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A Revolta do Forte sob o Ponto de Vista do Jornal do Brasil e Sua Repercussão

Por:   •  6/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.934 Palavras (8 Páginas)  •  179 Visualizações

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A Revolta do Forte sob o ponto de vista do Jornal do Brasil e sua repercussão

A Revolta dos 18 do Forte pode ser contada sob a ótica e com as informações descritas pelo Jornal do Brasil em suas publicações dos dias 6 e 7 de julho de 1922.

Considerado uma das principais publicações a época do ocorrido, o jornal teve sua fundação em 9 de abril de 1891 pelo jornalista e político Rodolfo Epifânio de Sousa Dantas. Afim de não sofrer censura do regime republicano a exemplo de outros jornais da época, o Jornal do Brasil se manteve comedido com sua intenção inicial de defender a monarquia que havia sido deposta recentemente.

Já no início do século XX, o jornal passou a ser distribuído por todo o Brasil. Alcançando a tiragem de 60.000 exemplares, se tornou a maior publicação da América do Sul e de maior influência nas classes populares brasileiras ditando moda, costumes e tendências. É nesse momento de grande visibilidade, que o Jornal do Brasil faz a cobertura da Revolução dos 18 dos Forte, deixando sempre evidente sua postura a favor do governo.

Na década de 30 após fazer a cobertura da revolução que levaria Getúlio Vargas ao poder, o Jornal do Brasil sairia de circulação por 4 meses após ser censurado à exemplo de outros diversos meios de comunicação por apoiar a política do café com leite.

Com a chegada das mídias digitais no fim do século XX e principalmente no início do século XXI, o Jornal do Brasil teve grande diminuição nas vendas, assim como a maioria das publicações impressas. Vivendo essa realidade chegou até a ser veiculado exclusivamente em formato online. Nos dias atuais já retomou o seu formato impresso e pode ser encontrado em qualquer banca de jornal.

Jornal do Brasil, quinta feira, 6 de julho de 1922

" A cidade amanheceu ontem sob uma pesada atmosfera de dúvidas e incertezas, os boatos mais desencontrados e alarmantes fervilhavam. Aos poucos eram conhecidos os fatos tais como a sublevação do Forte de Copacabana e o movimento na vila militar que tomavam vulto e enchiam de pânico e apreensão a população. "

Dessa forma um tanto quanto preocupada, o Jornal do Brasil, publicação mais influente do país à época, começava a relatar os fatos que no dia anterior causavam grande preocupação ao governo do então presidente Epitácio Pessoa.

No dia 5 de julho de 1922, descontentes com a política que vigorava no país, diversas unidades militares do Rio de Janeiro se organizaram para iniciar um levante contra o presidente Epitácio Pessoa e seu sucessor Arthur Bernardes, que assumiria o governo em novembro, e fora eleito num pleito cercado de suspeitas de fraude e manipulação.

" Governo envia uma mensagem pedindo o estado de sítio. O projeto foi aprovado ontem mesmo e enviado ao senado. Houve grande concorrência a sessão de ontem da câmara. "

" Ao povo – O chefe de polícia pede aos cidadãos ordeiros que se retirem do centro da cidade porque a polícia vai agir com o máximo de energia contra grupos de desordeiros que pertubem a ordem. "

Fica evidenciado nesse trecho da publicação, que o governo na pessoa do então presidente Epitácio Pessoa, desde os primeiros momentos da insurgência por parte dos militares, já demonstrava tratar o caso com muita preocupação, tomando o quanto antes, todas as medidas cabíveis se utilizando de toda força e recursos disponíveis. Dessa forma tentava minimizar os problemas que poderiam ser causados e dar fim ao movimento o mais breve possível, não permitindo que o mesmo tomasse maiores proporções e gerasse comoção em mais setores da sociedade.

" Todas repartições foram abertas no horário regimental mas tiveram seu expediente interrompido por seus respectivos chefes por conta da situação anormal. O serviço telefônico foi interrompido. Os aviões não sobrevoarão a cidade."

A publicação tratou de informar também algumas das medidas tomadas pelas autoridades por medidas de segurança ou cautela e deixou claro assim, que o movimento que havia iniciado no dia anterior, já tinha naquele momento alterado de forma considerável a rotina da cidade, interrompendo também o tráfego de bondes e barcas e interditando algumas ruas.

" A revolta de um pelotão do 1º Regimento de infantaria. "

" O Capitão Barbosa Monteiro morto a tiros pelo 1º Tenente Buys."

"A Escola Militar e 15º de cavalaria renderam-se."

" Diversos oficiais da Marinha presos. "

Diversas manchetes expuseram acontecimentos que ocorreram paralelamente em diversas unidades do Exército e também da Marinha. No 1º Regimento de Infantaria, situada na Vila Militar, um pelotão inteiro, armado e municiado, se rebelou, havendo inclusive troca de tiros e morte de um Capitão no momento que este dava ordem de prisão ao um 1º Tenente rebelde que reagiu prontamente com disparos fatais. Em outros quartéis o movimento insurgente foi interpelado e contido ainda em seu início, não sobrando alternativa senão a rendição. Diversos oficiais da Marinha, em sua maioria do Batalhão Naval, foram presos por se negarem a cumprir ordens do governo sendo recolhidos a Ilha das Cobras.

Jornal do Brasil, sexta feira, 7 de julho de 1922

" Foi, felizmente, passageira, em relação aos elementos que a provocaram, a comoção que sofreu a capital da república."

Dessa forma, com um evidente tom de alívio, se inicia a cobertura do Jornal do Brasil no dia que sucedeu o fim da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana.

" A ordem pública, pode-se afirmar, comquanto seriamente ameaçada, não chegou a ficar geralmente pertubada."

" Hoje, é de esperar que toda a capital se integre, na paz, na tranquilidade e no trabalho."

O jornal destaca que no dia em que se encerrou a revolta, que começara no dia anterior, a cidade já vivia praticamente um estado de normalidade. Nenhuma ocorrência policial ligada ao fato foi percebida e o comércio abriu quase que por completo, até mesmo a maioria dos bancos funcionaram com expediente regular. Fábricas e transportes públicos também operavam sem maiores transtornos e a expectativa era que no dia da publicação (07/07/1922) a cidade já estivesse integralmente vivendo em sua plenitude.

" O que agitou a cidade por algumas horas, foi apenas a sublevação de caráter militar. Ainda assim, esta não teve apoio nem a solidariedade da grande maioria das classes armadas, por isso que foram estas, obedientes aos princípios da lei e da autoridade, que sufocaram a convulsão inopinada."

Nesse trecho o jornal expõe que não houve por parte da população um apoio a revolta iniciada, fica claro, segundo o texto, que o agito foi causado apenas por parte da classe militar e que nem mesmo essa teve a adesão esperada e suficiente para que o movimento de fato ganhasse força.

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