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AS MOVIMENTAÇÕES MILITARES QUE DERAM SUPORTE PARA O GOLPE PRESIDENCIAL DE 1930

Por:   •  19/5/2019  •  Ensaio  •  1.201 Palavras (5 Páginas)  •  113 Visualizações

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AS MOVIMENTAÇÕES MILITARES QUE DERAM SUPORTE PARA O GOLPE PRESIDENCIAL DE 1930

Michelle Leal Racheli da Silveira

Durante mais de 30 anos perdurou no Brasil a política do “café com leite”, caracterizada pelo domínio das oligarquias agrárias sob a hegemonia dos cafeicultores: São Paulo dava o café; enquanto Minas Gerais fornecia o leite. Este ajuste, com o apoio de estados satélites como Rio Grande do Sul e Paraíba, manteve equilíbrio de poder entre as duas oligarquias, que alternavam na Presidência da República. Um presidente paulista seguido de um presidente mineiro, que seria substituído por um presidente paulista, num ciclo constante e contínuo.

A década de 1920 não vinha sendo gentil com o país, abalando a política e economia nacionais, com movimentos rebeldes como o tenentismo e as greves operárias. O final de 1929, com quebra da Bolsa de Valores de Nova York conduziu a nação à um retrocesso industrial massivo, com o fechamento de mais de quinhentas fábricas em São Paulo e no Rio de Janeiro. No campo o cenário não era melhor, com a fome e a miséria assombrando a população rural.

O caos governamental brasileiro tem início quando em 1928, o então presidente, radicado paulista, Washington Luís, decide ignorar Minas Gerais, optando por uma política “Café com Café”, indicando como candidato o paulista Júlio Prestes ao invés de um candidato mineiro. Em oposição, Minas Gerais firma acordo com o Rio Grande do Sul e Paraíba, formando a Aliança Liberal, com o gaúcho Getúlio Vargas para presidente, e o paraibano João Pessoa para vice-presidente. A chapa foi apoiada pelas classes médias urbanas, industriais e profissionais liberais.

A Aliança Liberal, receosa da possibilidade de perda iniciou, simultâneo à campanha popular, contato com os líderes “tenentistas”, tendo em vista sua experiência militar. Essa possível aliança ocorreu com dificuldade devido a desconfianças recíprocas. Os “tenentes” tampouco tinham uma posição homogênea. Enquanto alguns oficiais, como Juarez Távora, João Alberto Lins de Barros e Antônio de Siqueira Campos aderiram, o mais prestigioso chefe do tenentismo, Luís Carlos Prestes, mostrava reservas ao movimento.

No início de 1930 caravanas percorreram Minas e as principais cidades do Norte e do Nordeste sob a chefia de João Pessoa. Durante a campanha ocorreram choques violentos entre situacionistas e oposicionistas, como o conflito na cidade de Princesa, na Paraíba, liderada por José Pereira, na véspera das eleições, em decorrência da proibição do então governador, João Pessoa, de intercâmbio, prejudicando o comércio dos coronéis locais. Já nesse momento se observa a divisão da nação, quando as forças federais apoiam os rebeldes, enquanto João Pessoa recebeu auxílio do Rio Grande do Sul.

Em 1º de março de 1930, a Aliança Liberal perde as eleições nas urnas. Em primeiro momento nomes como Getúlio Vargas e Borges de Medeiros dão declarações aceitando o resultado. Em maio, com o retorno dos trabalho do Congresso, este sistematicamente boicota os candidatos mineiros e paraibanos, aliados à candidatura Varguista. Em 1º de maio Vargas manifesta repúdio a atitude governamental contra os aliancistas. Enquanto, por um lado, a conspiração aparentava morrer, por outro, com apoio dos “tenentes” que retornavam de exílio e da jovem oligarquia gaúcha, mineira e paraibana, a conspiração se intensifica, com a compra de armamentos estrangeiros. Quando em 26 de julho de 1930, João Pessoa é assassinado, a Aliança Liberal vê no ato o estopim necessário para articular a tomada do poder.

Em Setembro, com líderes civis como Osvaldo Aranha, João Batista Luzardo, João Neves da Fontoura, Virgílio de Melo Franco, Artur Bernardes Filho, e chefes militares tais qual Juarez Távora, Juraci Magalhães, Agildo Barata e Jurandir Mamede, Pedro Aurélio de Góis Monteiro o golpe tomava forma, com a participação ativa de Getúlio Vargas, que constantemente dissimulava para o governo suas intenções, enquanto demovia os generais Augusto Tasso Fragoso, Alfredo Malan D’Angrogne e Francisco Ramos de Andrade Neve em favor de seu ideal.

O dia 3 de outubro foi decidido por Vargas e Aranha para a rebelião irromper no Rio Grande do Sul, Minas e demais estados do Nordeste. A escolha do inicio, às 17:30h, pretendia o fim do expediente nos quartéis, o que facilitaria a ação e a prisão dos oficiais. Apesar da resistência militar, na madrugada de 4 de outubro, todos os quartéis da cidade de Porto Alegre foram controlados pelos rebeldes. Neste mesmo dia, Vargas convocou às armas os gaúchos, para marcharem até São Paulo, o qual foi atendido pelo interior rio-grandense com certo entusiasmo.

Na capital mineira, o levante ocorreu na mesma

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