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Diaspora Africana

Por:   •  21/6/2016  •  Resenha  •  1.255 Palavras (6 Páginas)  •  483 Visualizações

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Introdução 

Para falarmos da importância da diáspora africana para a formação do capitalismo euramericano, precisamos não só tratar dos movimentos de dispersão realizados pelo homem africano em função do escravagismo imposto pelo colonizador Europeu, mas também dos primeiros movimentos migratórios dos nossos ancestrais africanos que partiram da Etiópia, terra natal da humanidade, para o resto do mundo, dando início ao povoamento do planeta Terra. Na introdução e no capítulo 1 do interessantíssimo "Sem Fronteiras: Os Comerciantes, Missionários, Aventureiros e Soldados Que Moldaram a Globalização", de Nayan Chanda, é possível observar o desencadeamento da humanidade a partir do surgimento do Homo Sapiens na África, que, passando por adversidades, se adaptou ao clima e aos espaços geográficos para sobreviver.  

Sendo assim, Chanda nos mostra para onde diversos grupos de humanos anatomicamente modernos se deslocaram atrás de comida, povoando a Índia, Austrália, China, Japão, outras áreas da Ásia e da Europa, além da América, dando origem aos índios americanos, em um processo de cinquenta mil anos de nomadismo. As conclusões de Chanda são tiradas de estudos de mapeamento genético nos quais é possível ligar a descendência de todos os atuais habitantes do planeta a DNAmt de mulheres africanas e grupos de marcadores específicos de homens africanos. Tais dados são expostos para que seja possível explicar as interligações do mundo hoje, representadas pelo jargão "globalização".

China: Resistência à origem africana 

Após vermos na introdução um pouco da origem e dos movimentos migratórios de nossos ancestrais africanos, trataremos aqui brevemente sobre a resistência chinesa em relação à origem africana dos humanos anatomicamente modernos.

Segundo Chanda, em "Sem Fronteiras", os chineses sempre se acreditaram descendentes do lendário imperador amarelo, porém segundo pesquisas de Spencer Wells (Chanda, Cap.1, p.46) há marcadores de cromossomos M175 que evidenciam a povoação da Coreia e da China por ancestrais africanos.  Nayan cita também os estudos do geneticista Li Jin e seus alunos, que coletaram DNA de mais de dez mil homens a procura de sinais da origem a partir de um ancestral nativo asiático e nada encontrou, concluindo que a origem do humano moderno foi realmente na África. Jin fornece dados importantes da origem de 163 populações, entre elas o sudeste da Ásia, Oceania, Ásia Oriental, Sibéria e Ásia Central e todos os participantes com DNA coletado possuíam o marcador do avô M168, chamado por Chanda de "Adão Africano".

Crescente Fértil e os primeiros indícios de civilização fixa e agricultura 

Ainda de acordo com Nayan Chanda, pesquisadores chegaram aos primeiros indícios de assentamentos fixo do homem anatomicamente moderno através  da descoberta realizada por arqueólogos em uma escavação no vale inferior do Jordão, onde encontraram figueiras queimadas, cuja análise das mesmas revelou que aquelas figueiras datavam de pelo menos 12 mil anos e que provavelmente foram as primeiras plantas comestíveis cultivadas. E o que levou tal descoberta a ser considerada um indício do início da vida sedentária foi o fato de também ter sido encontrado figos, cevada, aveia e bolotas estocadas. Concluiu-se que os humanos modernos que cultivaram esses estoques optaram por ali se instalarem, uma vez que figueiras, por exemplo, podem demorar anos para dar frutos.

No crescente fértil, há registro dos natufiano, conhecido como o mais antigo povo sedentário dessa região a praticar a agricultura. Posteriormente, na mesma região, surgiram os povos considerados como as primeiras civilizações sedentárias organizadas: sumérios, acádios, assírios, hititas, cítios, cananitas, filistinos, fenícios, hebreus e outros. A África, então berço da humanidade, também passa a ser berço da civilização do mundo, mesmo que alguns historiadores, arqueólogos, autoridades oficiais, dentre outros, tenham transformado esse pedaço do continente africano no "Oriente Próximo", justamente estar mais próximo da Europa, caracterizando uma visão eurocêntrica e colonizadora daquele território.

O escravo africano e a prosperidade do capitalismo Britânico 

Até aqui, tive a intenção e a preocupação de tratar da importância do continente africano partir da origem do homem anatomicamente moderno na Etiópia, passando pela descendência de outros povos do mundo, até chegar no surgimento de civilizações que fizeram descobertas fundamentais para chegarmos ao que somos hoje. A partir desse tópico, veremos um pouco da diáspora africana em relação ao colonialismo europeu e sua contribuição para a prosperidade do capital econômico da Inglaterra dos séculos XVII e XVIII.

Em "Capitalismo e Escravidão", de Eric Williams, é possível, logo de cara, constatar que tal prosperidade econômica jamais aconteceria (pelo menos não tão rápido) sem a exploração das colônias das Índias Ocidentais (Antilhas) e sem o comércio de escravos africanos. O comércio triangular tinha como principal mercadoria o escravo africano, que era trocado por diversos produtos na América e nas plantações de cana de açúcar das ilhas das Índias Ocidentais. Segundo Williams, "os lucros obtidos forneceram um dos principais fluxos da acumulação do capital que, na Inglaterra, financiou a Revolução Industrial". Assim, as colônias das índias Ocidentais chegaram ao posto de núcleo central do Império Britânico, com suma importância para a grandeza e prosperidade da Inglaterra, basicamente às custas do povo negro africano e seu suor vermelho. Williams é taxativo e enfático ao fazer questão de frisar diversas vezes que "foram os escravos negros que fizeram dessas colônias canavieiras as colônias mais preciosas de que se tem notícia em todos os anais do imperialismo." A diferença de lucro gerado pelo inglês e pelo escravo negro era absurda. Um escravo rendia 130 vezes mais lucro que um morador da metrópole inglesa. E não há fim nos exemplos de contribuição e lucro gerado pelo comércio triangular marítimo, uma vez que tal prática também se mostrava mais lucrativa para a Inglaterra do que suas minas de carvão e estanho.  

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