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O Fascismo ainda é possível

Por:   •  6/6/2015  •  Artigo  •  2.352 Palavras (10 Páginas)  •  190 Visualizações

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Palavras-chave: Fascismo, Nazismo, Possibilidade.

Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal trazer a discussão sobre o que é o fascismo, como que o mesmo se expressou na história, analisando elementos que nos permitem discutir se nos dias de hoje, algum movimento com os mesmos elementos do fascismo clássico, elementos que dizem respeito a sua função perante a sociedade, pode tornar a existir novamente.

1. Introdução

A Primeira Guerra Mundial transformou o mundo de tal maneira que ainda hoje sentimos os efeitos de tal evento, a partir deste evento inúmeras nações passaram por transformações tão intensas que para entendermos melhor nosso contexto atual é fundamental que se tenha consolidado o tamanho do impacto desta guerra e o tamanho da crise em que o mundo se encontrou após ela, crise esta que abriu caminho para que o fascismo pudesse ser pensado e aceito como solução para o quadro instaurado.

“A guerra colocou um desafio tão tremendo que mesmo os países mais integrados e mais bem governados mal conseguiram fazer face às tensões por ela causadas. Os países mal integrados e mal governados foram totalmente incapazes de enfrentá-las. A Grã-Bretanha e a França alocaram material, conferiram deveres as pessoas, distribuíram o sacrifico e manipularam as noticias de maneira apenas satisfatória o bastante para manter a lealdade da maioria de seus cidadãos. Já o recém-unificado Império Alemão e a Monarquia Italiana não se saíram tão bem. O Império Habsburgo esfacelou-se nas nacionalidades que o compunham. A Rússia czarista mergulhou no caos. Os países deslocados, onde um campesinato sem-terra ainda era numeroso, e onde uma classe media privada de direitos ainda carecia das liberdades básicas, polarizavam-se para a esquerda (como ocorreu na Rússia). Aqueles que possuíam uma grande, embora ameaçada classe média, incluindo os produtores rurais dedicados a agricultura familiar, polarizavam-se contra a esquerda em busca de novas soluções.”¹

Este trecho retirado do livro “Anatomia do Fascismo” de Robert Paxton nos esclarece o contexto em que o mundo se encontra após o fim da Grande Guerra, o Império Habsburgo deixa de existir, a Revolução Russa derruba a monarquia czarista instaurando um governo socialista em seu lugar, diversas pequenas nações se identificam com este governo de esquerda, a Europa se encontra destruída e enfrentando uma crise política e econômica sem precedentes.

Esse contexto abriu a possibilidade para que o fascismo fosse pensado, Benito Mussolini foi o grande precursor deste movimento, no decorrer da década de 20 e de 30 ele conseguiu instaurar uma ditadura anti-esquerdista cercada de entusiasmo popular no curto espaço de uma geração.²

Surgiu em 1919 o fascismo italiano de Mussolini, tendo como marco de seu surgimento um ataque realizado ao jornal socialista Avanti, partidários de Mussolini invadiram o escritório do jornal, destruíram todos os equipamentos e mataram 4 pessoas, claramente um ato de violência contra não só o socialismo, mas também contra a legalidade burguesa, em nome do bem nacional maior.

“O Fascismo recebeu seu nome e deu seus primeiros passos na Itália. Mussolini, entretanto, não era um aventureiro solitário.”³

Movimentos muito parecidos com o que Mussolini estava propondo na Itália

¹. PAXTON, R. Anatomia do Fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007. Pg. 60

². PAXTON, R. Anatomia do Fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007. Pg. 19

³. PAXTON, R. Anatomia do Fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007. Pg. 19

estavam surgindo em diversos lugares da Europa e do mundo no Pós-Guerra, movimentos que não estavam necessariamente ligados ao que estava acontecendo na Itália, mas apresentavam elementos em comum, como por exemplo: nacionalismo exacerbado, anticapitalismo, voluntarismo por parte das grandes massas, violência ativa contra seus inimigos, sejam eles burgueses ou socialistas.

2. O fascismo ainda é possível?

Quando olhamos para o passado, procurando entende-lo melhor para que possamos entender melhor nosso presente, nos deparamos com alguns questionamentos inevitáveis, no caso do tema aqui em discussão, o movimento fascista da década de 20 e de 30, é inevitável que nos perguntemos se este processo ainda é possível nos dias de hoje.

A resposta para esse questionamento é sim, o fascismo ainda é possível nos dias de hoje.

Mais adiante neste mesmo artigo, serão expostos elementos que caracterizam o que foi o movimento fascista nas décadas de 20 e 30, estes elementos não engessam o que foi o fascismo, eles atribuem a ele uma função dentro da sociedade da época, esses elementos que compõe o movimento em debate e pré-condições para que o fascismo exista, como por exemplo: uma suposta crise do estado liberal; o surgimento de uma liderança carismática em meio essa crise; a “demonização” e perseguição de um inimigo comum à nação, seja ele interno ou externo; o sentimento de integração e pertencimento de um grupo por parte das massas; a crença no poder e na força deste grupo; o uso indiscriminado da violência para alcançar objetivos, ainda são visíveis hoje.

O filme “A Onda” aborda essa reflexão, o filme tem como discussão principal se seria possível que uma ditadura voltasse a existir na Alemanha, para tratar deste tema o filme conta a história de um professor que assume o curso de “Autocracia” na escola em que dá aula, o curso tem duração de uma semana e no primeiro dia de curso ele traz este mesmo questionamento para seus alunos, ao perceber que as respostas divergiam, ele propõe um experimento aos alunos, o professor pergunta aos alunos qual é o primeiro requisito para que uma ditadura possa se desenvolver ao que um aluno responde “uma figura central de liderança”. Para decidir quem ocuparia essa posição, foi realizada uma votação, na qual escolhem o professor e combinaram que os alunos deveriam chamá-lo de “Sr. Wegner” e precisariam pedir permissão para falar ou se levantar, outro aluno diz que a disciplina é fundamental para uma ditadura.

No segundo dia de curso, o professor propõe uma atividade em que os alunos marchariam pela sala até que seu passo estivesse extremamente alinhado, demonstrando a força e união do grupo que ali estava sendo criado. O professor pede para que eles comecem a vir com uma camiseta branca para que fosse identificado que fazia parte do

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