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O Documentário Cidadão Boilesen

Por:   •  26/8/2019  •  Resenha  •  1.229 Palavras (5 Páginas)  •  176 Visualizações

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                                   Cidadão Boilesen

Albert Hening Boilesen foi um empresário que financiou a Ditadura empresarial militar no Brasil, ele era presidente do grupo Ultragaz e um dinamarquês nacionalizado brasileiro.

O documentário que discorre sobre Boilesen utiliza-se de uma produção que vai desde amigos do Boilesen e companheiros durante a Ditadura Empresarial Militar, ao mesmo tempo em que desmistifica todo um embelezamento e caráter positivo de suas condutas ou até mesmo uma naturalização do perfil de Hening Boilesen. No que tange a rede de colaboração na chamada Operação Bandeirantes (OBAN) que serviu de embrião para o DOI-CODOI, uma central de tortura mais aprofundada em termos científicos a benefício da tortura, Boilesen foi o mais exposto e ostensivo em sua relação com os militares, financiou a tortura com dinheiro, empréstimos de veículos e uniformes que serviam de disfarces dos agentes policiais e deixava transparente seu ódio pelos comunistas da época, essa evidência influenciou diretamente na sua morte numa ação revolucionária do grupo MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes) que lutavam contra a Ditadura Empresarial Militar em 1964, mas especificamente de 1969-1978 os anos de fortes repressão e tortura da Ditadura no Brasil. O filme, além disso, levanta o apoio dos empresários paulista para a consagração de uma estrutura social repressiva e quais os motivos que os levaram a isso.

Boilesen foi de chefe de contabilidade na empresa Firostone do Brasil, diretor administrativo de vendas na Fábrica Dantop para Presidente da Ultragaz, a maior distribuidora de gás de cozinha e mais importante do Grupo Ultra nas décadas de 1960-1970. O mesmo afirmava que as dificuldades vividas na infância foram pontos determinantes para a vontade de vencer na vida e competir livremente.

Durante o documentário várias colocações são pontuadas sobre sua personalidade: um homem elegante, divertido, idealista politicamente. Porém, no que se refere a desmistificação do perfil de Boilesen, são levantados documentos pessoais, desde o seu boletim escolar até suas relações sociais, onde estas demonstram um rapaz que se caracterizou na sua infância como um aluno superficial, pouco produtivo  nas matérias escolares (destacava-se mais nos esportes) e, por vezes, gostava de ver seus colegas levando punição na escola. Tais apurações aparentam uma certa naturalização dos seus atos desde a infância até seus crimes na ditadura no Brasil, bem como seu investimento para o aparelho repressor. Entretanto, em contraponto a isso, o filme relata escancaradamente o motivo da iniciativa de Boilesen ao colaborar com OBAN, estes motivos estão relacionados a um caráter político, estratégico econômico e baseado em interesses de uma determinada classe social.

No que concerne a repressão na Ditadura no Brasil o filme aponta que o Governo, sem recursos acessíveis naquele tempo, precisava do apoio dos empresários para instaurar o aparelho repressor. Este aparelho repressor surgia como uma ideia de ‘‘contrarrevolução’’ da possibilidade de o Brasil estabelecer os aspectos da Cuba, que naquela época era dirigida pelo revolucionário Fidel Castro e passou a atender os interesses da classe explorada, a classe trabalhadora. Assim, para enfrentar a luta armada que emergia na época da esquerda revolucionária, o Governo convoca o empresariado Paulista. No filme é exposto, de forma clara, como a junção de interesses empresariais, projetos políticos, financeiros e pessoais, se articulam fortemente com o objetivo de extinguir a subversão. Esse aparelho repressor também agregou empresas internacionais, com o apoio direto do EUA. Esse apoio surgiu através da ideia de que os setores dominantes economicamente precisavam da Doutrina de Segurança Nacional anticomunista (DSN), como um fator que contribuiria para ‘’apaziguar’’ e possibilitar os negócios. Os EUA preocupados com sua influência passaram a consolidar a política interna de cada região, na intenção de extensão de sua política externa. No que concerne esse pensamento, ele estava atrelado com o receio da vitória revolucionária que havia ocorrido em Cuba em 1959 e que isto seria possível no Brasil através do possível governo de João Goulart. A partir dessa concepção é articulado com empresários, projetos políticos e militares um aparelho repressor que vai desde a vida social até o campo midiático, jornalístico, centrais sindicais.

Para responder os motivos que levaram empresários, a se articularem e estruturar um projeto repressivo é de essencial importância perceber o corte de classe que marcou o golpe e a ditadura. Não deve ser permitido que a questão militar omita a essência do que foi o golpe, a ditadura e a transição, como dito por Lucas Pacheco Campos:

Não foi um acidente histórico, portanto, que desde o primeiro dia da ditadura o Estado tenha assumido a repressão, a censura, a tortura e o desaparecimento como ferramentas do governo, isto é, utilizados pela administração pública como instrumentos (oficiais ou não) no sentido de garantir fins determinados. Assim, o modus operandi de terror inaugurado em 64 não pode ser visto como um mero reacionarismo intrínseco às forças militares. (PACHECO, Lucas. O aprofundamento da superexploração: considerações sobre a aliança empresarial-militar na ditadura, p.3)

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