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ESTERMÍNIO DOS BÁRBAROS: Guerra dos sertões

Por:   •  20/11/2018  •  Artigo  •  7.733 Palavras (31 Páginas)  •  132 Visualizações

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ESTERMÍNIO DOS BÁRBAROS: Guerra dos sertões

 

Iniciamos este artigo para fazer um balanço historiográfico (revisão bibliográfica) sobre a Guerra dos Bárbaros que foi uma série de conflitos entre colonos e indígenas nos sertões do Estado do Brasil. Iniciou-se na segunda metade do século XVIII até o início do século XIX (1757 a 1823). Mas entenderemos que esses conflitos são espelho de políticas e lutas advindas desde o século XVII e reflexo da colonização desde 1500. Essa guerra movimentou todo Nordeste brasileiro e esse projeto de TCC tentará mostrar as duras penas que os nativos tiveram que sofrer para persistir em suas terras sagradas. A palavra persistir resume bem os acontecimentos em toda extensão da resistência indígena. Na pesquisa tratamos os Tapuias como um agente histórico, demonstraremos que cada evento possui um significado que o liga a outros eventos. Com isso poderemos compreender mais atentamente como os levantes eram frutos dessa guerra, Veremos também como processos contínuos geraram consequências que resultaram inclusive na formação social brasileira.

Nossa intensão é demonstrar que a guerra dos bárbaros foram um conjunto de conflitos e enfretamentos militares pelo controle e domínio do território, mas também foi uma guerra de resistência cultural, os portugueses construíam uma imagem bárbara e depreciativa como “muro do demônio”. A conquista da América foi palco de um grande genocídio, talvez o maior da História da humanidade, quando cerca de 70 milhões de pessoas foram exterminadas, a violência marcou profundamente o corpo mas principalmente as mentes dos índios que conseguiram sobreviver, esses que jamais esqueceram o terror e seus mortos, suas terras que foram tomadas pelos colonos. Os índios guardam em suas memórias todo esse terror sofrido ao seu povo pela colonização.  Não sem razão Tzvetan Todorov escreveu que “nenhum dos grandes massacres do século XX pode comparar-se a essa hecatombe”. (ADUB. Prezia,2017. P 22). Se começamos a ter consciência dessa destruição ocorrida em nosso continente, ainda pouco se sabe sobre os 500 anos de luta dos povos indígenas no Brasil. Apenas um ou outro episódio se destaca na história oficial. De outro lado as informações são poucas e esparsas, geralmente obtidas através de textos escritos muitas vezes na perspectiva do vencedor, isto é, da sociedade dominante. A verdadeira e real história de resistência e luta desses povos indígenas ainda continuam desconhecidas. Muitos dos personagens, locais e principalmente as datas dessas lutas foram por muito tempo ignoradas pelos brasileiros principalmente por historiadores, antropólogos. Só recentemente, mais precisamente nas últimas décadas começou-se a fazer um resgate deste passado.

Então no primeiro tópico do artigo cientifico como exigência  trabalho de conclusão de curso (TCC) discutiremos quatro sub-tópicos, são eles: sub tópico I - lacuna na historiografia indígena, onde debatemos sobre a escassez de fontes primárias e também a falta de incentivo a estudos relacionados as resistências indígenas em todo território nacional mais especificamente em Pernambuco; sub tópico II – Expansão e ocupação o grande interesse do Império Português, discutiremos sobre em quais perspectivas o Império Português se interessara na interiorização rumo ao sertão, para podermos entender o motivos temos que conhecer o que acontecia na economia e na política da metrópole; sub tópico III – Tapuias, esclarecemos sobre os índios que genericamente eram chamados de ‘tapuias’ (tapuias eram todos os índios que não pertenciam ao tronco linguístico tupi ou guarani), tentamos mostrar também todos os povos indígenas que de alguma forma mesmo escassa conseguimos algum material, que tenham sido envolvidos nessa guerra ou engolidos por ela; o sub tópico IV - temos a criação do medo nesse sub tópico discutimos sobre a criação de um misticismo euro centrista no qual julga os tapuias como seres bárbaros e demoníacos; sub-tópico V – O que foi e o que é o Guerra dos Bárbaros?, nesse sub tópico discutimos um pouco mais sobre a guerra dos bárbaros, suas causas e consequências. Toda a dificuldade nas invasões do sertão sofrida pelos colonos como também toda a dificuldade dos indígenas na sua resistência que era algo maior que apenas do que residir em seu território, era um enfretamento pela vida, pela liberdade do seus filhos e claro do seu povo e o sub-tópico VI - As implicações para colonização: a Guerra dos Bárbaros como um ponto divisor, neste dissertamos sobre em que momento e por quais motivos a Coroa Portuguesa inicia uma política de extermínio no qual poderemos notar que algo parecido já vinha sendo praticado pela igreja só que com uma dose de religiosidade. Essa que foi uma guerra por território antes inóspito pela ótica euro centrista. Como Maria Idalina destaca bem em sua dissertação.

O discurso geográfico sobre o sertão, criado pelos colonialistas, era o lugar do esquecimento, onde os nativos foram, ao longo dos três primeiros séculos de colonização, poupados da degradação e invasão estrangeira. O sertão, imaginado como símbolo do martírio por sua imagem desertificada - o desertão, como sugere a etimologia - fecundou a ideia da sobrevivência de um ser sobrenatural, um ser humano intemerato. “O sertanejo é antes de tudo um forte” dizia Euclides da Cunha. Formou-se, assim, a concepção de lugar de sobrevivência de uma “raça inferior” (tapuia) ao contrário da “raça superior” europeia. (PIRES, 2004, P. 28)

  1. Lacuna na historiografia indígena

Ao se deparar com a historiografia brasileira depara-se com à seguinte conclusão; onde estão os livros que relatam essas invasões e consequentemente as batalhas, e os poucos que existem tinham em suma maioria muitas lacunas ou mesmo olhares enviesados. Deste modo, as poucas informações eram mais relatos do que fontes propriamente dito, e essas fontes normalmente relatavam a resistência mais ao sul da colônia onde hoje conhecemos por Espírito Santo, São Paulo e no Rio de Janeiro com a batalha do Guanabara. Partindo desse pressuposto, procuramos trazer a história da ‘guerra dos bárbaros’ ou resistência indígena como um todo, tentamos manter a pesquisa do artigo cientifico sempre geograficamente dentro do território pernambucano. Discutiremos os principais motivos que levaram a abnegação da historiografia tradicional, que indiretamente desqualificam o tema, já que o oprimem ao esquecimento. Por que na historiografia euro centrista propagam uma visão, território vazio, sem dono, como se o sertão estivesse apenas esperando sua chegada para sua exploração e incorporação para a economia colonial. A percepção que se tem de extermínio dos povos indígenas é de que foi algo distante em um breve momento de nossa história, ou mesmo sem uma resistência sólida. Ao contrário disso, a historiografia coeva tem demonstrado o protagonismo dos indígenas e a relevância política das diversas formas de resistência que mobilizaram no decurso do tempo.

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