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JOSEF MENGELE E ÉTICA

Por:   •  10/5/2017  •  Resenha  •  1.453 Palavras (6 Páginas)  •  286 Visualizações

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JOSEF MENGELE E ÉTICA

Luiza Cristina Rachor

Saúde na América Latina

Josef Mengele foi um médico alemão que atuou durante o regime nazista na Segunda Guerra Mundial. Ele ficou conhecido como Todesengel (“anjo da morte”), devido a sua função dentro do campo de concentração de Auschwitz. Ele não possuía uma posição de alta escala, era apenas um em um círculo de 30 médicos dentro do campo. Porém usava sua posição de ‘selecionador’ para encontrar gêmeos que seriam suas cobaias nos seus experimentos científicos.

Nascido em 26 de março de 1911 em Günzburg, Josef era o filho mais velho, seu pai era um empresário e esperava que ele assumisse os negócios da família. Porém, quando tinha 19 anos, Josef se mudou para a cidade de Munique para entrar na faculdade de medicina. Durante sua estadia na universidade, começou a demonstrar interesse sobre genética e evolução, e estudava sob a orientação de professores que defendiam a eugenia nazista. Em 1935 ele recebeu o prêmio de Phd em antropologia física pela Universidade de Munique e em 1937 ele se tornou assistente do Dr. Otmar von Verschuer, cientista famoso por seus estudos sobre gêmeos. Nesse mesmo ano Josef se filiou ao partido nazista, porém só se juntou oficialmente um ano depois, quando recebeu seu diploma de médico. Inicialmente, ele servia como voluntário da Waffen-SS e há alguns indícios de que ele atuou como médico especialista de um departamento de raça e assentamento no nordeste da Alemanha, onde participou de algumas ações militares. Josef foi ferido durante sua estadia e após retornar ele começou a trabalhar em um instituto chamado Kaiser Wilhelm de antropologia, genética humana e eugenia, esse instituto era dirigido pelo ex-professor de Mengele, Dr. von Verschuer. Após algum tempo de trabalho ele foi promovido e esse fato o levou a ser transferido para Auschwitz.

Auschwitz fazia parte de uma rede de campos de concentração e era o maior deles, sendo formado principalmente por Auschwitz I, que era o campo principal e centro administrativo do complexo, Auschwitz II–Birkenau, que era o campo de extermínio e Auschwitz III–Monowitz, que servia como um subcampo para Auschwitz I. Os prisioneiros eram separados com diferentes cores de roupas, verde era usado para criminosos comuns, vermelho para os presos políticos e amarelo para os judeus. Judeus e presos soviéticos eram os mais torturados dentro dos campos. Todos os prisioneiros tinham que trabalhar, mas nem todos conseguiam sobreviver às condições de vida e a árdua jornada de trabalho dentro do complexo. Dos primeiros 10 mil prisioneiros de guerra, apenas algumas centenas sobreviveram aos cinco primeiros meses. Auschwitz II–Birkenau é o campo de concentração mais conhecido, esse era o campo de extermínio. Ali foram aprisionados e executados milhões de judeus e ciganos, era onde funcionavam as câmaras de gás. Os nazistas chamavam esse extermínio de “uma solução para o povo judaico” e esse complexo tinha sido criado unicamente para o extermínio em massa dos seus prisioneiros. O comandante principal desse campo, Rudolf Höss, em depoimento para o Julgamento de Nuremberg, contou que Heinrich Himmler, um dos principais líderes do partido nazista, lhe deu ordens diretas de preparar o campo para esse propósito:

No verão de 1941 eu fui convocado a Berlim pelo Reichsführer-SS Himmler para receber ordens pessoais. Ele me disse algo - eu não lembro as palavras exatas - sobre o Führer ter dado a ordem para a solução final da questão judia. Nós, a SS, deveríamos levar adiante essa ordem. Se ela não fosse cumprida agora, os judeus iriam no futuro destruir o povo alemão. Ele havia escolhido Auschwitz por causa de seu fácil acesso por trem e também porque a grande área em que ele se encontrava oferecia espaço para medidas que assegurassem o isolamento.

Depois disso, foram criados inúmeros outros complexos a partir de necrotérios, para o extermínio em massa dos prisioneiros. Também começaram a “aperfeiçoar” os métodos, usando maneira de inserir o gás da morte dentro dos cômodos e retirar o mesmo após as mortes. Auschwitz III–Monowitz era um subcampo para Auschitz I, ele servia como um campo de trabalho escravo e campo de trabalho educacional para prisioneiros que não eram judeus. Os que eram considerados inaptos ao trabalho eram enviados para execução em Birkenau.

Quando Mengele ingressou no campo de concentração, Auschwitz contava com 140 mil prisioneiros.  Ele foi nomeado médico do campo das famílias de ciganos pelo médico SS (de Schutzstaffel, “Tropa de Proteção” em português) Dr. Eduard Wirths. Ele foi designado a fazer inspeções e era ele quem decidia os prisioneiros que iriam para os campos de trabalhos e os que seriam enviados para as câmaras de gás. Assim, ele recebeu o apelido de “anjo de morte” pois era ele quem tinha o poder de decidir quem viveria ou não. Emmy Blum, sobrevivente de Auschwitz, conta ao documentário da Linha Direta Justiça:

Lá, chamaram ele de anjo da morte. A mão direita a vida, a mão esquerda câmara de gás.

Josef se interessou pelo estudo de gêmeos, preferencialmente crianças. No bloco 10 de Birkenau era onde ele realizava seus experimentos genéticos, as crianças eram separadas, medidas, pesadas e comparadas. Ele tinha total permissão para matar e/ou mutilar suas cobaias, que eram obrigadas a participar. Em suas experiências ele aplicava tinta nos olhos dos gêmeos para ver se conseguia modificar a cor dos mesmos; unia as veias para tentar fabricar gêmeos siameses, amputava membros e coletou inúmeros órgãos de seus prisioneiros. Se um dos gêmeos morresse durante seus atos, o outro era simplesmente descartado também, sendo enviado para as câmaras de gás pois já não servia mais para ele. Também fazia inúmeras experiências com outros prisioneiros. Emmy Blum sofreu diversas injeções de Mengele, emocionada, ela conta:

A reação foi horrível, começou aqui (rosto) a ficar paralítico, depois aqui (mãos) depois até aqui (pernas). Depois já não sabia onde estava.

Josef esperava usar seus resultados de experiências para ganhar um pós-doutorado, título que ele precisava para conseguir admissão em um corpo docente de universidades de língua alemã.

Para Mengele, a vida não interessava, apenas a ciência. Além de seus estudos com gêmeos, ele ajudou Hitler a tentar atingir uma raça pura, superior, longe de doenças e imperfeições. Ben Abraham, sobrevivente de Auschwitz, no programa Linha Direta Justiça testemunha que:

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