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Economia, Sociedade e Independência da América Espanhola

Por:   •  17/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.709 Palavras (7 Páginas)  •  883 Visualizações

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Introdução

        No presente trabalho, pretendemos fazer um breve relato acerca da economia e da sociedade colonial na América espanhola após a chegada do conquistador europeu e também uma breve síntese do processo de emancipação política das Américas.

Ellen Costa Santos

Economia, Sociedade e Independência da América Espanhola        

A chegada de Colombo às Américas dará início ao processo de colonização do recém “descoberto” continente, quando este consegue o apoio dos reis católicos para sua viagem em busca de uma rota alternativa para às Índias. A Espanha recém unificada através do casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, vê no empreendimento a possibilidade de expansão ultramarina. A igreja também não fica de fora e aspira novos fiéis. O período que vai de 1492, quando Colombo chega na América e 1519, quando da primeira expedição de Cortez é “por alguns chamado de “ensaio antilhano”, ou seja, uma fase em que a colonização apenas se esboçou, circunscrita às ilhas do Caribe e a viagens de sondagem na costa continental.”[1]Guiada desde o início pela busca de riquezas, a política colonial espanhola inseria-se no contexto mercantilista que dominava a economia europeia no período das expansões ultramarinas, e foi a busca por metais preciosos e por uma balança comercial favorável que moldou a configuração política e administrativa da Espanha em relação ao seu Império Colonial na América.

        Após o esgotamento do ouro nas primeiras décadas da colonização, seria a vez da prata assumir a importância em nível de exploração na América espanhola. A descoberta das minas de Zacatecas, no México, e Potosí, no Peru, impulsionou e garantiu o lucro da colonização. Toda a economia da colônia girava em torno da mineração, inclusive a produção de animais de carga, alimentos e tecidos produzidos em outras regiões estava voltado para as áreas mineradoras.

        A exploração da mão-de-obra nessas duas áreas estava associada a duas formas de trabalho compulsórios: a encomenda e a mita. A encomenda consistia na exploração de um grupo ou comunidade de índios, que eram colocados sob a responsabilidade de um colono, a partir do pagamento de tributo a Coroa e da obrigatoriedade de cristianizar os mesmos. A mita foi a apropriação por parte dos espanhóis de um antigo tributo inca, cobrado na forma de braços para o trabalho, visando facilitar a exploração da mão-de-obra indígena, e consistia no sorteio de um grupo de homens de cada aldeia para trabalhar nas minas por um prazo determinado, com um salário insignificante, devendo depois retornar as suas aldeias, sendo substituídos por outros da mesma localidade.

        A coroa espanhola cobrava o quinto real sobre toda a produção mineradora. Seria justamente da necessidade de fiscalizar essa cobrança que surgiriam os primeiros impulsos para a montagem de um sistema político-administrativo na colônia. Os vice-reinos do Peru e da Nova Espanha seriam fundados na década de 1540, e no decorrer do século XVIII, com o crescimento das áreas periféricas, surgiriam os vice-reinos de Nova Granada (1717) e do Rio da Prata (1776). Cada Vice-Reino recebia um Arcebispo e uma Suprema Corte.

        Se nas áreas centrais o processo de colonização esteve sempre vinculado ao controle direto e efetivo da Coroa, o mesmo não se pode afirmar das áreas periféricas. As áreas meridionais da América do Sul: Paraguai, Argentina e Chile, de pouca rentabilidade para o comércio colonial com a metrópole, acabaram por se desenvolver de forma mais autônoma, e com uma produção agropecuária voltada para o consumo interno. No Caribe, especialmente em Cuba, e na Venezuela se desenvolveu um modelo de colonização mais próximo do brasileiro, baseado na mão de obra escrava, de origem africana, e na produção de bens agrícolas de interesse do comercial com a metrópole; o açúcar em Cuba e o cacau na Venezuela.

        A dominação social na América espanhola deve ser entendida sob o aspecto da construção de uma hegemonia por parte dos conquistadores e seus descendentes. Neste processo que mesclava a imposição pela força e o consentimento, dois elementos foram fundamentais: a Igreja e o patriarcado. A Igreja que através do processo de conversão contribuía para aumentar a aceitação da dominação espanhola, também participava da repressão, através dos tribunais religiosos, como o tribunal do Santo Ofício, e da sua subordinação à Coroa, devido ao regime do padroado. Não podemos esquecer que o ensino, nos colégios e universidades, estava nas mãos dos religiosos. O patriarcado por seu lado, com sua noção de honra familiar (masculina e feminina), e ênfase na figura do pai, estabelecia a naturalidade da dominação do homem, especialmente o branco, sobre a sociedade, espelhando a ordem celeste do Deus pai que a tudo comanda. Outro fator a ser destacado é o fato de que os índios já viviam sob a dominação Imperial (Inca e Asteca), e os espanhóis foram hábeis em se apresentarem como continuadores dos antigos dominadores.

        À hegemonia do colonizador juntava-se a hegemonia das cidades sobre as áreas rurais. A sociedade colonial espanhola viu surgir uma rede hierarquizada de aldeias, vilas e cidades que centralizavam o controle sobre a vida da colônia, e estabeleciam os padrões de desenvolvimento da área colonizada. Deste modo. A área das cidades, em especial as grandes cidades, era ocupada pela estrutura política e administrativa da colônia, com destaque para os cabildos, que constituíam o centro da vida política fora das grandes capitais. As famílias mais ricas e os eclesiásticos mais importantes, também, se mantinham nas grandes cidades. No interior, longe das áreas centrais, mais rentáveis, as haciendas centralizavam a vida colonial, possuindo, na contramão da vida citadina, uma maior miscigenação entre brancos, índios e mestiços. Essa miscigenação foi, à princípio, proibida pela Coroa Espanhola que pretendia manter separados os índios de seus súditos. No entanto, a baixa demográfica acabou sendo um empecilho para essa separação de raças, pois “em termos demográficos, vale lembrar que a composição por sexo dos imigrantes espanhóis era predominantemente masculina, sendo incomum a vinda de famílias organizadas, tal como sucedeu na Nova Inglaterra. O mesmo ocorria com o tráfico africano, onde imperava a maioria absoluta de homens. Por outro lado, a acentuada mortalidade indígena no século XVI foi, sobretudo, masculina – pois eram homens os guerreiros nas lutas da conquista e, também, os mais diretamente explorados nos trabalhos coloniais. Em suma, entre os espanhóis bem como entre os africanos, havia falta de mulheres, ao passo que na população indígena os homens se tornaram cada vez mais escassos. Os desequilíbrios demográficos deixaram aberto o caminho à miscigenação.”[2]

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