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As Artimanhas da Exclusão: Análise Psicossocial e Ética da Desigualdade Social

Por:   •  2/3/2020  •  Resenha  •  1.094 Palavras (5 Páginas)  •  378 Visualizações

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SAWAIA, B. O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão. In: SAWAIA, B. (Org.). As Artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. 14 ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

Em razão do principio da neutralidade cientifica, alguns conceitos científicos têm responsabilizado o indivíduo pela situação social em que vive e legitimado as relações de poder, encarando a afetividade como impasse para apreensão do fenômeno social.

A autora sugere atentar para a afetividade como positiva, negando a neutralidade das reflexões científicas sobre a desigualdade social, permitindo manter-se viva a capacidade de indignar-se diante da pobreza. Desta forma, supera-se a concepção de que a preocupação do pobre é unicamente de sobrevivência e que não há justificativa para trabalhar a emoção quando se passa fome. A exclusão vista como sofrimento de diferentes qualidades recupera o indivíduo, sem tirar a responsabilidade do Estado. É o indivíduo que sofre, no entanto, a origem desse sofrimento está nas relações estabelecidas socialmente. Se os brados de sofrimento evidenciam a dominação oculta, a compreensão dos mesmos proporciona a análise da vivencia do mal que existe na sociedade.

Heller, Espinosa e Vigotsky compreendem a afetividade positivamente, como constitutiva do pensamento e da ação, sendo estes, coletivos ou individuais e que se constitui e se atualiza com os elementos apresentados pelas diferentes manifestações históricas. É um fenômeno objetivo e subjetivo, que estabelece a matéria-prima básica á condição humana.

Para Espinosa, a superstição é condição política que constitui a base de um governo corrupto, o medo e as condições políticas de desigualdade e de dominação são as causas que geram, mantêm e favorecem a superstição. A integração das emoções como questão ético-política faz com que as ciências humanas, principalmente, a psicologia social incluam o corpo do indivíduo nas análises econômicas e políticas. Conforme explica, no homem a mente e o corpo se constituem em unicidade. Ela presenta um sistema de ideias na qual o psicológico, o social e o político se entrelaçam e se revertem uns nos outros, sendo todos eles fenômenos éticos e da ordem do valor.

Conforme Heller, dor e sofrimento têm significados diferentes. Dor é próprio da vida humana, provém do corpo por estar implicado, da capacidade de ser afetado. Sofrimento é a dor mediada pelas injustiças sociais, é sentido como dor apenas pelos que vivem a situação de exclusão. A vergonha e a culpa são apresentadas como sentimentos morais ideologizados com a função de manter a ordem excludente, de forma que a vergonha das pessoas e a exploração social constituem as duas faces de uma mesma questão. As emoções, como questões sociais, são fenômenos históricos e estão sempre em constituição.

Conforme Vigotsky, o significado é o principal organizador de desenvolvimento da consciência e é inseparável da palavra, embora não seja condizente com esta. Considera que a emoção e o sofrimento não são entidades absolutas do nosso psiquismo, mas significados enraizados no cotidiano, que afetam o sistema psicológico pela mediação das relações. Os processos psicológicos, as relações exteriores e o organismo biológico se conectam através das mediações semióticas, configurando motivos que são estados portadores de um valor emocional estável, desencadeadores da ação e do pensamento. Desta forma, o significado penetra na comunicação neurobiológica levando o homem a agir em resposta a uma ideia. Para ele o significado se dá na relação, porém, é social e histórico e se transforma em ideologia e funções psicológicas distintas.

O sofrimento ético-político constitui-se pelo modo como a pessoa é tratada e como trata o outro na intersubjetividade ou anônima. Representa a vivência das questões sociais dominantes em cada época histórica, especialmente a dor que surge da situação social de ser tratado como inferior, subalterno, incapaz, apêndice inútil da sociedade. Reflete a desigualdade social, e a impossibilidade da maioria apropriar-se da produção material, cultural e social de sua época, de movimentar-se no espaço público e expressar seu desejo e seu afeto. Seu contraponto é a felicidade pública, que diverge

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