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O Contexto Histórico Do rádio Brasileiro

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Por:   •  15/9/2014  •  2.699 Palavras (11 Páginas)  •  344 Visualizações

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O contexto histórico do rádio brasileiro

O rádio no Brasil tem sua primeira transmissão por volta de 1922, nos festejos do Centenário da Independência Brasileira.2 Ele nasce como meio de comunicação das elites, e não das massas (que não tinham contato com este meio), além de se dirigir a quem tinha condições de adquirir os aparelhos receptores que eram muito caros na época. Em sua primeira fase, o rádio brasileiro se estabeleceu como um veículo de comunicação privado, subordinado às regras do mercado econômico e ao mesmo tempo controlado pelo Estado.

Sendo assim, a fórmula utilizada para a criação de uma nova emissora era a formação de uma rádio-sociedade, que previa em seus estatutos a existência de associados com obrigação de colaborar com uma determinada quantia mensal. Desta maneira, o setor radiofônico na década de 20 era uma área de incertezas, com investimentos caros e retorno duvidoso.

Pode-se considerar que o desenvolvimento do rádio brasileiro foi freado neste período, não “apenas por razões de ordem técnica, mas também pela turbulenta conjuntura política”.3 Já na década de 30, o rádio sofre uma mudança radical com a inserção de mensagens comerciais, onde o que era “erudito”, “educativo”, “cultural”, passa a transformar-se em “popular”, voltando-se mais para o lazer e à diversão.

No entanto, foi no governo de Getúlio Vargas que se demonstrou preocupações no sentido de estabelecer regulamentação específica para os diversos setores de produção cultural. Os decretos nº 20.047 e 21.111 (27.5.1931 e 1.3.1932, respectivamente) regulamentavam, de forma detalhada, o funcionamento técnico e profissional do setor radiofônico.4

Com a devida regulamentação, as emissoras puderam fazer o uso da inserção da publicidade favorecendo para que as rádios se organizassem como empresas. Sendo assim, seu intuito maior era disputar o tão sonhado “mercado”.

Segundo Gisela Ortriwano, com o advento da publicidade as emissoras radiofônicas trataram de se organizar como empresas para disputar então o mercado.5 Desta maneira, essas “novas empresas” começaram a se preocupar em como obter status e popularidade, voltando seus conteúdos para uma visão mais mercadológica e menos educativa.

Entretanto, o rádio após as transformações ocorridas (regulamentação e profissionalização) não pôde mais viver da improvisação, tendo que se adaptar e aprimorar suas técnicas. A sua linguagem tornou-se mais coloquial, direta e de fácil entendimento e a publicidade torna-se o suporte de sua programação.

Contudo, o objetivo das emissoras naquele momento era alcançar audiência e abrir novos espaços para as mercadorias anunciadas. Pensava-se em mobilizar os ouvintes, induzindo-os com as mensagens publicitárias para consumir os produtos que estavam sendo anunciados, como apresenta Abraham Moles:

“A doutrina demagógica visa a imergir o indivíduo em um campo publicitário e a mantê-lo nele durante o maior tempo possível, por um recurso permanente a sua tendência ao mínimo esforço. Procura condicioná-lo nesse campo à adesão a um certo número de valores que constituem para ele motivações permanentes, sendo esses valores os de uma sociedade de consumo”.6

Essa nova fase do rádio será muito marcada na Era Vargas, onde diversas agências de publicidade vindas para o Brasil, na década de 30, passam a usar o rádio como meio de venda de seus produtos anunciados. Sendo assim, o papel que o rádio assume perante a sociedade, neste período, é o elemento fundamental na determinação dos critérios de seleção dos conteúdos da programação da emissora.

Neste sentido, Ortriwano orienta que o fundamental no que diz respeito ao rádio e aos outros meios eletrônicos é que eles têm uma grande função enquanto empresa: que é vender-se enquanto veículos. E isso fica claro quando o veículo – o rádio – passa a ocupar lugar de destaque no lar dos brasileiros, como menciona Lúcia Lippi Oliveira.7

Sendo assim, o novo objetivo das emissoras radiofônicas se modifica tornando-se um só: “atingir o ouvinte, o consumidor dos produtos e serviços anunciados”. A mensagem emitida pelo veículo torna-se um produto determinado pelo aparelho burocrático radiofônico, que para existir apóia-se no complexo publicitário.

Não obstante, o rádio, com o passar do tempo, passa a ser também um poderoso “instrumento político” que tanto poderia servir à mudança como à manutenção de um Estado. Quando o governo Vargas, implanta no Estado Novo o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), a radiodifusão torna-se uma forma de repressão e controle feita pelo Estado.

Isabel Vieira afirma tal pensamento ao dizer que “o rádio torna-se um instrumento ideológico na medida em que seu controle e propriedade o transforma em ‘arma’ – arma que mobiliza, induz, liberta ou escraviza”.8 Já Gisela Ortriwano ressalta que o rádio, como meio de comunicação com grande poder de penetração entre as massas, une-se com a política, onde a influência desta penetra em todos os setores da radiodifusão.

A autora reforça a idéia de que qualquer que seja o regime político em vigor, a informação jamais se constitui em atividade livre. A ação política passa a ser exercida sobre os meios de comunicação de massa, sendo mais difícil de ser detectada do que aquela que é especificadamente legal ou econômica (pois esta já é determinada ou condicionada pela visão política do assunto).

Percebe-se com isso, que além da política, de posição autoritária e centralizadora, um outro fator importante na determinação dos conteúdos veiculados nas rádios é o “Campo Publicitário”.9 Sendo que este é um dos elementos que influenciam não só o consumo dos ouvintes, mas também a imposição de um novo comportamento entre os sujeitos.

Sendo assim, as variáveis que interferem na determinação dos critérios de seleção dos conteúdos envolvem aspectos múltiplos, interdependentes entre si, abrangendo o macro e o micro ambiente social em que a emissora está situada. Desta forma, o trabalho em sala de aula pode ser voltado à explicitação destas variáveis através da audição de gravações radiofônicas do período estudado.

http://www.efdeportes.com/efd136/o-radio-como-recurso-didatico.htm

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