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Bhopal, uma reza por chuva

Por:   •  1/6/2017  •  Resenha  •  1.557 Palavras (7 Páginas)  •  4.015 Visualizações

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KUMAR, Ravi. Bhopal:  A Prayer for Rain. Los Angeles: Rising Star Entertainment, 2014.

Andressa Letícia Rodrigues Barbosa 1 

RESENHA CRÍTICA

O filme é baseado em um acidente que ocorreu  na Índia na cidade de Bhopal, no qual aproximadamente 10.000 pessoas morreram.

 

    O filme foi produzido devido a grande relevância do acidente ocorrido, tanto pelos milhares de mortos, quanto pela total culpa e responsabilidade da Union Carbide que nunca se retratou ou se responsabilizou publicamente. 

 A empresa Union Carbide já era uma grande potência industrial na segunda metade do século XX e possuía 130 filiais em 40 países. Na época, a multinacional almejava desenvolver um pesticida eficaz para eliminar parasitas (Sevin) e decidiu então abrir uma fábrica na cidade de Bhopal, na Índia, a população local se alegrou com a notícia por enxergar uma oportunidade de melhoria de vida com a chegada da fábrica. 

A instalação da fábrica em Bhopal foi considerada um sinônimo de grande progresso tanto no combate aos pragas que prejudicavam largamente as plantações locais quanto em uma oportunidade para população carente reconstruir suas vidas, já que inúmeras vagas de emprego estariam disponíveis para os moradores das favelas que ficavam ao redor da fábrica. 

Um dos aspectos mais absurdos  é a vista grossa feita pela empresa de todo o risco para os funcionários e também para a população. Um funcionário quando questiona os sintomas apresentados após o contato

com o MIC é repreendido e é alertado para parar de fumar sugerindo que essa seria a causa dos sintomas, mesmo com o funcionário não tendo o hábito de fumar. Os médicos da região além do médico da fábrica fazem sempre pouco caso das intoxicações pelo MIC e negam que ele cause prejuízos à saúde. 

O filme destaca as péssimas condições de trabalho na fábrica como a não utilização de EPI's adequados além da omissão da toxicidade das substâncias utilizadas na fábrica. É mostrada até a morte de um funcionário devido a um acidente de trabalho no qual se contaminou com grandes quantidades do MIC diretamente e foi emitido um atestado de óbito alegando uma falsa causa de morte (envenenamento por cianeto, apenas pela coloração do sangue) quando na verdade o gás tóxico utilizado na fábrica evidentemente causou sua morte. 

Em 03/12/1984, toneladas de isocianato de metila (MIC) , do gás altamente tóxico, vazaram dos tonéis da fábrica da Union Carbide e apenas neste dia morreram aproximadamente  três mil pessoas por intoxicação aguda severa pelo MIC. 

A causa exata do acidente ainda não foi esclarecida, mas o acidente poderia ter sido evitado se medidas de segurança não tivessem sido ignoradas. Como: a sirene de segurança, que deveria alertar a comunidade em casos de acidente, não estava funcionando; os instrumentos de medição de pressão estavam com leituras falhas por causa da falta de manutenção; o purificador usado para neutralizar os gases antes de lançá-los para a atmosfera estava desligado para manutenção; a unidade de refrigeração que poderia controlar a reação dentro dos tanques que continham o gás MIC estava desligada; um procedimento para isolar as seções de canos antes de serem limpos não foi realizado. Esse procedimento consistia em colocar um disco de metal (anteparo) na junção dos canos para evitar que a água passasse e entrasse em contato com o isocianato de metila. Além do mais, foi um erro terrível a fábrica estar em reforma e ainda assim continuar com um estoque tão grande de uma matéria-prima tão reativa. Sendo assim toda e total culpa e responsabilidade por essa catástrofe foi da Union Carbide.

Os primeiros sintomas agudos da intoxicação no organismo foram: vômitos e sensações de queimadura nos olhos, nariz e garganta. Muitas pessoas morreram dormindo, algumas saíram já cegas de suas casas

para a rua, onde morreram, outras morreram em hospitais e pronto-socorros.  

A causa da maioria das mortes foi atribuída à falência respiratória – em alguns casos, o gás causou secreções internas tão severas que seus pulmões ficaram obstruídos, em outros os tubos bronquiais se fecharam, levando á asfixia. Muitos que sobreviveram ao primeiro dia foram diagnosticados com falhas no pulmões.  

Estudos mais aprofundados com os sobreviventes também apontam sintomas neurológicos, que incluem cefaleia, distúrbios de equilíbrio, depressão, fatiga e irritabilidade, além de anormalidade e efeitos negativos sobre o sistema gastrointestinal, muscular, reprodutivo e imunológico.  

De forma irresponsável e absurda, a Union Carbide abandonou Bhopal, deixando ali uma quantidade imensa de susbtâncias químicas que contaminaram as águas e até hoje causam transtornos, doenças e mortes aos moradores da região. Estima-se que, até os dias atuais, cerca de 16 mil pessoas morreram e mais de meio milhão ficaram feridas devido ao contato com os gases tóxicos. 

A Union Carbide tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre pagando compensações inadequadas ao Governo da Índia. Hoje, mais de 20 mil pessoas moram na região e uma segunda geração de crianças continua a sofrer os efeitos da herança tóxica deixada pela empresa. Os moradores de Bhopal ficaram com fornecimento de água contaminada e um legado tóxico que ainda hoje causa prejuízos. 

É de extrema importância trazer à tona toda a problemática envolvida com os agrotóxicos, na qual diversos aspectos devem ser abordados, como: os graves danos causados no meio ambiente, afetando diretamente diversos ecossistemas; o alto grau de toxicidade para o homem, principalmente à nível ocupacional; além do papel do Estado em termos de fiscalização, prevenção e combate aos malefícios provenientes dos pesticidas;  e a falta de penalização às empresas produtoras de agrotóxicos devido à uma legislação falha e a compactuação do Estado na impunidade dessas empresas em casos de desastres como este, que ocorre devido a altíssima lucratividade dos fabricantes de agrotóxicos o que os leva a ter grande influência econômica sob o Estado principalmente sob as políticas que regem esse mercado. 

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