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Airton Senna Da Silva

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Por:   •  30/8/2014  •  Resenha  •  1.789 Palavras (8 Páginas)  •  177 Visualizações

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A imagem que uma sociedade tem de si mesma pode desempenhar um papel crucial na maneira como ela molda seu futuro. Essa imagem muitas vezes é construída e transmitida nacionalmente e/ou mundialmente através de arquétipos, como de ídolos do esporte, favorecido pela mídia e outros tipos de tecnologia. Tal arquétipo pode passar tanto uma boa como uma má imagem para a sociedade.

Com toda certeza podemos considerar Ayrton Senna da Silva um arquétipo, um modelo para a sociedade mundial, e principalmente para a sociedade brasileira. Senna deu uma grande contribuição no que diz respeito à mudança de padrão de autopercepção dos brasileiros. Sua morte evidenciou diversas potencialidades antes escondidas em cada um de nós. Ayrton carregava e transbordava muita das características esquecidas até então pelos brasileiros. Sua passagem serviu para o despertar do povo, assim como para a mutação da população.

Para Edvaldo Pereira Lima, “Ayrton Senna da Silva é, no jogo dramático da consciência coletiva brasileira neste final de século, a pessoa que – pelo alcance massivo de sua imagem e pelas circunstancias de vida e morte – deu a contribuição mais valorosa para a mudança do padrão de autopercepção do brasileiro. Mais do que uma contribuição simbólica, seu desaparecimento desencadeou um processo energético extraordinário, evidenciando uma potencialidade que está imanente no povo. Filho do Brasil, carregava em si qualidades originais dessa terra, potencializadas a partir das sementes latentes em muito de nós. Com sua vida personificou um momento coletivo de abertura para a mutação de todos nós”.

Há muitas pessoas que definem Senna como um mito, um herói. Porém para entendermos, e posteriormente podermos argumentar sobre tal assunto será preciso recorrermos à uma vasta revisão bibliográfica, buscando respostas para determinadas situações, assim como deverá haver um levantamento biográfico sobre o personagem em questão.

Para Hook (1962: 29) “(...) quem quer que seja o herói, ele se destaca de um modo qualitativamente único dos outros homens na esfera de sua atividade e, ainda mais, que o registro das realizações em qualquer setor é a história dos feitos e pensamentos de heróis”. (HELAL, R.)

Brandão (1993: 41) diz que uma das características do herói é estar ligado a Iátrica (arte de curar). Até certo ponto podemos constatar este aspecto em Ayrton Senna analisando uma matéria de “O Globo, 05/05/1994, Esportes, p.38”: “Ayrton Senna morreu deixando vários segredos de sua vida pessoal. Um deles estava a poucos metros da fatídica curva Tamburello (...) No hospital de Ímola vive Massimo, 20 anos, paralítico e fã do piloto brasileiro. Pudera, foi Senna quem conseguiu tirar o garoto de um profundo estado de coma em 1990. Massimo, então com 16 anos, sofreu um acidente de moto, em Ímola, e entrou em coma (...) o jornalista italiano Ezio Zermiani pediu a Senna que gravasse uma mensagem para Massimo: ‘Olá, Massimo, sou Ayrton Senna. Tente me ouvir, você deve reagir, levantar, fazer força porque aqui todo mundo gosta de você (...) espero que você fique bom logo. Tchau, um abraço’ – dizia Senna na fita. A mãe de Massimo colocava a fita todos os dias. Até que o garoto abriu os olhos e sorriu. Senna pediu segredo à família. Mas todo ano, arranjava alguns minutos para visitar Massimo, que vive no hospital. Pretendia fazê-lo na noite de domingo, mas depois da corrida, sobrou apenas a fita com a mensagem gravada do tricampeão mundial.”

Segundo Edvaldo Pereira Lima, o herói caracteriza-se pela capacidade extrema de manter-se sob controle em situações adversas, superando obstáculos dificílimos, realizando façanhas que se revestem em benefício dos outros, além de si próprio. Geralmente, apresenta uma nobreza de caráter, um senso de justiça e uma generosidade que lhe conferem uma aura romântica. Não raro, sacrifica-se em prol da coletividade. Na Era Moderna, as imagens do herói ganham força adicional junto ao inconsciente coletivo, graças ao poder multiplicador dos meios de comunicação.

O mito é visto como um ser sobrenatural, de atividade criadora e sacralizante, realizando sempre modelos exemplares das atividades humanas.

Segundo José Carlos Marques Esta, Mircea Eliade define o mito como o relato de uma história sagrada, o relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso dos começos. Para Everardo Rocha, o mito é uma forma de expressão do inconsciente do coletivo. O mito é uma narrativa por meio da qual a sociedade que o criou se expressa. Assim, podemos entender o mito como um revelador do pensamento de uma sociedade.

Enquanto o sonho é o mito individual, o mito representa o sonho coletivo. A outra diferença é que, nos sonhos, "as formas são distorcidas pelos problemas particulares do sonhador, ao passo que, nos mitos, os problemas e soluções apresentados são válidos diretamente para toda a humanidade”. Nesse sentido, o herói será aquele que conseguirá vencer suas limitações históricas e alcançar formas humanas. Podemos perceber as diversas maneiras de alcance, e “volta” às formas humanas de Ayrton Senna: usar um capacete amarelo com traços verdes já é simbolicamente forte; o choro diante das vitórias também mostrava sua freqüente humanização. E outra de suas marcas registradas, a de desfilar com a bandeira brasileira no carro após cada vitória, demonstra bem sua filiação, que ele jamais quis rejeitar: essa era a maneira que ele tinha para mostrar mundo afora que sua conquista individual também era coletiva, também pertencia a todos os brasileiros, os "mandantes" da aventura (outro caráter de humanização – a imagem passada depois de cada vitória era a de que Senna, o herói que não recusava nenhum chamado da torcida brasileira, cumpria o dever que lhe fora passado por todos de sua nação). Um exemplo capaz de mostrar com total clareza sua constante humanização, é quando na conquista de seu primeiro título,concedendo entrevista à uma rede de televisão, dizia ele que a conquista não significava tudo, pois ele ainda precisava melhorar muito como pessoa.Tem-se aqui a perfeita volta do limiar da aventura: o herói iguala-se a seus semelhantes, no mundo dos mortais. Completada a busca e feito o retorno, ele insere-se de novo no mundo que o remete à aventura. (José Carlos Marques Esta). Uma outra situação de humanização diz respeito ao medo, tema tão freqüente no mundo de Ayrton. Em 1991 Senna diz à imprensa: “O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras, acho que estou entre elas, aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação”.

Senna morreu exercendo sua

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