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A PERCEPÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO

Por:   •  21/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  5.363 Palavras (22 Páginas)  •  383 Visualizações

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[pic 1]PERCEPÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO

Profa. Dra. Paula da Cruz Landim

UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Este trabalho refere-se a relação entre a percepção do espaço urbano e a preservação do patrimônio arquitetônico, considerando esta arquitetura como estruturadora da paisagem urbana.

Percepção urbana, patrimônio arquitetônico, preservação do patrimônio arquitetônico

1. Introdução

        Este trabalho refere-se a relação entre a percepção do espaço urbano e a preservação do patrimônio arquitetônico, seja ele qual for, considerando esta arquitetura como estruturadora da paisagem urbana. Acreditamos que qualquer projeto de preservação, além de considerar os valores próprios de cada construção, ligados às suas características formais, estéticas, documentais e arquitetônicas, para ser bem sucedido, deverá considerar também a percepção do cidadão em relação às construções. Assim, poderemos preservar este patrimônio não apenas no seu aspecto documental, mas também como estruturador de um espaço, conferindo legibilidade a um ambiente urbano.

        Uma política de proteção do bem cultural tem como objetivo principal a preservação da identidade cultural. Supõe-se que esta política deva respeitar, além dos valores históricos, culturais e estéticos, também os ambientes e as características que compõem a consciência coletiva da comunidade.

        O desrespeito a estes aspectos tem provocado o crescimento desenfreado das cidades, com altos custos para a paisagem urbana e a arquitetura. Como conseqüência, temos um processo de massificação que destrói a cultura popular e compromete o equilíbrio emocional da população, no momento que esta perde seus referenciais urbanos em espaços de tempo curto demais para uma assimilação saudável das mudanças ocorridas.

        A necessidade de identificação do entorno tem sido colocada como elemento vital para a sobrevivência urbana. O problema da percepção da cidade, do meio ambiente urbano, surge numa época em que a renovação urbana é intensa, profunda e acentuada, justificando uma preocupação com os aspectos visuais da cidade.

        A expansão rápida das cidades, a exemplo do que ocorre em nossas cidades de médio e grande porte, principalmente a partir da década de cinqüenta, ocasionou um rompimento da individualidade, e conseqüentemente, a destruição do Patrimônio Arquitetônico destas cidades. Esta destruição acarretou sérios problemas, pois este patrimônio nada mais é senão aquele espaço que percebemos cotidianamente, repleto de construções representativas de outros momentos e/ou contextos sociais, históricos, culturais e até mesmo políticos.

        O reconhecimento destas edificações, representativas da história urbana, nos percursos de nosso cotidiano, é que fazem o elo de ligação entre o cidadão e sua cidade, fazendo com que o espaço urbano assuma uma conotação de LUGAR.

        Geralmente percebemos nossa cidade não como um todo, mas de uma maneira fragmentada, ou seja, percebemos partes dela, como os bairros em que trabalhamos ou moramos, ou ainda os percursos de nosso cotidiano: o caminho que percorremos até nosso local de trabalho, ou para irmos ao mercado, ao banco, ou deixar as crianças na escola. Todos nossos sentidos estão envolvidos nesta percepção, e a imagem resultante está repleta de lembranças e significados.

        Porém a cidade não é apenas para ser percebida pelas mais variadas pessoas que a habitam, das mais diversas classes sociais e personalidades, e com os mais diversos interesses. A cidade também deve ser legível. E o que confere legibilidade a uma cidade? O que a transforma num LUGAR para seus cidadãos? A resposta está nas construções e logradouros que estruturam o ambiente urbano. Estas construções que identificamos diariamente, atribuindo significados aos marcos deste sítio urbano, como as casas, as praças, ou bares e cafés.

        E é através da identificação diária deste espaço edificado que nós nos orientamos dentro de nossas cidades. Através da verificação dos marcos urbanos é que criamos referências que fazem com que não nos sintamos perdidos, os quais nos orientam. A verificação destes marcos urbanos não é fruto só de nossa percepção imediata, mas também de nossa percepção passada, de nossa memória, de nossa inteligência, estando portanto diretamente ligada ao que denominamos Patrimônio Arquitetônico.

2. Percepção e Cidade

        Qualquer interpretação sobre o espaço deve considerar a ação cognitiva sobre o mesmo, e também a percepção, e a visão. Lembremos que a percepção compreende, além da visão, ainda os demais órgãos dos sentidos, tais como tato, olfato, audição, cinestesia, e de resto, todo o organismo. Dessa forma, apesar da visão ser predominante na percepção espacial, cheiros e sons, sensações de calor e frio, também colaboram com a visão na percepção do espaço.

        Este conjunto de idéias, referentes à percepção do espaço, tem se refletido no estudo do espaço urbano pela arquitetura, mais especificamente no desenho urbano, onde duas noções são levadas em consideração: a percepção do meio ambiente, entendida como o processo pelo qual as pessoas atribuem significado ao meio ambiente e a percepção do ambiente urbano, como a assimilação de um esquema perceptivo da paisagem urbana.

        Através deste tipo de análise é que se começou a considerar a percepção como importante elemento mediador entre o Homem e seu ambiente urbano. Os estudos baseiam-se principalmente na observação da realidade, utilizando-se de técnicas fornecidas pela Psicologia, e trabalhando com grupos e espaços bem definidos.

        Assim pois, todo espaço edificado é identificado por determinadas características que compõem sua particularidade, transformando-o num LUGAR para aquela comunidade que o habita. Estas características são resultado do domínio e da utilização —por parte dos habitantes— dos elementos naturais, tais como clima e topografia, de acordo com suas necessidades, por exemplo, moradia, circulação, lazer, e trabalho, e ainda também resultado de sua cultura.

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