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As veias abertas da américa latina

Por:   •  23/3/2019  •  Resenha  •  1.057 Palavras (5 Páginas)  •  312 Visualizações

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As veias abertas da América Latina

A obra As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, militante da Frente Ampla (grande coalizão centro-esquerda formada em 1971, com o intuito de combater o autoritarismo do Estado Uruguaio e ser uma opção de esquerda para o país), foi censurada em vários países da América Latina pelas ditaduras militares. Sua circulação foi clandestina e somente em 1978 foi publicada a versão em português sendo lançado pela editora Paz e Terra.

A editora era dirigida pelo ex-deputado de oposição ao regime militar Fernando Gasparian e cujas publicações compartilhavam posições com os movimentos de esquerda. No final da década de 1960 e início de 1970, Galeano sofreu censura e perseguição imposta pelo regime militar uruguaio o que o levou ao exílio na Argentina.

O livro é um relato da história da América Latina e das consequências do imperialismo europeu e norte-americano. Galeano explana em seu livro a divisão internacional do trabalho em dois lados: um que os países se especializam em ganhar e outro em perder. Neste lado de perder estaria a América Latina desde os tempos do Renascimento, ideia central da obra, onde a região existe para suprir necessidades alheias, como fonte de recursos, matérias-primas e alimentos e, desde o seu descobrimento, tudo se transformou ao longo do tempo em capital europeu e mais tarde dos Estados Unidos da América.

A obra segue com exemplificações sobre a ocupação da América Latina pelos europeus desde o século XVI através de exemplos históricos, trechos de falas de políticos, empresários e relatos de massacres contra grupos indígenas.

Para o autor, um país desenvolvido conseguiria esse feito não graças a sua produção e desenvolvimento interno mas sim à exploração de outros países ou regiões que viriam a se tornar mais pobres e miseráveis.

A obra fez muito sucesso nos anos 1970, em que ditaduras militares estavam instauradas no Brasil, no Chile, na Argentina, no Uruguai e em alguns outros países, que reprimiam o pensamento crítico e o avanço do comunismo, sob orientação muitas vezes dos Estados Unidos. Recentemente Hugo Cháves ajudou a promover o livro em 2009 ao dar o exemplar para o recém empossado presidente norte-americano Barak Obama.

Na época da chegada de Colombo o número de índios girava em torno de 70 milhões de pessoas. Com os conflitos de terra, trabalho escravo e contato com doenças europeias o número foi reduzido para menos de 4 milhões. Posteriormente os Estados Unidos se mostraram maiores saqueadores do que os europeus, com o apoio financeiro e logístico a ditaduras militares em troca de acesso irrestrito a matérias-primas e demais recursos, através da instalação de suas empresas e legislação favorável.

Sobre o Brasil o autor trata da febre do ouro em cidades de Minas Gerais e o regime escravista, onde o lucro do mercado de escravos só não era maior que o acúmulo de ouro e especiarias do império britânico e da Holanda. Ele também retrata o imperialismo norte-americano na América Central, como as antigas colônias foram exploradas por uma nova metrópole, deixando sempre claro seu posicionamento político ao esclarecer os efeitos que a supremacia do capital estrangeiro causa em países subdesenvolvidos.

A obra não constrói um cenário de melhoria ou inspiração, mas a ideia de que a solução para problemas sociais, econômicos e culturais consiste na luta contra e na oposição ao capitalismo e aos Estados Unidos.

Atualmente Galeano critica a própria obra, seu livro mais famoso, sob a perspectiva de que “dormiria” ao tentar ler, acrescentando que seu físico não aguenta a prosa da esquerda tradicional, demasiado árida. Considera-se despreparado para tratar adequadamente do tema à época, mas, a pesar das polêmicas declarações, não renega as idéias centrais de sua publicação.

“As Veias Abertas da América Latina” se tornou um texto base para os debates sobre terceiro mundo precisamente por sua narrativa antiimperialista, favorável às posições auto-afirmativas de diversas nações que estavam entre as potências que disputavam a Guerra Fria. Estados Africanos que conquistaram ou negociaram sua independência das metrópoles, guerrilhas de oposição às ditaduras latinoamericanas, movimentos anticoloniais na Ásia e diversas outras forças políticas promoveram sua divulgação por conta de uma confluência ideológica com as posições do autor: os responsáveis pela desgraça no território em que viviam eram estados e burguesia estrangeiros, de toda forma isentando as forças internas (exceto quando em colaboração com estas forças externas) de qualquer culpa ou mesmo responsabilidade pela condição desfavorável destes países.

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