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AS FESTIVIDADES JUNINAS NA CIDADE DE SUCUPIRA DO NORTE-MA: TRADIÇÃO, COMIDAS, DANÇAS E CELEBRAÇÃO.

Por:   •  20/6/2017  •  Projeto de pesquisa  •  1.856 Palavras (8 Páginas)  •  233 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Localizando

O Estado do Maranhão localizado na região nordeste do País possui sua identificação cultural bastante diversificada e riquíssima em diversas manifestações culturais reconhecidas mundialmente, desde o tambor de crioula passando pelo bumba-meu-boi até o cacuriá e é nesse contexto que Sucupira do Norte se integra, a cidade na qual o estudo se desenvolveu fica localizada na região leste maranhense com pouco mais de 10.000 habitantes há cerca de 500 km da capital São Luís. Quando os primeiros desbravadores vieram dos municípios de Nova Iorque, Pastos Bons e Colinas, ali se fixando com suas famílias para, em seguida, iniciar o cultivo da lavoura, no que foram bem-sucedidos, dado a boa qualidade de terra. Possuindo o local uma privilegiada localização, já que era cortado por estradas que davam acesso a várias localidades, passou a despertar o interesse de comerciantes ambulantes, liderados por João Paraibano, radicado em Brejo do Paraibano, para ali realizarem uma festa que por certo atrairia muitos compradores. Pela lei nº 2.153, de 16 de novembro de 1961, foi a povoação elevada à categoria de município, com o nome de Sucupira do Norte. A área integrante do atual município foi desmembrada de Mirador. Verificando a existência de grande quantidade de Sucupira na região, os moradores do local decidiram-se por esse topônimo, quando da escolha da denominação a ser dada ao município. Sucupira do Norte foi criada através do movimento de feirantes que se instalavam sob as sombras das faveiras e sucupiras, no entrocamento das estradas que ligam as cidades de Mirador, Pastos Bons e Paraibano.

1.2 Os festejos Juninos

As festas populares se constituem em uma importante manifestação cultural que pode ter sua origem em um evento sagrado, social, econômico ou mesmo político do passado e que, constantemente, passam por processos de recriações e atualizações; como destaca Paul Claval (1999), sabe-se que as festas juninas têm suas origens ainda nos primórdios dos tempos e nos remete antes da era cristã, quando os antigos povos celebravam o solstício de verão, era a época em que diversos povos faziam rituais de invocação de fertilidade para estimular o crescimento da vegetação, promover a fartura nas colheitas e promover chuvas. Após a era cristã a igreja adapta essas festividades ao seu calendário celebrando o dia de São João que teria nascido dia 24 de junho, dia do solstício. Outro elemento da festa de junho que esteve presente desde sempre foi a fogueira que era utilizada para espantar os maus espíritos da colheita e da plantação que podem impedir a fertilidade. Os festejos do solstício de verão foram adaptados a cultura local, com o processo de colonização do Brasil pelos portugueses foi incorporado ainda a festa de Santo Antônio de Pádua, em 13 de junho, completando o ciclo da tradição cristã com os festejos de São Pedro e São Paulo homenageados em 29 de junho. Portanto o período que vai de junho a setembro é a época da seca em muitas regiões do Brasil, época em que os rios apresentam um nível de seca e o solo está pronto para enfrentar o plantio, sobretudo no nordeste a maioria dos que praticam a agricultura de subsistência utilizam o método da coivara, ou seja, derruba-se a mata queimam as ramagens limpando o terreno e com a cinza a terra é adubada. No início de junho os roçados velhos do ano anterior ainda estão em pleno vigor repletos de mandioca, inhame, batata-doce, banana, abóbora e a colheita do milho ainda se encontra em período de consumo.

Portanto houve um alinhamento de interesses coincidentes entre o propósito da igreja, por exemplo, no processo de colonização em atrair os índios ao convívio missionário através da catequese e as práticas rituais indígenas, simbolizadas pela fogueira de São João, um dos motivos que tenha contribuído para que os festejos juninos tenha tomado as proporções e a importância que adquiriram no calendário das festas brasileiras. Atualmente no nordeste a tônica das festas juninas tem sido as grandes competições de grupos de quadrilhas, apresentação de grandes bandas de forró e nos municípios espalhados pela região interiorana os velhos costumes permanecem, como acender fogueira no dia de São João e as simpatias ao santo casamenteiro, Santo Antônio. Em Sucupira a questão religiosa aparece somente nas celebrações das missas, a festa de São João ganhou apenas caráter festivo e comemorativo com a participação da comunidade e das instituições escolares que se organizam com apresentações culturais como quadrilhas, bumba meu boi, grupos de idosos que trazem suas apresentações para o palco central. Em comparação ao que era antes muita coisa mudou como ressalta Maria da Paz uma das entrevistadas durante a pesquisa:

Olha tá tudo diferente, tudo modernizado, a gente observa as músicas, os trajes. As comidas típicas ainda conseguem predominar né, ainda temos a canjica, a pipoca, enfim, a batata-doce. Mas a gente vê assim que com o passar do tempo as coisas vão mudando, hoje já não tem mais a simplicidade que tinha, então pra fazer uma festa junina hoje as pessoas já não aceitam mais com aquilo que tem, custa muito alto, fica muito caro e acabam pessoas não brincando porque não tem condições financeira para se trajar à altura do que a sociedade tá oferecendo, aqui mesmo em Sucupira você já não vê mais a quadrilha com roupas de chitas enfeitadas com laço de fita, com tiras de tecido coloridos que era o que a gente tinha na época, então hoje os grupos que se organizam tentando acompanhar a evolução.

Podemos ver que as mudanças sofridas ao longo do tempo da festa junina em Sucupira é, na verdade, um processo contínuo que ocorre ano a ano, por meio do qual os participantes vão absorvendo novos valores, vindos com a modernidade, fazendo com que às práticas culturais independentes presentes nas festas juninas sejam ressignificadas, o que não quer dizer que deixem de representar a cultura local. Os elementos antes tidos como identitários, agora são vistos como resquícios do passado e tendem a desaparecer e dar lugar a novos elementos e costumes, que se enraízam e vão mudando com o processo natural de hibridismo cultural.

2. AO REDOR DA FOGUEIRA

“A comunidade saia para o interior no caminhão para tirar a madeira (lenha) fazia a fogueira nas suas portas e reunia amigos, ficavam assando batata-doce, abóbora, carne de sol, e também, onde as pessoas que simpatizavam com aquela outra pessoa convidava para ser madrinha de fogueira”. (Marize Barros, Sucupira do Norte/MA)

O ritual de acender fogueira como já foi citado nos remete antes da era cristão e era utilizado

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