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O Cenário da Crise

Por:   •  16/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.666 Palavras (7 Páginas)  •  103 Visualizações

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O CENÁRIO DA CRISE

 CRISE DE 2008

"Eu acredito muito na livre iniciativa, por isso o meu instinto natural é se opor a intervenção do governo. Eu acredito que as empresas que tomam más decisões devem sair do mercado. Em circunstâncias normais, eu teria seguido esse curso. Mas estas não são circunstâncias normais. O mercado não está funcionando corretamente. Houve uma perda generalizada de confiança, e grandes setores do sistema financeiro da América estão em risco". - George W. Bush

        No dia 24 de setembro de 2008 George Bush fez um pronunciamento à nação americana, na tentativa de esclarecer os US$700 bilhões gastos em uma semana para salvar bancos à beira da falência. Considerada a pior desde a Grande Depressão de 1929, a crise de 2008 pode ter seu início impulsionado pelos ataques de 11 de setembro de 2001. Depois da ofensiva terrorista, o governo americano se envolveu em duas grandes guerras, no Iraque e Afeganistão.

Os altos investimentos com o combate, combinados à falta de regulamentação no mercado financeiro e à ajuda de países como China e Inglaterra, fizeram com que os bancos passassem a investir mais do que podiam em hipotecas de alto risco. A grande oferta e a baixa taxa de juros fizeram com que os consumidores passassem a comprar, principalmente, imóveis que estavam valorizando.

Segundo Carlos Braga, professor de política econômica internacional, acreditou-se que os consumidores não iriam abusar do crédito fácil. Acreditou-se também que os bancos não iriam abusar da falta de controle. Por fim, vimos que não se deve acreditar veementemente em crenças. Quando o preço dos imóveis começou a cair, as instituições não tinham dinheiro para cobrir suas dívidas. Foi aí que o mercado financeiro começou a desmoronar.

Como ficou o Brasil durante a crise? O então presidente Lula afirmou que a crise poderia ser um tsunami nos Estados Unidos, mas caso chegasse ao Brasil, não passaria de uma marolinha. A primeira empresa brasileira a registrar perdas ligadas diretamente à crise financeira nos Estados Unidos foi a Sadia, com perdas que chegaram a R$ 2,042 bilhões, culminando na fusão da companhia com a Perdigão, que deu origem à BRF.

A partir daí medidas econômicas foram tomadas e o Brasil se apoiou na expansão do consumo interno, baixando juros, diminuindo a alíquota de alguns impostos e liberando bilhões de reais em depósitos compulsórios para bancos. Além da queda do PIB, o Brasil não teve nenhum impacto muito terrível, ao contrário dos EUA e Europa. Os índices de desemprego não se alteraram e a população seguiu consumindo.

CRISE BRASILEIRA

“Esgotamos todos os recursos”. Foi assim que a presidente Dilma Rousseff admitiu que as políticas de combate à crise de 2008 desequilibraram as contas públicas. Para reestabelecer a economia só há dois caminhos: reduzir despesas, o que significa corte de investimento público, ou aumentar receitas, ou seja, mais impostos. O governo atual optou pelos dois.

O motivo para a atual crise no Brasil foge da questão econômica e passa pela questão de credibilidade. As medidas de ajuste fiscal não passaram porque ninguém quer colocar dinheiro na posse de um governo que não sabe como aplicá-lo em prol do desenvolvimento. Escândalos de corrupção combinados à impunidade fragilizam a administração, que não tem credibilidade suficiente para contar com o apoio de setores da economia nacional.

A falta de investimentos em infraestrutura tem levado o país a perder competitividade interna e externamente. A total carência de planejamento estratégico de longo prazo para a economia é deteriorante. O governo vem trabalhando com uma estratégia de reação aos fatos, onde medidas emergenciais são adotadas para tratarem problemas que seriam facilmente resolvidos com planejamento.

A indústria se tornou uma das principais amarras do crescimento brasileiro. No primeiro semestre de 2015 a produção industrial recuou 6,3%, voltando ao nível de 2009, época em que a economia mundial se recuperava da crise. O mercado externo dá sinais de fraqueza e o mercado interno está parado. Como afirma o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza, “A fraca economia doméstica está fazendo com que a crise da indústria se aprofunde e se torne mais severa”. As crises política e econômica derrubaram a confiança dos consumidores e empresários, o que estagnou os investimentos.

Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário, afirma que a incerteza quanto à produção nacional é tão grande que vale mais a pena fechar a operação industrial e importar tudo da China. A marca se mantém, mas impulsiona o índice de desemprego. A população segura gastos diante da alta dos preços e da ameaça de desemprego. O comércio, indústria e construção pisam no freio, porque sentem que o consumidor está inseguro.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, “O erro primordial foi que o Brasil se colocou como dependente da China, e não o contrário”. A desaceleração do crescimento chinês tem causado efeitos perversos no Brasil fazendo com que o preço das commodities despencasse e atingisse o menor nível deste século.

Com o lucro das commodities, o governo encheu os cofres das reservas internacionais, mas não olhou para a indústria. Segundo o professor do Insper e especialista em China Roberto Dumas, houve um erro de estratégia: “Em vez de apenas estimular o consumo, o governo precisava ter melhorado a capacidade produtiva”. Sem uma indústria competitiva, o país se concentrou nas exportações. Em 2014, os três principais produtos vendidos para a China - minério de ferro, petróleo e soja - correspondiam a 80% de todo o valor exportado.

O auge das exportações coincide com a fase de forte crescimento da China, que mantinha uma política agressiva de investimentos em infraestrutura. O país asiático se tornou o maior comprador de matérias-primas e elevou os preços. Com a atividade em desaceleração, a China tenta diminuir a participação dos investimentos no PIB e foca no aumento do mercado de consumo interno. Como consequência, o preço médio da tonelada do minério de ferro caiu 71% em pouco mais de quatro anos.

Com o crescimento da economia baseado em serviços, os salários se elevaram e o desemprego caiu. A expansão econômica era liderada pelo trabalhador menos qualificado. No atual cenário, as exportações diminuíram, levando junto com elas o emprego. A inflação em alta é outro ponto que diminui o poder de compra do trabalhador que passa a consumir menos, impactando na demanda de bens e serviços, dando origem a mais desempregos.

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