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Economia e Sociedade na Grécia Antiga

Por:   •  21/6/2017  •  Resenha  •  1.736 Palavras (7 Páginas)  •  1.019 Visualizações

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Economia e sociedade na Grécia Antiga

Capítulo I: Conceitos e problemas gerais

AUSTIN, Michel; VIDAL-NAQUET, Pierre. Conceitos e problemas gerais. IN Economia e sociedade na Grécia Antiga. Lisboa: Edições 70, 1989.

Neste capítulo os autores, Pierre Vidal Naquet e Michel Austin, iniciam uma discussão falando de como se deu o estudo sobre economia da Grécia na antiguidade.

O primeiro ponto abordado é a história econômica que, de acordo com o texto, inicia-se no século XIX e, durante certo tempo, manteve-se estudada de forma individual, não integrada na historia geral. Dessa forma os autores citam um dos principais entusiastas do estudo da Grécia, o inglês George Grote, que escreveu a História Grega, no qual as questões econômicas, se não ausentes, ocupavam um mínimo espaço, não provocando interesse de uma investigação mais profunda. Surge, porém, uma duvida: Como contextualizar, integrar, na Grécia Antiga uma dimensão econômica pensada no século XIX?

Os primeiros a tentarem encaixar na Grécia Antiga um conceito contemporâneo foram alguns destacados historiadores alemães: Eduard Meyer, K.J. Beloch e Georg Busolt. Meyer, e logo depois os outros, tentaram colocar a economia grega antiga numa plataforma mais “realista”, queriam uma história grega mais “moderna” do que se havia produzido até então. Bem intencionados, mas levados ao erro, porque o desenvolvimento grego que mostravam era baseado no desenvolvimento europeu de sua época, não levando em conta as divergências das sociedades e das épocas, fazendo vários paralelos, dizendo que a evolução dos séculos na antiguidade eram correspondentes aos da Europa Moderna, o século VII a.C. correspondia, para Eduard Meyer, ao século XIV d.C.. Isso levou o economista alemão Karl Bucher a apontar pontos impertinentes nas teses destes historiadores.

Entende-se então que foi uma discussão mal iniciada. O erro cometido por ambos, economista e historiador, foi situar o debate em sua contemporaneidade, julgando que a economia é sempre a mesma, que é igual para todas as sociedades, como uma reta, e o que diferenciam as sociedades é o ponto que elas alcançam nessa reta, dessa forma procuravam o ponto alcançado pelos gregos, porém baseados na economia européia.

Devido ao entrave era necessário partir de outro ponto, eis que surge o ilustre sociólogo alemão Max Weber, que propôs uma compreensão melhor da história grega, procurou encaixar características da cidade antiga em oposição a uma cidade medieval, entendendo que

havia mudança no panorama social de um espaço para o outro. As idéias de Weber foram seguidas pelo holandês Johannes Hasebroek, que relacionava a economia com a vida na pólis grega, segundo ele não era possível existir uma política econômica moderna na Grécia, porque a estrutura da cidade não era a mesma, não havia, por exemplo, a mesma noção de comércio. Apesar de inovadora, e de parecer ter resolvido o debate, a obra de Weber e de Hasebroek, que realmente elevaram esse debate, não foram bem vistas, e o holandês causou certo furor, aumentando a controvérsia com os que propunham uma economia antiga baseada na moderna, sendo criticado pelas muitas lacunas e contestações em sua pesquisa. E dentro desse processo valer citar também o nome de Karl Polanyi, historiador nascido na Áustria-Hungria, que mesmo não tentando estabelecer um esquema exclusivo para economia grega teve idéias fundamentais para entender a economia nas sociedades não modernas, onde separava a sociedade moderna das outras, dizendo que nas outras, as arcaicas, impossíveis de se estudar isoladamente, porque elas não existem independentemente, sempre está sendo influenciada por fatores externos a ela, e nesse ponto mostra o sentido do estudo de Weber e Hasebroek, que tendia mostrar uma impossibilidade de se estudar unicamente a sociedade arcaica grega.

Há no capitulo um tópico que fala sobre a palavra economia, dizendo que o sentido atual desse termo não se encaixa no contexto da antiguidade grega, mesmo que a origem da palavra seja do dito local, é a junção de oikós, que significa “aquilo que é da casa, patrimônio”, mais nomos, que quer dizer “estudo”, ou seja, a economia refere-se ao estudo sobre o patrimônio, sobre a gestão dos bens, então temos a oikonomia. E com este titulo há um tratado de Xenofonte que tem como tema a gestão dentro de um domínio familiar e a parte mais referida a economia é tratando da exploração do meio rural, e há também outro tratado dividido em três volumes de autores desconhecidos de influencia aristotélicas na qual o primeiro livro aproxima-se da obra de Xenofonte. Nesses relatos contemporâneos à Grécia Antiga percebe-se que a economia, por ser algo oriundo da Idade Moderna, não é relevante aos gregos da época.e os próprios autores do livro, Vidal Naquet e Austin, citam Tucídides, quando este diz: “o comercio não existia ( nas origens do mundo grego)”. Percebe-se também que a importância política no cenário grego era muito maior, e qualquer estudo de historia econômica do período acabará por se encontrar com uma analise política, e seguirá junto dela.

O texto destaca também que ao adicionar ao mundo grego o que chamamos de valores econômicos, percebemos a grande importância que se tem a agricultura em detrimento ao do trabalho manual, como o artesanato, visto que o primeiro pertencia ao homem digno, cidadão,

já o segundo pertencia aos escravos e aos estrangeiros, não considerados cidadãos, na organização social ateniense, a qual tomamos por base.

Continuando a leitura, alguns parágrafos a frente, fala-se sobre as guerras e a importância das mesmas no mundo grego. As guerras seriam para os gregos uma das formas mais comuns de adquirir serviços e bens e, dentro dos conceitos que conhecemos hoje,movimentavam a economia, já que eram essenciais para o abastecimento de escravos, considerados uma matéria-prima, que no caso eram os prisioneiros de guerra, dessa forma os vencidos sempre respeitando os direitos dos vencedores.

Outro ponto importante tocado no texto é a concepção de trabalho para o povo da Grécia durante a antiguidade, porque os gregos não viam o trabalho como ele é visto hoje, como algo importante, na qual os homens participam, numa grade de funções e isso é o determinante para a vida, para eles o trabalho não possuía nenhum valor positivo, era apenas algumas funções espalhadas sem nenhuma conexão entre si, o ócio era mais valorizados, porque apenas os ricos poderiam viver no ócio, e poderiam ir a ágora e discutir a vida na polis, e isso ajuda a entender porque a arte de cuidar da polis, a política possuía maior valor para os gregos.

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