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Brasileiros, Canadenses e suas respectivas ligações com os partidos comunistas nacionais

Por:   •  18/1/2018  •  Tese  •  2.033 Palavras (9 Páginas)  •  151 Visualizações

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1.Introdução

O trabalho aqui presente busca apresentar e analisar relatos de estrangeiros na Guerra Civil espanhola no período dos anos 1936 a 1939, buscando assim explicitar as particularidades da visão de cada combatente internacional. Serão utilizados relatos de ex combatentes, revistas contendo informações e estudos acerca das condições dos combatentes e por fim, será traçado um paralelo sobre a visão de George Orwell para com os pelotões e as condições de batalha. Como ferramenta imprescindível na apresentação dos fatos e na compreensão de quem os ler, as diferenças entre condições em que as obras foram escritas e suas particularidades técnicas terão que ser levadas em conta a todo momento 

2. Estrutura

Será analisada incialmente a relação dos combatentes com os partidos comunistas de suas nacionalidades, uma vez que, na maioria dos casos os voluntários, são em maioria integrantes do mesmo. Em seguida será apresentado um panorama do imaginário anticomunista nos países dos voluntários e um paralelo entre a visão de George Orwell no livro "lutando na Espanha" com as condições dos canadenses.

3. Corpo do trabalho

  • Brasileiros, Canadenses e suas respectivas ligações com os partidos comunistas nacionais.

 No Brasil os enviados a guerra tinham mais que uma relação em comum, eram em sua maioria militares, fator esse que não os impediu de fazer parte do partido comunista, a atmosfera política nos quartéis, inclusive, poderia ser citada como fator de grande influência nessa relação, dando aos combatentes brasileiros uma característica ímpar:

‘’A grande predominância numérica dos tenentes, aliada ao baixo grau de controle hierárquico dentro da organização, dava a este grupo de oficiais condições privilegiadas de rebelião. As lentas promoções contribuíam gerando insatisfação profissional. E as origens sociais e o treinamento destes oficiais introduziam motivações externas para seu envolvimento em lutas políticas de caráter contestatório” (CARVALHO, 1978: 208).

E é através do relato do ex combatente Apolônio de Carvalho que se é colocado em foco o pequeno número de enviados a guerra - “não mais que uma vintena de combatentes, dispersos por frentes e armas”. E a sua relação numérica para com o partido - “na ANL, todos, no PC, um terço” (CARVALHO, 1997: 122-123).

Os canadenses por sua vez também eram relacionados diretamente ao partido comunista, na revista escrita por Louis Gill se é apresentado um dado que revela a participação de 2/3 dos voluntários sendo membros do partido:

"Em um livro intitulado Renegados, canadenses na Guerra Civil Espanhola o jornalista anglo-canadense Michael Petrou revelou que 78% dos voluntários eram novos canadenses, em sua maioria trabalhadores, principalmente da Europa Central e Oriental. 780 eram de Ontário, 350 da Colúmbia Britânica, 200 do Quebec, incluindo 59 franceses. Dois terços eram membros do Partido Comunista canadense.” (GILL, Louis, 2016: 1-2).

 Outro ponto a se ressaltar é a ligação desses combatentes com os campos de refugiados criados pelo primeiro ministro canadense em 1932, como fica claro no trecho:

 “Muitos deles foram recrutados em campos de refugiados criados pelo governo do primeiro-ministro Richard Bennett à partir de 1932, que abrigaram dezenas de milhares de pessoas desempregadas no coração da profunda depressão da década de 1930 e oferecer-lhes o emprego em projetos de obras públicas em troca de um salário mínimo”. (GILL, Louis, 2016: 2).

O número de combatentes canadenses é bem superior ao de brasileiros, aproximadamente 1700, dado esse encontrado na tabela 1

  •  O imaginário anticomunista no Brasil e no Canadá

Pode-se, a partir de então, ser traçada uma ligação entre as realidades dos combatentes, uma vez que, tanto no Brasil, quanto no Canadá, os militantes vinham sofrendo com a política vista pelos autores como anticomunista, tendo assim, a guerra espanhola como uma alternativa de militância. No Brasil:

 “Basicamente, podem ser identificadas duas posições: por um lado, o cumprimento de um dever de solidariedade e de internacionalismo proletário da parte dos militares vinculados ao PCB; por outro, a colaboração pessoal e direta em defesa de convicções políticas” (ALMEIDA, 1999: 46)

  Porém, a imagem recente dos levantes de 1935 teria contribuído para essa visão anticomunista antes citada:

“Os acontecimentos de novembro de 1935 têm uma importância marcante na história do imaginário anticomunista brasileiro, na medida em que foram apropriados e utilizados para consolidar as representações do comunismo como um fenômeno essencialmente negativo. O episódio sofreu um processo de mitificação, dando origem à formação de uma verdadeira legenda negra em torno da “Intentona Comunista‟. O levante foi apresentado como exemplo de concretização das características maléficas atribuídas aos comunistas” (MOTTA, 2002: 192).

A condição de clandestinidade, ou, semiclandestinidade do partido comunista brasileiro também se coloca como prova desde cenário.

Já no Canadá, os próprios campos de refugiados criados por Bennet apresentam esse viés proveniente do governo, já que, a intenção do governante era muito provavelmente isolar esses trabalhadores dos demais , uma vez que eram novos canadenses, provenientes da Europa e adeptos a ideologias relacionadas a esquerda:

“Ao criar esses campos, este governo pretendia também se colocar contra esse "mal estrangeiro, o comunismo, [que] ameaçava a sociedade canadense", isolando e submetendo os "elementos subversivos". (GILL, 2016: 2)

- As condições de batalha canadenses em paralelo as descrições de George Orwell:

Descritos inclusive como renegados no título do livro qual Louis Gill se baseia ao escrever seu artigo para a revista “Olho da história”, os canadenses enfrentaram condições bem adversas nos campos de batalha, contendo relatos sobre desertores, inclusive membros do alto escalão:

“As duras condições em que os voluntários canadenses foram obrigados a combater levaram vários à desersão ou tentar fazê-lo, à reclamar de forma urgente para serem repatriados, chegando mesmo à automutilação para tronarem-se inaptos ao combate. Até mesmo o mais alto graduado canadense na Espanha, o comandante do batalhão Mackenzie-Papineau, Edward Cecil-Smith, tentou desertar e para tal teria dado um tiro na própria perna para evitar seu retorno ao front. Petrou afirma que 'Poucos sairam ilesos. Disenteria era galopante em todos os lugares. Muitos combatentes tinham feridas infectadas, dentes soltos [...]. Pode-se compreender que eles tenham sido numerosos à muito simplesmente entrar em colapso e quer se evadir' (DASSAS, SAINT-HILAIRE, 2015, p. 184)”. (GILL, 2016: 2).

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