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A História da Morte no Ocidente - Mirna Galesco Resumo e Comentário

Resenha: A História da Morte no Ocidente - Mirna Galesco Resumo e Comentário. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  14/4/2014  •  Resenha  •  2.007 Palavras (9 Páginas)  •  391 Visualizações

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A História da Morte no Ocidente - Mirna Galesco Resumo e Comentário:-

"Podes comer de todas as árvores do jardim; mas não comas da árvore da ciência do bem e do mal;

porque no dia em que dela comeres, morrerás indubitávelmente."

(Bíblia; Gênesis 2:16)

Introdução

Uma simples observação e a mentalidade primitiva percebeu a presença da morte no mundo. Ao prestar atenção a este evento natural e corriqueiro na existência de todos os seres, abriu-se para a humanidade a percepção de outra dimensão, agora como mortais. Uma percepção de uma realidade irreversível e inerente à vida. Mas o que surgiu primeiro, a percepção da morte ou da vida?

Algumas perguntas como esta deram origem a um estudo mais detalhado de como as sociedades têm lidado com a morte, fenômeno que sempre esteve presente em suas histórias, e que em algum momento, começa a ser observado. Um assunto extenso, que o autor Philpp Ariès trata em seu livro "História da Morte no Ocidente" sob o ponto de vista histórico e sociológico. Ariès faz uma análise das atitudes diante da morte, desde a morte domada, na Idade Média onde as pessoas tinham uma postura religiosa, até a morte interdita ou selvagem, como em nossos dias, onde há a total negação por parte da sociedade. As pesquisas do autor falam sobre o conceito da morte caminhando pelo tempo, ignorando sua passagem e não fazendo distinção entre ricos ou pobres, velhos, jovens ou crianças. Ela vem a qualquer tempo e para todos.

I - A Morte domada:

Na Idade Média, século XII, a relação com a morte se dava de maneira natural, familiar e sem questionamentos. As pessoas estavam em tal sincronia com os ciclos naturais da vida que, pressentiam e sentiam o momento derradeiro que se aproximava, através de sinais físicos específicos, e se preparavam para ele conforme os orientavam as liturgias. Havia toda uma formalidade ritualística para tal momento. Durante muitos séculos, essa percepção da morte perdurou entre as civilizações cristãs do Ocidente.

O ritual consistia em gestos herdados dos costumes ancestrais, o que dava àquele tempo uma maior consistência e uma percepção quase estática da realidade. O moribundo no leito, rodeado por seus parentes e amigos, cumpria assim as formalidades: o lamento da vida, o pedido de perdão aos companheiros, a prece declarando a própria culpa a Deus e recomendando sua alma aos céus, recebia a absolvição ministrada pelos sacerdotes, rezava a última prece e a aguardava pela morte em silêncio. E assim, numa cerimônia pública com todos os presentes, inclusive as crianças, aguardava-se a morte, de forma simples e sem caráter dramático.

Os enterros se davam fora das cidades, e a crença geral era de que os mortos dormiam aguardando o Juízo Final, porém separados em outro espaço. Não havia uma preocupação com o corpo, pagãos e cristãos eram enterrados juntos. O culto aos mártires de origem africana inspirou o culto aos santos e suas igrejas. Cemitério e templo passam então a significar a mesma coisa, mas isto não se restringia só à construção e sim a todo espaço em volta, atenuando assim as repulsas, pois o túmulo do santo seria o centro de um templo.

"A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais." Epicuro

II - A Morte de si mesmo

Com a percepção da separação de si mesmo e do outro causada pela morte (século XIII), as desconfianças se tornam preocupações individuais e levam estes indivíduos da Idade Média a uma tentativa de racionalização e de ordenação das coisas de seu mundo. Passam então a deixar suas ordens escritas e gravadas para que não sejam esquecidas.

Os homens numa tentativa imperceptível (para eles) de eternização, imortalizam também os santos de sua devoção, apegando-se à crença que depois da morte eles passam a viver na dimensão divina, ao lado de Deus, interagindo com os humanos. Nada muito diferente dos antigos cultos pagãos e suas divindades, porém os santos tinham seu lugar especifico, num templo, num altar. E então, pagãos e cristãos começam a ser separados após a morte, pois agora aquele que pertence à Igreja passa a ser enterrado no mesmo espaço que o santo, participando assim, numa fusão quase biológica, de sua santidade. Aqueles que pertenciam à Igreja eram aqueles que freqüentavam o templo, cumpriam os dogmas e sacramentos, contribuíam com as obras e podiam pagar por seus enterros. Seus ossos, depois de um tempo, iam para um ossuário ou viravam objetos de adorno, continuando ainda dentro dos limites do espaço sagrado. Os pagãos e os pobres continuavam a ser enterrados em outro lugar.

A convivência entre a Morte e os vivos chega a tal ponto que o espaço denominado cemitério, que se referia à parte externa da igreja, passa a ser ponto de concentração de comerciantes, artistas, jogadores que se reuniam para negociar e se divertir. Em 1231, o concílio de Rowen proíbe as manifestações culturais nos limites do templo. Em 1657, surge um texto referindo-se ao constrangimento quanto à coexistência de sepulturas e leviandades, e no final do século XVII os sinais da intolerância se tornaram mais evidentes.

No inicio dos séculos XV e XVI, as maneiras de bem morrer estão associadas a uma biografia individual, a tomada da consciência de si mesmo. Acredita-se poder viver da maneira como se quiser, desde que se morra corretamente. A representação do Juízo se dá no quarto do moribundo, seguida de duas interpretações: a grande reunião da Luz e das Trevas se dá na cabeceira do leito, numa luta cósmica pela posse da alma, à qual quem vai morrer apenas assiste, sem participar; e na segunda interpretação, o enfermo é submetido a uma última prova, que se bem sucedida, garantia a salvação do individuo. Na segunda metade do século XVIII, as cláusulas piedosas desaparecem dos testamentos e estes são reduzidos ao que conhecemos hoje. A morte só diz respeito a si mesmo, e cabe a cada um, através de seus feitos, preservar sua memória após a morte. Com a laicização do testamento inicia-se a dessacralização do tempo. Separa-se o prático do sensível.

III ? A Morte do outro

O culto as sepulturas e cemitérios se tornam mais intenso a partir dos séculos XIX e XX. Surge uma associação entre o sexo e a morte. O sexo que era um tabu até então, mas surge agora nas

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