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Mulheres Na Historiografia

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Por:   •  16/5/2013  •  1.579 Palavras (7 Páginas)  •  475 Visualizações

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MULHERES NA HISTORIOGRAFIA

Vania da Silva Fontes Santos (vaniafontes@bol.com.br)

Maria da Piedade Santos Oliveira (Maria.posantos@bol.com.br)

Resumo: O presente artigo tem como objetivo mostrar de que maneira se deu o desenvolvimento da história das Mulheres bem como a sua evolução no meio acadêmico. Busca-se também explicitar a trajetória do tema "mulher" na historiografia brasileira identificando algumas publicações pertinentes ao tema.

Palavras-chave: História das Mulheres. Historiografia. Historiadores.

Para Rachel Soihet o desenvolvimento de novos campos como a história das mentalidades e a história cultural promovido pela Escola dos Annales, surgida em 1929, gerou uma grande reviravolta da história nas últimas décadas. A partir daí começou a se debruçar sobre temáticas e grupos sociais até então excluídos historicamente, como os operários, camponeses, escravos, pluralizando-se os objetos de investigação histórica. É mais precisamente em 1970 com a terceira geração dos Annales que as mulheres também são incluídas como campo de estudo transformando-se em objeto e sujeito da história.

Entretanto, é através do movimento feminista que teve início como ideologia política no século XIX, mas que só se expandiu nos anos 60 através das reivindicações das mulheres e dos movimentos políticos, que a história das mulheres ganha espaço e se consolida no meio acadêmico. Afirma Mary Del Priore que foram as feministas que fizeram a história das mulheres antes dos historiadores criando as bases para uma história das mulheres realizada por historiadores.

A feminização nas universidades foi outro fator que contribuiu para as pesquisas sobre as mulheres, onde elas procuraram investigar sobre si próprias, fazendo questionamentos, procurando descobrir a sua própria realidade para evidenciar que as mulheres têm uma história.

Segundo Michele Perrot um dos raríssimos historiadores a escrever sobre as mulheres no século XIX foi Michelet, sendo muito importante sua contribuição nesta área, pois assumia uma postura sensível diante desta, fato não muito comum na época, já que a história estava muito ligada ao positivismo, corrente historiográfica que se limitava a registrar os grandes acontecimentos e os grandes homens.

Em seus escritos ele enxergava a natureza feminina como possuidora de dois vieses, sendo por um lado, maternal e benéfica, a da esposa e mãe, e por outro, demoníaca e maléfica, quanto se aproximava de outras representações da mulher, como Eva ou a feiticeira. Ele demonstrou isso em diversas fases da história da França.

Para Mariana Amorim nessa época a mulher é encoberta por imagens ideais, por mitos e estereótipos, sendo mascarada na historiografia. Ora elas são loucas, destruidoras das rotinas familiares, ora estas são doces, passivas, amorosas, quietas. Enfim, a história das mulheres aparece dentro de uma simbologia congelada, imobilizada nos costumes, simplificando assim, a complexidade da realidade histórica.

No entanto, a história das Mulheres só se constituiu como campo definível de estudo no século XX, especialmente nos anos 60, sendo importante frisar que nessa época esta assumiu uma perspectiva política devido à estreita relação com o movimento feminista. Mas nos anos 70 essa história se afastou mais da política e a produção historiográfica feminina foi marcada pela influência marxista e o mundo do trabalho, sendo que somente nos anos 80 esse campo ganhou o seu próprio espaço, desviando para o gênero, saindo da política para a história especializada e daí para a análise.

De acordo com Soihet e Pedro a categoria gênero passou a ser bastante abordada na História das Mulheres, pois esse termo quer estabelecer que as mulheres têm uma história separada da dos homens. Outra concepção de gênero quer apontar e modificar as desigualdades entre os homens e as mulheres, focalizando não somente as relações entre ambos, mas também entre os homens e entre as mulheres. O homem passou a não ter mais caráter universal, pois o sujeito da história agora incluía homens e mulheres e passou-se a desacreditar numa identidade única entre as mulheres e a conceber a existência de múltiplas identidades.

Constata Soihet que as primeiras abordagens no Brasil sobre a família e os papéis femininos devem-se a Gilberto Freire; mas as análises do autor mostram as mulheres brancas do século XIX como submissas, embora fique evidente o seu poder revelado nos maus tratos que estas aplicavam às escravas suspeitas de atrair a atenção dos seus maridos. Soihet (1997, p.293) afirma que:

...Pesquisas recentes têm relativizado a sujeição feminina, ao trazer à tona algumas de suas rebeldias e transgressões. Mulheres assumiam o mando da casa, gerindo negócios e propriedades. Por outro lado, após a década de 1970, estudos demonstram diversas formas de organização familiar entre os diferentes segmentos sociais_ no início do século XIX, a família patriarcal não chegava a representar 26% dos domicílios...

No entanto nos alerta Tânia Silva que no Brasil as narrativas históricas sobre as mulheres se consolidaram mesmo nos anos 80 e foram centradas no período colonial através de relatos de viajantes, de processos civis e criminais e da iconografia, abordando-se a senhora de engenho e a escrava, ficando ainda muito distante de destacar as resistências que as mulheres enfrentaram ao longo do tempo e das suas posições como chefes de famílias e dirigentes de negócios.

Daí por diante várias escritoras brasileiras se enveredaram por esse caminho e escreveram diversas obras sobre as mulheres do século XIX. É considerada pioneira na historiografia brasileira Maria Odila Leite da Silva Dias, com o livro "Quotidiano e Poder em São Paulo no século XIX". Também podem ser citados "Do cabaré ao Lar" de Margareth Rago, que trata da participação da mulher operária no século XIX e suas opressões, publicado em 1985; "A condição feminina no Rio de Janeiro, século XIX: antologia de textos de viajantes estrangeiros", de Miriam Moreira Leite, publicado em 1984. Em 1989 esse quadro se ampliou e diversas autoras publicaram muitas obras referentes às mulheres como Marta de Abreu Esteves em "Meninas Perdidas: os populares e o cotidiano do amor no Rio de Janeiro da Belle Époque"; Raquel Soihet em "Condições Femininas e formas de violência: mulheres pobres

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