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O Poder Simbólico

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Por:   •  3/1/2015  •  9.001 Palavras (37 Páginas)  •  312 Visualizações

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O PODER SIMBÓLICO

(Pierre Bourdieu, 1989)

Áureo João de Sousa[1]. Teresina-PI, Fevereiro de 2014.

Resumo: Este ensaio constitui-se de anotações motivadas com a leitura recomendada do texto “O poder simbólico”, do Filósofo e Sociólogo francês Pierre Bourdieu (1989). O objetivo das anotações é situar o autor, explicitar suas ideias centrais inscritas no texto, principais conceitos, reflexões e argumentações de sua tese e suas conclusões. Neste texto, o autor nos oportuniza uma reflexão sociológica contemporânea sobre o poder simbólico numa obra com título idêntico ao objeto tematizado. Bourdieu responde às seguintes perguntas: O que é o poder simbólico? Como se configura esse poder? Como o poder simbólico é mobilizado nas relações estabelecidas por e com entes singulares e coletivos, classes sociais e grupos sociais, na sociedade humana? A abordagem do autor é trazida em uma concepção relacional e sistêmica do mundo social, no interior da qual a genealogia dos conceitos de habitus, campo e capital culturalocupa um lugar central. A produção destas anotações consta para fins de avaliação parcial da disciplina Teoria Sociológica II, sob orientação do Prof Dr. Ferdinand Cavalcante Pereira, no contexto específico do Mestrado em Sociologia/PPGS/CCHL/UFPI, período 2013.2.

Palavras-chaves: Poder simbólico. Sistemas simbólicos. Habitus. Sociologia.

Este texto toma corpo orientado pelo objetivo de conhecer as ideias de Pierre Bourdieu apostadas em parte de sua obra O poder simbólico, situando o autor no contexto histórico e teórico, explicitando suas ideias centrais inscritas no texto, principais conceitos, reflexões e argumentações de sua tese e suas conclusões. A produção do presente texto delimita-se sob o método bibliográfico.

Esta sistematização acadêmica, à maneira de um esquema didático e resenha não-crítica, privilegia a tentativa de “captura” de ideias-chaves e conceitos-chaves trazidos com o autor, no texto examinado. Assim o faço em virtude da anterior ausência de contato sistemático com o autor, mas também pela prudência acadêmico-científica com a aprendizagem em curso.

O produto está organizado com a seguinte estrutura de tópicos: Elementos biográficos do autor Pierre Bourdieu (1930-2002); O contexto de produção do texto; Interlocutores do autor, no texto em pauta; Antecedentes conceituais e temáticos conexos ao texto; A reflexão conceitual e temática em pauta; Considerações às reflexõesprocessuais e Referências.

Elementos biográficos do autor Pierre Bourdieu (1930-2002)

A produção científica de um teórico, se não podemos dizer ao modo determinista e linear – à maneira causa-efeito -, que é reflexo direto de sua biografia materializada na empiria, é razoável e válido dizer que as circunstâncias históricas, o período histórico e as expressões e manifestações externas e internas, materiais, intelectuais, espirituais e as relações sociais que deram sustentação e tensões à vida dessa biografia no mundo podem vir a ser consideráveis, por afirmação e por negação, na sua produção teórica predicada. Com este último sentido, evoco os elementos biográficos de Pierre Bourdieu. No mínimo, servir-nos-ão para sabermos quem é o sujeito da fala do texto em exame.

Bourdieu é um dos clássicos da teoria social pós estruturalista; sua a obra tem um caráter que parece ser a síntese das sínteses: estrutural mas não estruturalista; histórica mas não historicista; política mas não militante; marxista quanto baste e suficientemente weberiana para ter a legitimação da ciência social (CARIA, 2002[2]).

Filósofo e Sociólogo francês, Bourdieu[3] é considerado um dos principais nomes da sociologia do século XX e um dos intelectuais mais influentes do período. Desde cedo ocupou posição de destaque no campo acadêmico. Um dos pensadores que foi capaz de inscrever seu nome no cenário intelectual da academia ocidental, sua obra é bem difundida no Brasil. Filho de família humilde e notório desportista, valeu-se desta peculiaridade para galgar os degraus escolares.

Pierre Bourdieu nasceu em 1930, no sudoeste da França, em Béarn. Era filho de um funcionário dos correios. Sua escola fundamental foi realizada com filhos de camponeses, operários e pequenos comerciantes. Cursou o ensino médio em uma cidade vizinha, Pau, onde se destacou nos estudos e ganhou fama como jogador de rúgbi e de pelota basca. Ingressou, posteriormente, na École Normale Supérieure, onde fez suaagrégation em Filosofia (WACQUANT, 2002, p. 96, apud CARIA, 2013).

De acordo com Jean-François Dortier, citado por Adriane Luísa Rodolpho:

Lá, o jovem provinciano, acanhado e desajeitado, encontra-se imerso em um mundo que não é o seu. Um mundo de jovens burgueses brilhantes, bem falantes, cultivados, à vontade tanto no manejo do verbo quanto da pluma. O jovem Bourdieu, ele, ainda que tenha conseguido subir todos os degraus da hierarquia escolar, não se sente, entretanto, à vontade nem na escrita nem na oratória. E ele não o será jamais. Mesmo que sua obra seja imponente, ele não terá a pluma fácil e alerta; ainda que ele tenha feito centenas de conferências, ele não será um orador como Flaubert[4], a quem ele consagra As regras da arte. Gênese e estrutura do campo literário (Seuil, 1992) a expressão de seu pensamento deve passar pelo esforço permanente de autocontrole, de luta contra si mesmo. Todo o contrário educacional da facilidade aparente desses estudantes oriundos da burguesia cultivada que ele encontra na rua de Ulm (RODOLPHO, 2007, p. 7).

Em 1955, passou a lecionar filosofia numa cidade central da França, mas foiconvocado para servir militarmente em Versalhes. Como era rebelde, foi punido, sendoenviado à Argélia para servir na missão de pacificação da então colônia norte-africana. “Essa vivência [...] das […] realidades das guerras travadas pela França contra o nacionalismo argelino mudou o destino […] de Bourdieu […] despertou seu interessepela sociedade argelina […] e promoveu […] sua conversão da Filosofia para a CiênciaSocial.” Foi um período em que se aproximou da antropologia. “Ele conjugou a etnografia com estatísticas, a interpretação microscópica com a explanação macroscópica, para mapear o cataclismo social produzido pelo capitalismo colonial e a luta de libertação nacional” (WACQUANT, 2002, p. 97, apud CARIA, 2013).

Bourdieu trabalhou na universidade de Argel até 1960 “e levou adiante um extenso trabalho de campo lá até

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