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A Resposta de Mestrado

Por:   •  25/11/2019  •  Resenha  •  2.170 Palavras (9 Páginas)  •  126 Visualizações

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KOSELLECK

O historiador alemão Reinhart Koselleck (1923-2006) buscou estabelecer os paradigmas referentes ao processo de temporalização da História e do seu consequente aceleramento com o advento da modernidade. Koselleck utilizava a análise das mudanças ocorridas no conteúdo e na utilização dos conceitos no decorrer da História, ressaltando como o tempo histórico é suscetível às transformações.

Partindo dessas premissas, o pensador alemão aborda regimes de historicidade essenciais para compreender os rumos tomados pela História, principalmente após os anos 70. Koselleck apontou, primeiramente, um pensamento histórico muito intrínseco ao pensamento cristão, o qual enxergava o futuro como o fim, dentro da perspectiva apocalíptica da igreja. Igualmente importante foi a definição de um pensamento histórico que enxergava na História o seu caráter exemplar, o que Cícero veio a definir como Magistra Vitae.

A ideia de modernidade é o que move o historiador para uma nova percepção do tempo, afetando diretamente a relação entre o presente e o passado. A dicotomia entre experiência e expectativa sofre um progressivo afastamento com a modernidade, ocorrendo a “emancipação” do futuro em relação ao passado.

Para ele, os conceitos de revolução e história são os que melhor explicam esses fatos, tomando como exemplo historie (que vai do relato ao fato em si – Geschitchte) e Revolução (que vai de um movimento circular a uma nova organização que não retornará mais a sua origem). Com a modernidade, a História Magistra Vitae também é suplantada, entrando nos rumos do progresso onde o futuro torna-se a base e, por conta da aceleração, encontra-se cada vez mais afastado. Segundo Tocqueville: Desde que o passado deixou de lançar luz sobre o futuro, o espírito humano erra nas trevas.

HARTOG-ROUSSO-TEMPO PRESENTE-MEMÓRIA

Para o pensador francês François Hartog (1946), a História desde o século XIX promovia uma mediação entre o passado e o presente, visando principalmente a consolidação do Estado nação e tendo um grande foco na História política, que desconsiderava o recorte contemporâneo. Por muito tempo, a ideia de que o historiador deveria estudar o passado dos mortos foi o que motivou o enfoque em períodos antigos e medievais.

Hartog também classifica o tempo como ator no regime moderno de historicidade e, diferente da história exemplar, é o futuro quem ilumina o passado; é uma história futuro-centrada, onde progresso e revolução caminham lado a lado. Segundo o autor, casos distintos são observados, demonstrando a espessura desse processo, como a crise do historicismo na Alemanha – pautada numa critica ao tempo linear e tendo a revolução como salvação do abismo – e a revolução conservadora, que para Hartog representa uma dupla desorientação – recorre ao passado para evitar o futuro.

A ruptura e a aceleração da modernidade trazidas pela Revolução francesa transformaram de vez a História. A entrada no tempo moderno – que se difere do período histórico – trouxe consigo variações e possibilidades no campo histórico. Algo que será elevado principalmente após as catástrofes apontadas por Henry Rousso, as quais define como marcos para um novo regime de historicidade. Os traumas da guerra, juntamente com o presenteísmo apontado aqui, exaltam uma necessidade de mudança nas metodologias históricas, algo que ainda sofria fortes reticências.

 Com o surgimento da Escola dos Annales, observou-se uma preocupação em construir uma História total, transferindo o foco de uma corrente política para uma percepção econômica-social da História. Ainda assim, permaneceu uma análise anti-subjetivista e anti-individualista, que não abriram espaços para os debates vindouros sobre Tempo presente, memória, História pública e oral. Tinha-se uma concepção de sujeito coletivo, onde suas vontades individuais eram relegadas, enquanto a estruturas objetivas da sociedade era o econômico-social; o mental e o cultural eram representações do ser social.

Fernand Braudel e Lucien Febvre, por exemplo, ainda estavam muito embebidos numa concepção estruturalista, lenta e macro da História. Estudos sobre civilizações e longa duração já não davam conta das necessidades vividas principalmente no pós-segunda guerra (1945). Temas como o pós-colonialismo, guerras de independência e as consequências do Holocausto -memória e testemunho- inundaram o contexto teórico.

Os rumos seguidos pela chamada Nova História Cultural foram determinantes para o prosseguimento e o trabalho com as novas demandas teórico-metodológicas. A chamada virada cultural, ocorrida nos anos 80, toma a cultura como ponto de interesse, classificando-a como possível de afetar o econômico e social. Nessa percepção, as condições materiais não afetam a conduta de forma imediata, mas utilizando da cultura e das experiências individuais. Com a impenetração do ideal e do material, ocorre um cruzamento entre a estrutura e a representação, formando significações. Thompson, parte da transição da História social para a cultura, classifica a classe social e consciência de classe como a mesma coisa, representando o encontro do objetivo com o subjetivo.

Vertentes como a micro-história representam como a nova postura dialoga mais com recortes reduzidos dos temas de análise, interagindo a estrutura sobre as singularidades individuais. Entretanto, é necessário destacar o papel do fortalecimento do tempo presente e, consequentemente, da memória e da História oral – história pública se fortalece futuramente.

O tempo presente, segundo Rousso, nasce da última catástrofe, no caso a Segunda Guerra Mundial. Dentro da lógica presentista já abordada por Hartog, Rousso define um trabalho do historiador in loco, ou seja, quebra definitivamente com o paradigma da história dos mortos. A presença de atores que viveram os acontecimentos é fato essencial dessa corrente. O tempo presente é fruto da tensão entre memória e História, entre o conhecimento e a experiência.

A memória, apesar de estudos sociológicos com Maurice Halbwachs sobre a memória coletiva, ainda não possuía papel de destaque. A tragédia da guerra traz consigo um crescente emponderamento da memória e as corriqueiras discussões sobre o seu uso. Hartog vai definir o quarteto formado pela memória, comemoração, patrimônio e identidade. Todos essenciais para a compreensão do presente histórico.

Discutir memória é discutir seus usos, suas formas de aplicação política e social. Para Ricouer, a memória tem uma vantagem em relação a História: o reconhecimento. A História não reconhece, ela reconstrói e está sujeita a julgamentos públicos. O uso comemorativo da memória foi amplamente difundido na valorização de grades feitos, fortalecimento político entre outros usos abordados pelo Estado.

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