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FOTAGRAFICA RIO, A CIDADE E SEUS TEMAS

Por:   •  26/2/2019  •  Resenha  •  2.463 Palavras (10 Páginas)  •  279 Visualizações

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O Livro Fotograficamente Rio, a cidade e seus temas, uma coletânea de artigos organizados por Ana Maria Maud, retrata a história visual da cidade do Rio de Janeiro, sob a perspectiva fotográfica, do fim do século XIX até os dias atuais.

        Os diversos artigos apresentam uma diversidade temática que vai desde a introdução da fotografia no Brasil, sua evolução tecnológica e seus principais expoentes; passeando pelo cotidiano dos moradores e seus ícones; retratando as belezas naturais e arquitetônicas da cidade; e apresentando alguns dos problemas sociais gerados por uma desigualdade econômica que se estampa nas favelas cariocas.    

        Para isso, a coletânea foi dividida em três grandes eixos, o Rio voltado para o mar, Personagens e lugares do Rio e Narrativas Visuais, os quais a partir de agora faremos uma breve análise de cada um de seus artigos.

        Em O mar, ícone e indício na fotografia pública do Rio de Janeiro (1906-1922), de Maria Pace Chiavari, o mar é apresentado como elemento de destaque na sua expressão geográfica e de memória do Rio de Janeiro. Pelas fotografias do ensaio, verificamos a importância que o governo dava a divulgação das obras de reubarnização que estavam sendo realizadas, principalmente no Centro e no litoral Sul.

Nesse aspecto, os fotógrafos, na sua maioria, contratados pelo poder público, procuravam valorizar a aparência de modernidade das novas avenidas e sua interação com o mar na expansão urbana da cidade.

        No artigo Um Retrato do Tempo: A Presença da Hora no Cenário Carioca do Início do Século XX, de Sabina Alexandre Luz, relata a história da marcação do tempo na cidade, desde os seus aspectos científicos a sua importância no cotidiano dos moradores do Rio de Janeiro. Para isso, registra a localização do Observatório Nacional no Morro do Castelo, um dos ícones geográficos da fundação da cidade, o serviço do balão e sua ligação com a navegação marítima e a Bahia da Guanabara, e os principais relógios da arquitetura urbana carioca.

        Destaca-se, ainda, a transferência do Observatório Nacional para o Morro de São Januário, em São Cristóvão, num processo de modernização urbana do Centro, o fim da regulagem da hora pelo balão e a chegada da precisão das transmissões radiotelegráficas.

        A paisagem do Rio (finalmente) como atrativo da cidade: uma análise do Guia artístico do Rio de Janeiro, publicada em 1922 pelo Photo Studio Huberti, é o tema do artigo de Isabella Perrotta, que faz uma passagem pelos primeiros guias turísticos do fim do século XIX, que tinham como objetivo servirem de auxílio aos estrangeiros que se estabeleciam na cidade, até o surgimento do primeiro guia completo em 1922. O lançamento deste guia coincidiu com as comemorações pelos 100 anos da Independência, e nesse contexto, procura mostrar uma cidade em processo de transformação, repleta de belezas naturais e que se abria a uma modernidade que aflorava por todos os cantos.

O guia se destaca pela valorização da estética, diferenciando-se dos primeiros guias que primavam pela textualidade, procurando uma linguagem autoral moderna que se propõe a um novo enquadramento para belezas já tanto divulgadas.

O mar e o litoral carioca estão em destaque no ensaio de Marcos Felipe de Brum Lopes, A praia: do pitoresco aos conflitos sociais sob o sol carioca. O artigo retrata as primeiras imagens do século XVIII (paisagens bucólicas e pitorescas); passando pela introdução da fotografia no Brasil no início do século XX (sintetizada pela oposição entre a natureza e o urbano) até chegar às imagens atuais do nosso cotidiano.

Nele, a representação fotográfica, como documento/monumento, da história do Rio de Janeiro a partir da segunda metade do século XX, ganha aspectos sociológicos e antropológicos, ao reproduzir a dicotomia entre o litoral, destinado a elite branca e moderna, e o interior, destinado aos pobres e excluídos. A praia carioca é a melhor imagem dessa dicotomia, como fica bem claro na imagem de jovens negros sendo abordados por policiais, dentro de um ônibus, no trajeto favela-praia.

Tendo como tema central as praias cariocas e a sua relação com o cinema nacional, Para além do hedonismo – a representação das praias cariocas no cinema moderno brasileiro (1955-1970), de Carlos Eduardo Pinto de Pinto, faz uma análise do cinema nacional que, num primeiro momento, apresenta as praias cariocas como um local de alienação, caracterizadas como paraísos tropicais abertas à modernidade, em oposição às favelas reduto de brasilidade, numa referência aos seus valores de comunidade e autenticidade. Num segundo momento, as praias são retratadas pelos cineastas, com enfoque na política, nos conflitos sociais e existenciais.

  A fotografia aqui não é pano de fundo e sim as obras cinematográficas de diversos cineastas, navegando nas principais temáticas do Cinema Novo e de outros diretores que fomentaram o cenário cinematográfico das décadas de 50 e 60, tendo como fio condutor uma relação hedonista com a cidade e seus moradores. Para tanto, o artigo faz uma passagem por alguns dos clássicos do cinema nacional como: Rio 40 graus, marco do cinema moderno; Os cafajestes, polêmico como obra vinculada ao Cinema Novo e marcada pela primeira cena de nudez frontal do cinema brasileiro; A grande cidade, identificada pelo período de maturidade do Cinema Novo e que retratou a oposição entre a favela e o sertão; Todas as Mulheres do Mundo, que se afastou da temática política tão típica do Cinema Novo; e Garota de Ipanema, que procurou desmistificar a obra musical de Vinícius de Moraes e Tom Jobim.

 Expandindo olhares: fotografia e a visibilidade da luta pela moradia na Zona Portuária carioca, por Coletivo FotoExpandida - Felipe Nin, Henrique Zizo, Luiza Cilente, é um ensaio que descreve o processo de gentrificação porque passa a zona portuária do Rio de Janeiro, especificamente nas obras de reurbanização para os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

Como oposição a esse processo, diversos movimentos sociais buscaram, através da produção de imagens, construír uma memória fotográfica daquela região, tornando-se elementos de resistência aos processos de remoção de comunidades, de mercantilização do solo urbano e de exclusão dos seus moradores. Como artífices desse processo, a prefeitura, as mídias e os empresários, procuram relativizar esses conflitos e tentam, de toda maneira, apresentar uma imagem positiva das mudanças em curso.

O artigo, A prática estereoscópica de Guilherme Santos e o Rio de Janeiro em perspectiva tridimensional na primeira metade do século XX, de Maria Isabela Mendonça dos Santos, discorre sobre os pioneiros da fotografia estereoscópica no Brasil e o desenvolvimento dos equipamentos, destacando Guilherme Santos, o principal representante dos fotógrafos que se utilizavam dessa tecnologia. A autora destaca o período de grandes transformações que passava a cidade, iniciadas no governo de Pereira Passos e que prosseguiu no governo de Carlos Sampaio.

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