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A Importância de Barra Bonita para o desenvolvimento econômico do Centro-Oeste Paulista

Por:   •  29/11/2017  •  Artigo  •  4.652 Palavras (19 Páginas)  •  360 Visualizações

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A importância de Barra Bonita para o desenvolvimento econômico do Centro-Oeste Paulista

Paulo Sérgio Rossato Junior[1]

Resumo

O presente artigo tem como finalidade deixar gravada a história de um povo não apenas pela sua rica história local, mas também toda sua importância para o desenvolvimento da região no qual pertence, tendo uma pesquisa baseada em livros e registros da época, onde construções e tradições que aqui representam um marco para a história. Diante de uma vasta pesquisa histórica, poderemos perceber a grandeza que a cidade se apresenta e como foi totalmente influente para o crescimento a cidades ao seu redor.

Palavras-Chave: Barra Bonita; Desenvolvimento; Campos Salles.  

Introdução

Quando o saudoso cantor e compositor Barra Bonitense Belmonte, criador do célebre clássico sertanejo “Saudade da Minha terra” dizia em um dos trechos da canção: “De que me adianta viver na cidade, se a felicidade não me acompanhar”, certamente estava pensando de seus tempos de cidade natal, lembrando seu inicio de trajetória nas tardes de pôr do sol sob a ponte Campos Salles, patrimônio histórico este de 102 anos, tombado pelo Condephaat. Construção esta que leva o nome do ex-Presidente da República Dr. Manoel Ferraz de Campos Salles e hoje se tornou cartão postal da cidade. Na época, fruto de interesses econômicos, Barra bonita era intensa rota de comércio, uma vez que a produção de café para compradores dos Estados Unidos e Europa era intensa, assim necessitava de uma travessia de uma margem à outra do saudoso Rio Tietê, uma vez que o transporte via fluvial por meio de balsas e embarcações já não suportava a grandeza da produção barra bonitense. A obra de construção da ponte Campos Salles se tornou cara para os padrões da época, embora o retorno era quase certo e ela encurtaria significativamente o trajeto das sacas de café rio abaixo. Apenas com a construção da ponte, várias cidades ao redor foram beneficiadas como por exemplo Botucatu, uma vez que o trajeto via ponte encurtara o destino de produtos locais até a Estrada de Ferro Sorocabana localizada na mesma cidade. Também passava por São Manoel, que ficava do outro lado da margem do rio. Mas Barra Bonita, também possibilitou o surgimento de novas cidades, como Igaraçu do Tietê, que só conseguiu emancipação política e administrativa, muito graças ao reflexo da construção da Ponte Campos Salles e ao contexto de desenvolvimento econômico que a travessia de mercadorias proporcionava.

O começo de uma esplendorosa História

Mesmo sendo fundada em apenas 1883, Barra Bonita já crescia substancialmente graças a lavoura do café, grão este, que acabara sendo um dos principais responsáveis pela formação de novas comunidades após a febre do ouro chegar ao fim junto com o ciclo dos bandeirantes no estado de São Paulo. Na região de Jaú, o crescimento era gigantesco, muito se deve a fatores como a ótima fertilidade do solo e a facilidade de escoamento mercantil via fluvial na região através do Rio Tietê no porto de Barra Bonita. Diante desse enorme potencial agrícola que a região de Barra bonita possuía, não demorou para que grandes fazendeiros e proprietários se interessassem pelo investimento, uma vez que facilmente teriam retorno financeiro. Assim, esses grandes investidores iniciaram essa nova zona agrícola, mesmo que tenham promovidos enormes derrubadas das matas locais para plantio de café, utilizando para tal serviço de plantação mão de obra imigrante européia, com destaque aos italianos.

Assim, José de Salles Leme, Domingos da Costa Salles e Dr. Manoel Ferraz de Campos Salles - este grande Líder Republicano, que mais tarde tornara Presidente da República - se unem em uma sociedade agrícola denominada Ferraz, Salles & Cia adquirem uma parte de um território na região, conforme consta da Escritura lavrada no Livro 6, fls. 38 vº a 40 do Primeiro Cartório de Notas de Jahu.

No porto de Barra Bonita, o movimento era bem volumoso, existia ali na beira do esplêndido Tietê, um barracão de madeira que auxiliava no embarque e desembarque do café, assim como os passageiros que viajavam nos barcos a vapores.

Ainda na condição de vila, e com a intensidade cada vez maior de café produzido em toda região de Jaú, comboios de carregamentos permaneciam no local para necessário descanso, uma vez que viagens até o porto duravam em muitas vezes, até meio dia de jornada, quem chegava de viagem, assim como o pessoal da navegação precisavam descansar. Devido a este fato, casas de repouso bem simples e moradias bem precárias foram sendo construídas ao redor do barracão de madeira da Navegação Fluvial Ytuana, iniciando-se a povoação do local. Com o sucesso inicial da plantação, surgiram novos entusiastas do café, grandes extensões eram loteadas e vendidas para pessoas como, Salvador de Toledo Piza, o que contribuiu ainda mais para o crescimento da região. Diante deste maciço desenvolvimento da comunidade barra bonitense, líderes e locais iniciaram um movimento de criação do município, contando sempre com toda importância política de seu maior representante, pioneiro e proprietário de terras, claro, Dr. Manoel Ferraz de Campos Salles, cujo já fora presidente da república em – de 1898 até 1902 - . Já no começo do século XX, mais precisamente em 1904, o próprio Dr. Campos Salles, desfrutando de total prestígio político na época, solicitou apoio ao Senador Lacerda Franco para apoiá-lo na causa de Barra Bonita, documento este datado em 29 de maio de 1904, onde menciona:

 “A minha fazenda esta comprehendida no Districto de Barra Bonita, à meia légua da povoação. Tenho por isso muito interesse pelo seu desenvolvimento. Trata-se de crear um novo município, desmembrando-se o seu território de Jahú. A representação será apresentada ao Congresso com os dados e esclarecimentos que justificam a pretensão. Acho-a justíssima pela população e pelos recursos que possue, além do que já tem um núcleo de habitação e seu commercio muito mais importante do que o de muitas velhas ou cidades que servem de cabeça de comarca. Desejo que v. tome sob seu patrocínio a causa dos habitantes de Barra Bonita, favorecendo a sua passagem desde a Câmara até o Senado.”

Embora, Campos Salles não houvesse medido esforços junto a emancipação de Barra Bonita, não ocorrera resultados imediatos, talvez pelo motivo de não reunir totais condições para emancipação, mas o que se nota é o claro e rápido crescimento que a  então vila Barra Bonita apresenta comparada ao restante das comarcas da região, visão esta, detalhada na mesma carta escrita por Campos Salles onde o mesmo cita: “Acho-a justíssima pela população e pelos recursos que possue, alem do que já tem um núcleo de habitação e seu commércio muito mais importantes do que o de muitas velhas ou cidades que servem de cabeça de comarca.”  A luta pela emancipação apenas chegou ao fim anos         depois, em 1912, no dia 14 de dezembro, através da lei n° 1338[2], no que talvez seja uma das maiores conquistas da até então curta história dos moradores,  O grande festejo teve acontecimento no dia 21 do mesmo mês e teve cobertura do jornal "O Commercio do Jahú"[3], onde o mesmo  citava as grandes aglomerações em torno das bandas de músicas, entusiastas aclamações ao então presidente do Estado de São Paulo, o Coronel Dr. Rodrigues Alves e ao Dr. Campos Salles. Assim, ao encerramento de 1912, também se fechava a gloriosa vitória dos barra-bonitenses.

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