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A Teoria da História

Por:   •  2/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  662 Palavras (3 Páginas)  •  146 Visualizações

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Qual historiador você gostaria de ser?

Thalita Santos Furtado

Para os positivistas do século XIX, o documento foi adotado como fundamentação do fato histórico. Fustel de Coulanges, afirma que a leitura dos documentos não deveria ser feita com ideias precedidas e o melhor historiador era aquele que se mantinha mais próximo dos textos sem acrescentar-lhes nada. Entretanto, o positivismo tinha como influência de pensamento a ideologia burguesa através do conceito de progresso. Desse modo, pode-se indagar que se até o positivismo, grande defensor da neutralidade é influenciado por tal ideologia, a objetividade que tanto pregavam se torna duvidosa, como explica José de Barros.

A partir da primeira metade do século XX, surge o movimento historiográfico da Escola dos Annales, que tinha como proposta inicial buscar o rompimento dessa cientificidade positivista. O historiador passa a não mais se ater apenas ao documento, buscando uma neutralidade e racionalidade, mas procura o diálogo com novas fontes, através da interdisciplinaridade, deixando de lado a priorização dos grandes fatos, mas apegando-se a problematização dos mesmos. Com isso, eles passam  a utilizar  escritos de todos os tipos, como psicológicos, musicais, literários, poéticos ou religiosos, para abordar a realidade da sociedade em questão.

É de suma importância salientar que os objetos ou marcadas deixadas pela humanidade não trazem em si seu sentido, porque o passado não é documento e é impossível o narrar  tal como ele ocorreu. Quando se analisa uma obra histórica, não está se analisando o passado, mas sim como determinado historiador cria um discurso sobre ele. Ou seja, a partir das escolhas teóricas, metodológicas e ideológicas que se cria uma interpretação dos textos ou documentos do qual está fazendo uma pesquisa.

Segundo Michel de Certeau, a história é na verdade uma prática social, e é isso que José de Barros quer mostrar em seu artigo sobre a objetividade e subjetividade no conhecimento histórico, ao defender, de certo modo, a subjetividade. Faz-se necessário que o historiador comece a fazer questionamentos em relação as fontes escolhidas a partir do seu tempo e sua subjetividade, desse forma, a história precisa ser reescrita a cada geração, e como frisa Durval (2007, p. 87), “a História, em nosso tempo, não pode ser discurso de construção, mas de desconstrução, discurso voltado para compreender o fragmentário que somos, as diferenças que nos constituem, o dessemelhante que nos habita.”

 Portanto, o historiador deve contestar a memória dos grandiosos e desconstruir seus monumentos. Ao escolher, por exemplo, contar a história da Segunda Guerra Mundial através de vestígios deixados por judeus que conseguiram fugir dos campos de concentração, ao invés de recorrer a perspectiva de Hitler, ele deixa de lado o  “grande”, e passa a utilizar a micro-história, que teve como principais colaboradores Carlo Ginzburg e Giovanni Levi.

[...] penso ser tarefa do historiador arejar a memória coletiva; tornar irrespirável seu cheiro de morte e a sua condição de lugar comum; não deixar as versões aceitas do passado se petrificarem; buscando a contiguidade anômala entre os eventos; estabelecendo entre eles novas relações, restituindo a eles a condição de novidade, a virgindade, a infância, corroídas e careadas pelas versões clichê; ensinando encarar o passado com senso crítico e lúdico; aprendendo a ver as coisas de várias posições; enverbando os acontecimentos de maneiras surpreendentes; derrubando o insigne que há nas versões hegemônicas da memória dos vencedores e enfiando nesta memória o ordinário, o menor, o pequeno, o abandonado; relegando a memória estabelecida às moscas. (MUNIZ, Durval, 2007, p. 86).

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