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O que os historiadores devem a Karl Marx e Marx e a História Fichamento

Por:   •  12/11/2017  •  Resenha  •  1.162 Palavras (5 Páginas)  •  945 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA  ─  Departamento de História

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA

FICHAMENTO

HOBSBAWN, Eric. O que os historiadores devem a Karl Marx e Marx e a História. In: Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.p.171-184.

O texto versa, principalmente, sobre a dicotomia entre o marxismo e a história: a influência de Marx sobre os historiadores atuais. A priori, discute que a História foi uma das únicas que não tiveram aspectos intelectuais relevantes, visto que as análises sobre as Revoluções do século XVIII (Revolução Francesa) e XIX (Revolução Industrial) caracterizaram-se pela superficialidade e generalização. Essas, por sua vez, sofreram críticas e contraposição por parte da história acadêmica ─ que, como Leopold Von Ranke, acreditavam no caráter empírico dos fatos, contribuindo para avaliação de documentos e técnicas ─, uma vez que se centravam em fatos insuficientes e equívocos.

A posteriori, os fatos empíricos e, sobretudo, os procedimentos técnicos para avaliá-los eram acríticos e simplificados, concentrando-se na “história no singular”, não na “história de eventos”, segundo Hobsbawn. Essas características assimilam-se ao positivismo, pois apresentam certo determinismo, naturalização e cadeias de efeitos e causas na investigação da sociedade e seu passado, dando a disciplina da história um conceito retrógado. Contudo, houve transformações no decorrer do século que se baseavam em quatro esferas, num movimento antirrankeano, segundo Arnaldo Momigliano (apud HOBSBAWN, 1998): a primeira caracteriza-se pela passagem de uma história política e religiosa para uma história socioeconômica (viés materialista); a segunda dispõe da recusa de ideologias para uma explicação historicista; a penúltima leva em conta as “forças sociais”, ou seja, a relação entre acontecimentos históricos e ações dos indivíduos (decorrência dos problemas sociais); a última discorria de um certo pessimismo, apontando-se a falta de progresso e desenvolvimento com base nos acontecimentos da metade do século XX.

Sob o ponto de vista dessas esferas, a história demonstra uma influência marxista, a partir do momento que aponta fatores do materialismo histórico, diferenciando-se apenas de país para país como, por exemplo, na França, onde preponderou a Escola de Annales, não o marxismo. Ademais, é imprescindível ressaltar que alguns historiadores (ligados a movimentos operários e populares) assumiram ideias que não representam o pensamento maduro de Marx e, por isso, Hobsbawn os considerou parte do “marxismo vulgar” ─ que abarcava uma interpretação economicista da história, uma relação de dominância e dependência, uma luta de classes pura do Manifesto e contravenção ao capitalismo ─ e devem ser separados do verdadeiro componente marxista. Contudo, o “marxismo vulgar” mudou tradições históricas e dispôs de um “boom” intelectual.

A principal ideia marxista, até mesmo vangloriada por não marxistas, segundo Hobsbawn, é a teoria da “base e superestrutura”, na qual a sociedade se compõe de diversos níveis interacionais e hierarquizados, ocasionando contradições internas (capaz de mudar tendências e se tornar funcional) e apontando qual a direção da história. No entanto, é inevitável ressaltar que a contribuição de Marx reside em suas proposições historicistas, não sociais como um todo, mesmo com uma tendência marxista de permutar a história em ciência social. Sob o ponto de vista das ciências sociais, o autor discute sobre duas grandes críticas sobre seu funcionamento: a primeira constitui-se do mecanicismo (principalmente nos EUA), o qual busca traduzir mudanças de forma simplista e determinada; a segunda crítica baseia-se no estruturalismo e funcionalismo (estático) que negam a historicidade e sua concepção progressista e de superioridade (antropologia) ─, mas, para Lévi-Strauss (apud HOBSBAWN, 1998), a transformação histórica é resultado de combinações que podem se esgotar.

Em seguida, o texto discute a questão fundamental da história: a busca de um instrumento que possibilite a diferenciação de grupos sociais e a mudança de um tipo de sociedade para outro ou a não mudança. Esse instrumento, por sua vez, possibilitaria uma “evolução” pelo progresso unidirecional em um longo prazo. Porém, nota-se que esse progresso possui um desacordo tanto ao juízo de valor possível (classificação parcial) quanto a outros instrumentos de mudança. O mais interessante é que as sociedades não são diferentes nos seus aspectos internos, mas sim nos externos, na sua capacidade de se relacionar com a natureza. Atualmente, a história se vê como uma dicotomia entre elementos que estabilizam e perturbam que refletem certo modelo, ou seja, a luta de classes, por exemplo, deve ter função estável, cabendo ao Estado permear essa estabilidade por meio de instituições e legitimar a ordem social ─ se o Estado perde essa capacidade, de acordo com Thomas More (apud HOBSBAWN, 1998), haverá “uma conspiração dos ricos [...]”.

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