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Bahia

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Por:   •  5/11/2014  •  Tese  •  7.571 Palavras (31 Páginas)  •  142 Visualizações

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Bahia

Terra de todos os santos e de todos os deuses, a Bahia é o maior centro de sincretismo religioso do Brasil. Estado em cujas costas aportaram pela primeira vez, em 22 de abril de 1500, as caravelas de Pedro Álvares Cabral, é uma das unidades da federação mais estreitamente vinculadas à história do País. Ali foi sediada a primeira capital brasileira, Salvador. Foi também na Bahia que a mistura dos portugueses que chegavam, dos indígenas que ocupavam a terra e, algum tempo depois, dos negros degredados da África como escravos, formou o primeiro embrião da miscigenada sociedade brasileira. A Bahia foi uma das capitanias com maior participação no processo de independência do Brasil e foi, ainda, palco do conflito de Canudos, uma das mais sangrentas revoltas populares registradas na história do País.

O estado sempre teve destaque na vida da nação e, a partir da segunda metade do século XX, tornou-se um dos importantes pólos econômicos e culturais do Brasil. A Bahia tem o segundo maior pólo petroquímico do País, perdendo apenas para o Estado de São Paulo, e foi o berço de um dos mais inovadores movimentos de contracultura que ocorreram no País, o Tropicalismo, no final da década de 60. Surgido na esteira da onda hippie no mundo, o Tropicalismo projetou artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, músicos de destaque no meio artístico nacional. Também são da Bahia o compositor Dorival Caymmi e o grande intérprete da bossa nova, João Gilberto, a cantora Maria Bethania, uma das maiores vozes da MPB, Jorge Amado, o escritor brasileiro mais traduzido em todo o mundo (em 60 países dos cinco continentes), Castro Alves, um dos mais discutidos poetas do País, e o cineasta Glauber Rocha, símbolo da vanguarda em sua área.

Na Bahia, as festas religiosas e profanas duram o ano inteiro, e a terra é tão cativante que, ao conhecê-la, muitos estrangeiros a adotam, como aconteceu com o escultor Carybé, artista plástico argentino que desde 1938 e até sua morte, em 1997, viveu em Salvador. Outros, como o fotógrafo e antropólogo francês Pierre Verger, não só a adotou como dedicou a vida a estudá-la e expor em suas principais obras o sincretismo religioso local. O Estado sempre impôs sua força também na política, projetando algumas das maiores lideranças do cenário brasileiro. Era baiano o jurista e político Rui Barbosa, um orgulho nacional desde o início do século XX, quando participou de conferência da Liga das Nações e, por seu desempenho, passou a ser chamado de Águia de Haia.

A Bahia é a mais perfeita síntese do Brasil em termos artísticos, místicos e musicais. Nenhum outro estado assimilou tão bem a mistura do africano, do indígena e do lusitano em sua cozinha, na cultura e na religiosidade. Somou essas três raças de tal forma que terminou irradiando sua influência para toda a nação. O Estado, no entanto, continua a ser o maior centro de Candomblé no País, religião de origem africana que convive lado a lado com a igreja católica. Nas cerimônias, babalorixás, ialorixás e iaôs (pais, mães e filhas de santo) vestem roupas típicas, dançam e cantam ao som de atabaques e agogôs e fazem oferendas aos santos. Esses rituais invocam os Orixás, entidades que têm correspondentes entre os santos católicos. A convivência, porém, entre esses cultos e a igreja católica nunca foi fácil. Durante longo tempo as lideranças católicas pressionaram a polícia para reprimir o Candomblé e, mesmo depois de relativamente aceito, a igreja continuou punindo padres e freiras mais tolerantes com o sincretismo.

Quarto estado mais populoso do Brasil, com mais de 12 milhões de habitantes, o Estado é líder da economia no Nordeste e sua capital, Salvador, é a maior cidade da região. A economia baiana sofreu profundas transformações desde os anos 60, com o crescimento da atividade industrial e a modernização do setor de comércio e serviços. À exceção de poucos pólos de desenvolvimento no interior, esse empuxo na economia concentrou-se na Grande Salvador, e o crescimento se acelerou a tal ponto que modificou a composição do PIB regional: a indústria aumentou sua participação no PIB estadual, enquanto a agricultura declinou e as áreas de comércio e serviços sofreram redução.

O processo de expansão industrial se acelerou com a instalação, no final da década de 70, do Pólo Petroquímico de Camaçari. Caracterizou-se pela instalação de empresas de pequeno e médio portes, voltadas para a produção de bens intermediários e aproveitando recursos naturais, como petróleo, gás natural e diversos tipos de minérios e produtos agrícolas. Os principais setores da indústria de transformação são a química/petroquímica, a metalurgia, a de alimentos, minerais não-metálicos e bebidas. A Bahia é um dos estados mais ricos em minérios no País. Em 1991, a comercialização nesta área registrou um faturamento de US$ 259,4 milhões. Alavancaram esse desempenho o ouro, concentrado de cobre, magnesita, cromita, sal-gema, barita e manganês.

Apesar da queda recente, comércio e agricultura continuam fortes no conjunto da economia nordestina. A agricultura se moderniza, principalmente na região irrigada às margens do rio São Francisco, e tem saído da escala regional para a de produção de mercado. O município de Irecê, no sertão baiano, por exemplo, é o maior produtor nacional de feijão. Com 11 milhões de bovinos, a Bahia se posicionava em 1996 entre os seis estados de maior rebanho do Brasil. Tinha ainda 4,5 milhões de caprinos e 3 milhões de ovinos. O comércio mantém seu peso e tradição na região, tanto que a Associação Comercial da Bahia, criada em 1881, foi a primeira entidade do gênero fundada no País.

A partir dos anos 60, o turismo adquiriu magnitude no perfil da economia baiana. Pesquisa realizada pela Embratur, empresa governamental de turismo, aponta a Bahia como a segunda porta de entrada de turistas no Brasil, depois do Rio de Janeiro. No início da década de 90, o Estado já recebia 2 milhões de visitantes ao ano.

A Capital Salvador

Centro histórico de Salvador

Mais do que capital da Bahia, Salvador é sinônimo de um estado de espírito. É a cidade brasileira que mais evoca descontração, espontaneidade, festa e religiosidade. "Baiano não nasce, estréia", definiu o compositor Caetano Veloso, uma das principais estrelas da música brasileira, ao falar do grande número de conterrâneos artistas concentrados

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