O Fichamento
Por: Gigondim • 29/8/2025 • Resenha • 1.597 Palavras (7 Páginas) • 10 Visualizações
HOBSBAWM, E. J. A primavera dos Povos. A Era do Capital. 1848-1875. São Paulo. Ed.
Paz e Terra, 2001. pp: 25-42.
“Tocqueville estava alertando seus colegas, no programa que ambos tinham traçado algumas semanas antes para a Liga Comunista Alemã e que tinha sido publicado anonimamente em Londres, por volta de 24 de fevereiro de 1848, sob o título (alemão) de Manifesto do Partido Comunista, "para ser publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês". Em poucas semanas, ou, no caso do Manifesto, em poucas horas, as esperanças e temores dos profetas pareceram estar na iminência da realização. A monarquia francesa tinha sido derrubada por uma insurreição, a república proclamada e a revolução européia tinha iniciado.” (Pág. 25/26)
“De fato, explosões simultâneas continentais ou mundiais são extremamente raras. 1848 na Europa foi a única a afetar tanto as partes "desenvolvidas" quando as atrasadas do continente.” (Pág. 26)
“1848 estava bem longe de ser "o ponto crítico quando a Europa falhou em mudar". O que a Europa falhou foi em mudar de uma forma revolucionária.” (Pág. 26)
“A revolução triunfou através de todo o centro, do continente europeu, mas não na sua periferia. Isto inclui países demasiadamente remotos ou isolados em sua história para serem diretamente atingidos de alguma maneira (por exemplo, a Península Ibérica, Suécia e Grécia), demasiadamente atrasados para possuir a estratificação social politicamente explosiva da zona revolucionária (por exemplo Rússia e o Império Otomano), mas também os únicos países já industrializados, cujo jogo político já estava sendo feito de acordo com regras diferentes como a Inglaterra e a Bélgica.” (Pág. 27)
“A maioria destes lugares era dirigida por aquilo que podemos chamar de monarcas ou príncipes absolutos, mas a França já era um reino constitucional e burguês” (Pág. 27)
“As revoluções de 1848, portanto, requerem um detalhado estudo por estado, povo, região, para o que este livro hão é o lugar. No entanto, elas tiveram muito em comum, não apenas pelo fato de terem ocorrido quase simultaneamente, mas também por que seus destinos estavam cruzados, todas possuíam um estilo e sentimento comuns, uma atmosfera curiosamente romântico-utópica e uma retórica similar, para o que os franceses inventaram a palavra quarente-huitard. Qualquer historiador reconhece-a imediatamente: as barbas" as gravatas esvoaçantes, os chapéus dos militantes, as bandeiras tricolores, as barricadas, o sentido inicial de libertação, de imensa esperança e confusão otimista. Era a "primavera dos povos" – e, como a primavera, não durou. Precisamos agora olhar brevemente suas características comuns.” (Pág. 29)
“[...] todas foram vitoriosas e derrotadas rapidamente, e na maioria dos casos totalmente. Nos primeiros poucos meses todos os governos na zona revolucionária foram derrubados ou reduzidos à impotência. Todos entraram em colapso ou recuaram virtualmente sem resistência.” (Pág. 29)
“Todas estas revoluções têm algo mais em comum, que contribuiu largamente para o seu fracasso. Elas foram, de fato ou enquanto antecipação imediata, revoluções sociais dos trabalhadores pobres. Portanto, elas assustaram os moderados liberais a quem elas mesmas deram poder e proeminência – e mesmo alguns dos políticos mais radicais –, pelo menos tanto quanto os conservadores que apoiavam os antigos regimes.” (Pág. 31)
“Portanto, a revolução manteve seu ímpeto somente onde os radicais eram suficientemente fortes e suficientemente ligados com o movimento popular para empurrar os moderados para frente, ou fazê-la sem eles. Isto era mais provável de ocorrer em países onde a questão crucial era a libertação nacional, um objetivo que requer a contínua mobilização das massas.” (Pág. 33)
“Dos principais grupos sociais envolvidos na revolução, a burguesia, como já vimos, descobriu que preferia a ordem à chance de pôr em prática todo o seu programa, quando diante da ameaça à propriedade. Diante do confronto com a revolução "vermelha", os moderados liberais e os conservadores marchavam ombro a ombro. Os "notáveis" na França, quer dizer, as pessoas de respeito, influentes e ricas"" que dirigiam as questões políticas daquela nação, deram fim a sua longa e antiga luta entre os partidários dos Bourbons, dos Orleans, mesmo dos que apoiavam a república e adquiriram uma consciência de classe nacional através de um emergente e novo "partido da ordem" (Pág. 35)
“O grande corpo de radicais da baixa classe média, artesãos descontentes, pequenos proprietários etc, e mesmo agricultores, cujos porta-vozes e líderes eram intelectuais, especialmente jovens e marginais, formavam uma força revolucionária significativa, mas dificilmente uma alternativa política. Eles alinhavam-se, em geral, com a esquerda democrática.” (Pág. 36)
“Como indivíduos, tais homens podiam exercer um papel decisivo; como membros de um estado social específico ou como membros de uma pequena-burguesia radical, não o podiam. O radicalismo dos "pequenos", que tinha expressão na exigência de "uma constituição democrática de estado, fosse constitucional ou republicana, fornecendo-lhes a maioria para si e seus aliados camponeses, assim como um governo democrático local que lhes desse controle sob a propriedade municipal e sobre uma série de funções atualmente exercidas pelos burocratas.” (Pág. 36/37)
“Além disso, quando diante da revolução vermelha, mesmo os radicais democratas tendiam a cair na retórica, dilacerados entre sua genuína simpatia pelo "povo" e seu sentido de propriedade e dinheiro. Diferentes da burguesia liberal, eles não mudaram de lado. Apenas vacilaram, mas nunca muito distantes da direita.” (Pág. 37)
“No que diz respeito aos trabalhadores pobres, faltava-lhes organização, liderança, e, talvez acima de tudo, a conjuntura histórica para fornecer uma alternativa política. [...] Suas forças eram desproporcionalmente efetivas, pois estavam concentrados em massas famintas nos lugares mais sensíveis, ou seja, as cidades maiores, especialmente as capitais.” (Pág. 37)
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