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O Mercado do Valongo e comercio de africanos novos no Rio de Janeiro

Por:   •  15/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  564 Palavras (3 Páginas)  •  283 Visualizações

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O Mercado do Valongo e o Comércio de Africanos Novos no Rio de Janeiro

Cláudio de Paula Honorato

Até meados do século XVIII a compra e venda dos escravos desembarcados no porto da cidade era feita nos armazéns de escravos localizados em sua maioria na rua Direita, próximo à Alfândega, onde ficavam as mais conhecidas casas de comércio no trecho entre a Casa de Contos e a ladeira do Mosteiro de São Bento. A rua Direita era a principal via da cidade que corria paralela ao porto, e ali ficavam o Palácio do Governador, depois do vice rei, a Alfândega, a Catedral, a Mesa do Bem Comum (depois Junta do Comércio), várias repartições públicas e mais armazéns e moradias. Até que em 1758, devido os conflitos entre os negociantes, senhores de engenho, lavradores de cana do recôncavo e pequenos negociantes chamados atravessadores levaram o Senado da Câmara assessorado pelos médicos e cirurgiões da cidade a lançarem um edital determinando a transferência do comércio de africanos novos para a região do Valongo, fora dos limites da cidade sob a alegação de preservar a cidade e seus moradores dos contágios de doenças e epidemias trazidos pelos africanos, negros novos. Tal iniciativa do Senado da Câmara não foi aceita pelos negociantes de escravos, que protestaram junto ao Tribunal da Relação e tais conflitos só foram resolvidos em 1774 Pelo vice-rei Marquês do Lavradio que confirmou o edital do Senado da Câmara determinando que o comércio de africanos novos daquela data em diante seria na região do Valongo, situado entre a Pedra do sal e a Gamboa.Tal medida mantinha o propósito de preservar a cidade da contaminação das doenças. Isolados ali os negros novos esperariam pela venda, e os doentes, até 1810, seriam encaminhados para no lazareto da Ilha do Bom Jesus, após essa data passaram a ser encaminhados para o lazareto da Gamboa, construído pelos negociantes, João Gomes Valle, Jose Luiz Alves, e João Álvares de Souza Guimarães a pedido do príncipe regente D. João. Aquelesque não resistiam aos sofrimentos da viagem tinham como destino uma vala comum onde os corpos eram depositados e incinerados no Cemitério dos Pretos Novos.

A partir de então o mercado de escravos do Valongo transformou-se em um grande complexo, pois além dos barracões de compra e venda, lazareto, cemitério, cais e vários trapiches, havia também os escritórios dos corretores, as lojas devender ferros, instrumentos de castigo indispensável para manter a disciplina do escravo, as lojas de alimentos e também as de panos para as roupas e possivelmente as de barbeiros que eram essenciais a saúde dos escravos.

No Valongo os escravos eram expostos para venda na porta das casas ou nos quintais, algumas eram pequenas, mas muitas podiam chegar a acomodar de 300 a 400 escravos. Esses imóveis geralmente eram sobrados de dois andares, em cima morava o proprietário com sua família e embaixo na loja ficavam os escravos em exposição.

Entre 1501 e 1867, de acordo com os dados do Atlas of theTransatlantic Slave Trade, aportaram no Rio de Janeiro algo em torno de 2.700.000 africanos novos vindos de diferentes regiões geográficas da África, ou seja, África Ocidental, Centro Ocidental e África Oriental. Destes, estima-se que quase 1 milhão passaram pelo Valongo em direção as regiões consumidoras tais como: mineração em Minas Gerais, lavouras de cana em Campos dos Goitacazes, fazendas de café do Vale do Paraíba e os diversos engenhos do Recôncavo da Guanabara.

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