanos moderados (presbiterianos) e radicais (as seitas) do lado do Parlamento. Do ponto de vista social a divisão apresenta-se obscura e complicada. Porque os integrantes de um e de outro bando pertenciam basicamente às mesmas classes sociais, a gentry, à alta nobreza (aristocracia) e à burguesia e todas as três eram classes proprietárias, economicamente dominantes. As classes exploradas, ou ficaram fora do conflito, ou, quando dele participaram, ao lado do Parlamento, estiveram longe de representar o mesmo papel dos sansculottes na revolução francesa. E também a controvérsia que opõe os historiadores não marxistas da revolução inglesa aos marxistas. Os primeiros negam (ao contrário dos segundos) que a guerra civil tenha tido um caráter de luta de classes. Para eles a guerra civil foi um conflito basicamente de natureza política (constitucional) e religiosa (ideológica) entre as mesmas classes dominantes. As regiões e os homens ainda predominantemente feudais estavam com o rei e aquelas regiões em que o capitalismo predominava estavam com o Parlamento.

"Não se podem encontrar divisões sociais fundamentais numa Assembléia tradicional como a Câmara dos Comuns, destinada a representar a classe proprietária e escolhida segundo um sistema eleitoral que não mudava há dois séculos. As verdadeiras divisões existiam fora do Parlamento e sua natureza social é difícil de ser negada. As regiões partidárias do Parlamento eram o Sul e o Leste, economicamente avançadas; a força dos realistas residia no Norte e no Oeste, ainda semifeudais. Todas as grandes cidades eram ‘parlamentares’; freqüentemente, contudo, suas oligarquias privilegiadas sustentaram o rei... Só uma ou duas cidades episcopais, Oxford e Chester, eram realistas. Os portos eram todos pelo Parlamento... A marinha manteve-se solidamente do lado parlamentar... A mesma divisão encontramos no interior dos condados... os setores industriais eram pelo Parlamento, mas os agrícolas pelo rei". (Christopher Hill)

Na guerra, a relação de forças era substancialmente favorável à causa parlamentar, dada sua superioridade de recursos econômicos, humanos e estratégicos (marinha e portos). Mas até 1644-45 as forças parlamentares não souberam explorar esta superioridade, pois procuraram enfrentar os realistas utilizando-se apenas das milícias tradicionais dos condados e seus respectivos aparelhos financeiros e administrativos. Por isso, a iniciativa das ações esteve com os realistas, os quais não conseguiriam, contudo, obter nenhuma vitória decisiva.

Do lado das forças parlamentares, durante a guerra, formaram-se dois partidos, os dos Independentes e o dos Presbiterianos. Esta divisão era ao mesmo tempo de natureza religiosa e política. Por detrás destas divergências religiosas e políticas entre presbiterianos e independentes manifestavam-se diferenças sociais acentuadas.

Para enfrentar os realistas, presbiterianos e independentes procuraram a aliança com os escoceses do Covernant, cujo exército era poderoso. O partido presbiteriano inglês estava pronto a aceitar o preço da ajuda escocesa: estabelecimento de uma Igreja oficial idêntica à escocesa. Quando em 1644 o exército do Parlamento, ajudado pelo rei da Escócia, derrotou os realistas, na batalha de Maston Moor, mudando o curso da guerra em favor do Parlamento, quem desempenhou um papel decisivo na luta foi a cavalaria dos Independentes, liderada pelo deputado Oliver Cromwell. O exército chefiado por Cromwell tinha uma estrutura revolucionária e democrática. Isto porque, de um lado, seus membros, todos voluntários, eram recrutados principalmente entre os pequenos e médios proprietários rurais de tendências puritanas radicais e, de outro, o critério de promoção se baseava no mérito, no talento e eficiência militar dos soldados. Cromwell estimulava as discussões religiosas entre os soldados a fim de que todos tivessem "as raízes da questão"; "prefiro ter um capitão simples e rústico, que saiba por que luta e ame aquilo que sabe, do que um daqueles a quem chamais gentil – homem e que não passa disso".

Este novo exército, New Model Army, era visto com desconfiança pelo partido presbiteriano, cujos chefes militares eram escolhidos dentro do Parlamento por critérios aristocráticos. Os presbiterianos temiam o avanço democrático, e, sempre buscando um compromisso com o rei, não tinham pressa em ganhar a guerra. Ou melhor, não desejavam uma vitória absoluta, não queriam levar a guerra até suas últimas conseqüências. Durante todo o curso da guerra, até a execução do rei em 1649, os presbiterianos procuraram incessantemente um compromisso com o rei.

Mas os primeiros sucessos militares do New Model Army, imbatível no campo de batalha, e a própria lógica dos acontecimentos que exigiam uma definição da luta forçaram os resultados: "chegou à hora de falar, ou de calar a boca para sempre", disse Cromwell ao Parlamento. Em 1645, o Parlamento aprovou o Ato de Abnegação pelo qual renunciava ao comando do exército, entregando-o aos militares, aos generais. Sob a pressão dos acontecimentos, também o velho sistema estatal foi parcialmente destruído e modificado.

Graças a estas medidas, militares e políticas, impostas pelo partido Independente, "da guerra até a vitória" o exército realista foi definitivamente derrotado em 1645 na batalha de Naseby.

Com a vitória militar sobre os realistas criava-se uma nova situação política: de um lado, saía de cena o perigo representado pelo Absolutismo, e, de outro, entrava em seu lugar uma nova força: o New Model Army e em sua esteira um novo partido, os niveladores (Levellers), partido democrático que se formou em Londres em 1646. A derrota do inimigo comum acirrou, entre presbiteriano e independentes, a luta pelo poder. Enquanto os primeiros continuavam a controlar o Parlamento onde tinham maioria, os segundos tinham o controle do exército. Estes dois poderes coexistiam como poderes rivais. Os presbiterianos, visando assumir o controle da situação, entraram em negociações com o rei prisioneiro (Carlos I tinha-se rendido em 1646 aos escoceses, que o negociaram com o Parlamento). Para se livrarem do exército, insuflado pelos niveladores, que tinham penetrado em sua fileiras, amotinou-se, recusando-se a se desmobilizar e partir para a Irlanda. "Conduzidos pela cavalaria formada pelos pequenos proprietários rurais, os soldados rasos organizaram-se, nomearam-se deputados de cada

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