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Borracha OPERAÇÃO E COMÉRCIO

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Por:   •  15/11/2013  •  Seminário  •  3.774 Palavras (16 Páginas)  •  347 Visualizações

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Perspectivas, São Paulo

6:101-107, 1983.

TRABALHO E COMÉRCIO NOS SERINGAIS

AMAZÔNICOS*

Mauro CHEROBIM **

RESUMO: O trabalho tece algumas considerações acerca das relações seringueiro-seringalista e do

sistema de aviamento na estrutura econômica da Amazônia.

UNITERMOS: Amazonas, seringais; sistema de aviamento.

O SERINGAL

O seringal compõe-se, basicamente,

do barracão, local de residência do serin-galista, do armazém que avia, isto é, for-nece mercadorias ao seringueiro e do de-pósito de borracha, castanha, etc. O

barracão é o núcleo social e econômico do

seringal. Em contraposição a ele está o

centro, onde se concentram as atividades

de extração gumífera, ou de coleta de cas-tanha; onde estão os tapiri para a moradia

e o tapiri para defumação, e as bocas, ou

início, das estradas de seringa, uma "pi-cada" (caminho) que liga as seringueiras

de onde se extrai o látex.

Não existem vínculos empregatícios

entre seringueiros e seringalistas, designa-dos freguês e patrão, respectivamente. Os

vínculos são, lato sensu, de locatário e lo-cador.

Quando se pretende localizar o serin-galista quanto às suas atividades econômi-cas, surge a discussão se ele deve ser clas-sificado como produtor ou como comer-ciante. Se de um lado é o proprietário de

uma empresa dedicada ao extrativismo

vegetal é, por outro lado, um dos nexos

do sistema de aviamento, este essencial-mente comercial; como locador, portanto

beneficiário da produção do seringueiro,

age como intermediário na comercializa-ção dos produtos de extração vegetal. Ao

seu papel de locador dever-se-á acrescen-tar o de financiador das condições de tra-balho do seringueiro, pois este, quando

assume uma colocação, assume-a em con-dições para ali fixar-se e trabalhar.

O seringal é uma área de apreciável

extensão, parte propriedade e parte posse

de um indivíduo, ou de uma família, ou

de uma empresa. Há, em seus quadros de

trabalhadores, pessoas dedicadas à procu-ra de seringueiras e/ou castanheiras, ou-tras ocupadas com a abertura das estradas

de seringa, construção dos tapiri, isto é,

da preparação da colocação para a fixa-ção do seringueiro.

O custo do preparo da colocação, as-sim como o fornecimento dos utensílios

para a extração do látex e as mercadorias

para o seu sustento por um determinado

período, são debitados na conta corrente

do seringueiro, que inicia suas atividades

com um apreciável débito para com o

barracão.

O seringueiro quando se refere em

"saldar a dívida", ou "conseguir saldo"

em sua conta corrente, refere-se a uma ex-* Este trabalho é resultado de uma experiência pessoal, baseada em observações, e os dados obtidos in loco durante o ano

de 1973 e no primeiro trimestre de 1976. Envolve algumas considerações acerca de uma comunidade amazonense que se vê

na contingência de enfrentar uma nova realidade social e econômica, com os seus recursos tradicionais.

** Departamento de Sociologia e Antropologia — Faculdade de Educação, Filosofia, Ciências Sociais e da Documentação

- UNESP — 17.500 — Marília — SP.

101

CHEROBIM, M. — Trabalho e comércio nos seringais amazônicos. Perspectivas, São Paulo, 6:102-107,

1983.

pectativa que excede as suas condições de

realização. A dívida sempre teve, histori-camente, um papel importante nas rela-ções patrão-freguês: não havendo qual-quer compromisso formal nestas relações,

para o freguês (seringueiro) a dívida re-presenta a necessidade de saldá-la; para o

patrão (seringalista), o direito de usar mé-todos de persuasão para manter o serin-gueiro a seu serviço. Enquanto o patrão

necessita de mão-de-obra para suas

estradas de seringa, o freguês depende dos

aviamentos do patrão para a sua sobrevi-vência. Idealmente, esta relação de depen-dência teria lugar enquanto permanecesse

esta situação; no entanto, a dívida dá um

caráter de perenidade, uma vez que a pro-dução do seringueiro está aquém das pos-sibilidades de saldá-las. O débito cresce

numa proporção maior que a produção,

pois o aviamento de mercadorias é conti-nuado e com preços aviltados.

Para se ter uma idéia de como as

mercadorias são gravadas, reproduzimos

uma tabela de 1943, aceita pelas Associa-ções Comerciais d o Amazonas e do Pará e

pela Associação dos Seringalistas do

Amazonas. Esta tabela, apesar de antiga,

ainda reflete a situação atual. Foi elabora-da

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