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Abraao De Moraes

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Por:   •  25/5/2014  •  2.035 Palavras (9 Páginas)  •  241 Visualizações

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ABRAHÃO DE MORAES

Dados Pessoais

Filho de José Elias e Guilhermina Pires de Moraes, Abrahão de Moraes nasceu em Itapeceríca da Serra, SP, em 17 de Novembro de 1917. Consta que seu brilho manifestou-se desde tenra idade e aos 10 anos já estava apto a iniciar o ginásio (6ª. série de hoje). Não podia fazer o exame de admissão e iniciar o ginásio porque não tinha idade para tanto! Crianças bem dotadas, que se destacassem no aprendizado primário e o concluíssem logo, eram obrigadas a fazer um ano suplementar, que não era nada mais do que uma repetição do último ano do curso primário (atual 5ª. série). Crianças assim eram punidas por regulamentos fiéis à tradição de desestímulo à educação que nos vem da colonização portuguesa. A alternativa que foi encontrada pelos que se interessavam pelo seu futuro, foi a alteração da sua data de nascimento. Daí as controvérsias que se encontram na sua documentação, onde o ano de 1916 para o seu nascimento aparece com freqüência nas suas biografias.

Carreira Acadêmica

Foi um dos primeiros alunos da recém criada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo para onde se transferiu após dois anos na Escola Politécnica e onde graduou-se em Física em 1938, aos 21 anos. Participou com Mário Schenberg e Walter Schützer do primeiro grupo de pesquisa em Física Teórica criado na USP pelo Professor Gleb Wataghin. Desse tempo são seus primeiros trabalhos publicados pela Academia Brasileira de Ciências. Em 1945 participou de concurso para a cadeira de Mecânica Racional da Escola Politécnica com uma tese sobre Teoria das Percussões. Classificou-se em segundo lugar, um resultado bastante contestado na época. A classificação lhe valeu os títulos de Doutor em Ciências e de Livre Docente. Dedicou-se intensamente ao ensino tendo sido professor em diversas unidades da USP, onde seus cursos de Mecânica Racional, Mecânica Analítica, Mecânica Celeste e Física Matemática se notabilizaram pela perfeição e clareza de suas exposições. Em 1949 sucedeu Wataghin na chefia do Departamento de Física. Foi diretor do Instituto Astronômico e Geofísico (atualmente Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo), chefe do Departamento de Física e professor do Instituto de Física, do Instituto de Matemática e Estatística e da Escola Politécnica dessa mesma universidade.

Além disso, representou o Brasil no comitê técnico da Comissão do Espaço Cósmico da Organização das Nações Unidas e presidiu o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (hoje Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Foi membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Em vida recebeu diversas homenagens por sua atuação pelo desenvolvimento da Astronomia e das Ciências Espaciais no Brasil: as Palmes Académiques da França, o diploma da National Science Foundation dos Estados Unidos e a Ordem do Mérito Aeronáutico do Brasil.

Foi convidado para escrever o capítulo “A Astronomia no Brasil”, do livro “As ciências no Brasil” de Fernando de Azevedo, publicado em 1955.

Em 1954, membros do Conselho Universitário da USP, entre eles o Prof. Orsini, então presidente da Associação de Amadores de Astronomia de São Paulo e diretor da Faculdade de Odontologia da USP, discutindo a melhor solução para a sucessão do Prof. Alypio Leme de Oliveira na direção do Observatório de São Paulo (Instituto Astronômico e Geofísico da USP), chegaram por consenso ao seu nome. A sugestão foi levada pelo diretor do Observatório ao governador do estado, Lucas Nogueira Garcez, também professor da USP e contemporâneo de Abrahão quando estudante na Poli que a acolheu com entusiasmo e tomou para si a missão de convencê-lo a aceitar a incumbência, no que foi bem sucedido. Em 1955 o Prof. Abrahão de Moraes assumiu a direção do Observatório de São Paulo.

A única atividade científica do Observatório era a coleta sistemática de dados meteorológicos. Além disso, publicava-se um Anuário Astronômico e um Boletim Ionosférico, um com as variações nas posições de estrelas e planetas ao longo do ano e o outro com as previsões mensais do estado da ionosfera e os limites nas frequências que poderiam ser utilizadas nas radio-comunicações em diversas rotas. Em ambos os casos eram adaptações de efemérides e previsões publicadas nos Estados Unidos e na Europa. O ambiente deixado pelo diretor anterior não era bom, e alguns funcionários tudo fizeram para prejudicar as atividades do Observatório e contrariar as iniciativas do seu novo diretor. Entre os funcionários havia apenas 3 ou 4 com nível superior. Nenhum era um cientista ativo. Mas dois deles, emigrados da Europa após o final da guerra, já tinham tido alguma experiência científica e várias publicações. Suas atividades nas duas décadas anteriores foram prejudicadas pela guerra e suas sequelas. Apesar de muita arrogância, jamais chegaram a liderar projetos científicos à altura dos que seriam necessários para a modernização do Observatório.

Uma feliz circunstância ajudou o Professor Abrahão a iniciar a transformação do IAG. A ONU declarou 1957 como Ano Geofísico Internacional, uma iniciativa que congregou os esforços de 66 países em uma campanha destinada a proporcionar uma maior e melhor compreensão dos fenômenos relacionados à Terra, sua estrutura, composição., propriedades físicas e processos dinâmicos. Na medida de suas parcas possibilidades, o IAG foi engajado nessa campanha. A estação meteorológica foi renovada e uma colaboração com o Observatório Naval de Washington foi iniciada com a instalação na luneta Zeiss, de uma câmara lunar de Markowitz. As fotografias da Lua no fundo estrelado eram enviadas para o Observatório Naval onde depois de medidas deveriam servir para a determinação de irregularidades na rotação da Terra. Apesar do empenho de alguns técnicos do Observatório, o programa acabou não dando resultados com a precisão desejada por causa de dificuldades relacionadas à forma do disco lunar. Além disso, foram iniciadas varias colaborações com a Escola Politécnica. A principal delas foi a instalação no Observatório, pelos Professores Luiz de Queiroz Orsini e Antonio Helio Guerra Vieira, de um rádio-interferômetro destinado ao estudo da ionosfera através das alterações que provocava em ondas de rádio oriundas do centro galáctico.

Em 1957, imediatamente após o lançamento do primeiro satélite artificial da Terra (o Sputnik I), suas passagens eram registradas no IAG. No ano seguinte, o radio-interferômetro foi usado para o registro das passagens pelo meridiano

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