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Resenha "As Veias Abertas Da América Latina"

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Por:   •  14/2/2014  •  2.502 Palavras (11 Páginas)  •  4.605 Visualizações

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Na obra As Veias Abertas da América Latina o clássico autor uruguaio Eduardo Galeano tem como objetivo explicar os motivos que levaram ao subdesenvolvimento da América Latina, fazendo uma análise do continente desde o período de sua colonização.

Eduardo escolheu por escrever o livro de uma forma que atingisse até as pessoas mais leigas, com uma linguagem literária e com a intenção de descrever todos os países da região. Tornando o texto atraente e apaixonante. De um jeito simples, usando comparações o autor busca nas raízes do colonialismo o porquê de uma região tão farta de riquezas é um lugar que existe uma intensa pobreza e subdesenvolvimento.

Esta obra foi escrita num momento obscuro da história do continente, quando havia muitas tensões políticas. Entre as décadas de 60 e de 70 se instalavam no poder da região as ditaduras fundamentadas nos interesses imperialistas norte-americanos. Por ter pensamentos revolucionários, Galeano, acabou sendo exilado em 1973, voltando ao seu país natal doze anos mais tarde. Um livro de caráter crítico e que condenava as atitudes imperialistas dos Estados Unidos e a exploração político-econômica dos países latinos americanos foi visto com maus olhos pelo regime autoritário, sendo proibido em alguns países, como Uruguai, Chile e Argentina.

Logo no início do livro, o autor, apresenta de uma forma direta o seu objetivo principal: “Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder. Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançar pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta. Passaram-se os séculos e a América Latina aprimorou suas funções.” (p. 17).

Com essa citação o autor quer dizer que desde o descobrimento até os dias de hoje toda a riqueza da América Latina virou capital estrangeiro, primeiro para os europeus e mais tarde para os norte-americanos. Para eles ganharem, nós tivemos que perder.

Para Galeano o método como os espanhóis e os portugueses colonizaram os territórios descobertos, usando uma colonização de exploração e o extermínio dos indígenas, marcaram profundamente a região, levando-a a dependência. Dependência que segue até os dias hoje, apenas tendo mudado os países “dominadores”.

Com um jeito forte o autor narra à história da América Latina desde o seu descobrimento. Lembrando-se de toda violência e do sangue jorrado dos colonizadores que levou praticamente ao extermínio dos nativos, dos recursos naturais, do solo exaurido e de toda exploração que as potências ibéricas trouxeram a esse continente. Desde o seu descobrimento até os dias atuais, a América Latina existiu para satisfazer as vontades alheias, trabalhando como um serviçal para aumentando a riqueza de seus parasitas, primeiro dos europeus e depois dos norte americanos. É dessa forma que Galeano nos apresenta a toda a história da região, e assim fazendo criar um sentimento de revolta e repugnação por parte dos leitores latino-americanos ao ler essa obra.

A exploração da prata e do ouro fez surgirem esplendorosas cidades, que depois com o término do mineral foram esquecidas e sucumbiram na miséria. Como exemplo tem Potosí, Zacatecas e Ouro Preto. Os engenhos de açúcar no nordeste brasileiro tiveram o mesmo destino, assim como todas as suas riquezas naturais que a natureza deu aos países latino-americanos e o imperialismo acabou tomando.

Então, assim a América Latina é a região das veias abertas. Sempre tendo seus recursos naturais sendo transformados em capital estrangeiro. Região de dura exploração, onde tudo foi tomado, desde suas matérias primas, até seus nativos e sua independência.

O livro é dividido em duas grandes partes: “A pobreza do homem como resultado da riqueza da terra” e “O desenvolvimento é uma viagem com mais náufragos do que navegantes”. Na primeira parte Eduardo relata a chegada dos europeus nas terras virgens do continente americano, principalmente os espanhóis e os portugueses, da extração dos materiais valiosos e do massacre a população nativa.

No primeiro capítulo da primeira parte começa com a chegada de Cristóvão Colombo no “Novo Mundo”. A partir daí é relatada a monstruosidade cometida pelas forças ibéricas aos indígenas. Além do uso da violência facilitada pelas armas mais desenvolvidas, a vitória dos ibéricos foi fácil pelo assombramento dos nativos e das doenças pelas quais os mesmos não possuíam nenhuma resistência.

A América além das riquezas não imaginadas também era um “mar” de almas a serem arrecadas para a Igreja Católica que se encontrava em crise de fiéis. Em busca do tão sonhado ouro, Cortez incendiou Tenochtitlán e os astecas, Alvarado massacrou os maias e Pizarro conquistou todo o ouro inca, depois de ter cortado fora a cabeça do líder Atahualpa. Tudo isso para servir a Deus e a sua Majestade.

O massacre indígena foi tão grande, que a população dos mesmos que era entre 70 e 80 milhões reduziu-se num período de um século e meio a 3,5 milhões de nativos. Os que não morreram durante a colonização foram transformados em escravos para trabalhar nas minhas, com o pesado trabalho na busca de minerais preciosos muitos acabavam suicidando-se. Em Vila Rica de Ouro Preto quando o trabalho escravo indígena não estava mais sendo viável, passou-se a empregar a força negra para os mesmos trabalhos penosos e para viver nas mesmas condições desumanas que os nativos. Os negros eram mais resistentes ao trabalho pesado e tinham menos tendência a se rebelarem.

Mas tudo que a Espanha conseguia na exploração de sua colônia não ficava em seu domínio, então a falsa riqueza ia direto para os seus vizinhos, que mais tarde com ela financiariam o desenvolvimento industrial. O mesmo ocorria com o ouro arrecado em Vila Rica pelos portugueses, o mesmo ia direto para as “mãos” da Inglaterra que logo mais usaria para dar o empurrão necessário para a Revolução Industrial acontecer.

No capítulo O rei açúcar e outros monarcas agrícolas, Galeano mostra o novo ciclo econômico nas Américas, a ascensão do açúcar. Logo em sua segunda viagem, Colombo trouxe mudas de canas-de-açúcar, e plantou no território que hoje se encontra a República dominicana.

O litoral latino-americano se mostrou um lugar bastante propício para a cultivação dessa cultura. O açúcar que era produzido em pequena escala era considerado o “ouro branco” sendo muito raro e caro.

Muitos escravos foram trazidos da África para trabalhar como mão de obra gratuita, e o litoral úmido e quente do nordeste brasileiro foi tomado por canaviais,

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