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Parque Indígena do Xingu: história, demografia e geografia

Por:   •  17/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.419 Palavras (14 Páginas)  •  165 Visualizações

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Alan Pereira

Carlos Eduardo Pereira

Liliane Plate

[pic 1]

OS KALAPALOS

Canoas

2019/1


O Parque Indígena do Xingu: história, demografia e geografia

        A discussão acerca do parque indígena do Xingu inicia-se em 1952, com a apresentação de um anteprojeto ao vice-presidente da república Café Filho criado pelo Brigadeiro Raimundo Vasconcelos Aboim, Heloisa Alberto Torres, Orlando Villas Bôas e Darcy Ribeiro. No documento estabelecia-se que o limite da região partiria da Cachoeira das Sete Quedas no Rio Teles Pires - na divisa entre os Estados do Pará e Mato Grosso - até encontrar o Xingu ao leste e seguindo acima até o Rio Liberdade, abrangendo suas nascentes ao sul e também as nascentes do Suiá-Miçu até a foz do rio Sete de Setembro. No entanto, o Parque Indígena do Xingu (PIX) só teve a sua criação enquanto legislação em 1961, com o decreto nº 50.455 de 14 de abril de 1061, assinado pelo Presidente Janio Quadros (LEA, 1997).

O Parque Indígena do Xingu (PIX) se estende da região dos formadores do rio Xingu, ao sul, e ao longo do curso deste rio até a Cachoeira de Von Martius, ao norte, nas proximidades da divisa com o Pará, compreendendo uma área de 32 mil Km². Com o apoio de intelectuais e políticos de expressão nacional, os irmãos Villas Boas participaram da luta que levou à criação do Parque em 1961, para preservar territórios tribais da região da especulação de terras que estava ocorrendo em Mato Grosso desde o declínio do terceiro ciclo da borracha. O Parque visava preservar física e culturalmente as tribos da região, acolher tribos de outras áreas ameaçadas pela invasão de suas terras e preservar a fauna e a flora (PAGLIARO, 2002, p. 30).

        No contexto de novas ideias e intelectualidades no Brasil, assim como um fortalecimento da antropologia e arqueologia é que o PIX foi criado, como uma forma de contribuir na preservação dessas culturas.  Hoje em dia o Parque Indígena do Xingu abriga mais de 3000 nativos, entre as etnias estão os Aweti, Juruna, Mebengokre, Kalapalo, Kamayurá, Kayabi, Kuikuru, Matipu/Nahukwa, Mehináku, Panará, Suyá, Tapayúna, Trumai, Txikão, Waurá e os Yawalapiti. Pertencentes a diversos troncos linguísticos como Tupi, Tupi-Gurani, Karíbe, Jê Setentrionais, etc. (LEA, 1997, p. 61).

        A geografia do Parque Indígena do Xingu caracteriza-se por uma região banhada por diversos rios, o próprio Rio Xingu registra a pluviosidade em cerca de 75 pol. (1905mm). Apesar de um nível muito alto, a região não possui florestas muito opulentas em relação às das regiões mais úmidas da Amazônia (CARNEIRO, 1986). Dessa forma:

Os povos indígenas, como aqueles que habitam o Parque Indígena do Xingu, onde o solo não é muito fértil (como é o caso na maior parte das terras amazônicas), abrem uma roça numa determinada área que é explorada durante alguns anos. Posteriormente, é aguardado um período de reflorestamento natural antes de abrir uma nova roça neste mesmo local. Consequentemente, a área empregada por um grupo indígena para suas roças compreende tanto as áreas de mato, ou de capoeira, quanto as áreas cultivadas num determinado ano. (LEA, 1997, p. 57)

         É dentro desse sistema rotativo que as etnias do Xingu convivem. Tanto o cultivo quanto as atividades de caça e pesca são importantes para a relação dessas comunidades com o habitat, dessa forma podemos perceber uma nítida preocupação com a manutenção da vida do solo, da floresta e de todos os componentes que rodeiam a interação de todos os atores nessa convivência.

[pic 2]

PROGRAMA Xingu. [200-]. Disponível em: . Acesso em: 05 de março de 2019.

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Localização da aldeia Aiha no Parque Indígena do Xingu. (GUERREIRO JÚNIOR, 2012)[pic 4]

As duas Aldeias ficam na região compreendida pelo estado do Mato Grosso.[pic 5]

Os Kalapalo

        Os Kalapalo se comunicam por uma língua que pertence ao tronco lingüístico Karib e seus parentes linguísticos são os Ye'Cuana e os Hixkaryana, localizados no sul da Venezuela e ao norte do Estado de Roraima e também na região das Guianas, no norte do Pará. A vida social desse grupo varia com as estações, demonstrando costumes como a realização de atos públicos e abertura em relação a outras etnias durante as épocas secas e de alimentação abundante e nas estações de chuva e comida reduzida, os Kalapalo fecham sua aldeia em relação a outras comunidades, e realizam atos e rituais fechados (RODRIGUES, 2005).

Inicialmente o nome Kalapalo foi atribuído ao grupo por não-índios, tem como referência uma aldeia abandonada provavelmente há menos de cem anos e naquele tempo, pessoas se transferiram de Kalapalo (a aldeia) para um sítio vizinho chamado Kwapïgï, que mais tarde foi sucedido pela aldeia Kanugijafïtï, abandonada em 1961. [...] A tribo chamada hoje de Kalapalo é, desta forma, um grupo formado por indivíduos cujos ancestrais foram associados a diferentes grupos, com uma maioria oriunda ou que descendem daqueles que viveram em Kanugijafïtï. (RODRIGUES, 2005, p. 62)

        Atualmente, essa etnia vive em duas aldeias: Aiha Ótomo e Tanguro, nas margens do rio Culuene. Em 1968 os Kalapalo eram cerca de 110 nativos, em 1982 o crescimento demográfico dessa população chegou a 185, chegando em 2002 a 417 indivíduos, localizados não só no PIX, mas também em outras regiões (RODRIGUES, 2005).  Os Kalapalo, como outras etnias, estão inseridos em uma rede de relações complexas, definida como "sociedade alto-xinguana", envolta em relações políticas, matrimoniais, culturais e econômicas que ultrapassam os limites étnicos de cada comunidade (FRANCO NETO, 2010).

A organização das aldeias consiste em casas que formam um círculo, essas residências em geral são destinadas a moradia e no centro fica a "casa dos homens" ou "casa das flautas", que é onde habitam as kagutu, ou flautas sagradas, que permanecem nessas residências, longe dos olhos das mulheres (LIMA, 2008).

De formato elíptico, essas casas são cobertas de sapé da cumeeira até o chão, com uma entrada voltada para o centro e outra para o exterior. Dentro da casa não há divisões físicas, excetuando-se os gabinetes de reclusão dos jovens em puberdade, dos casais com filhos recém-nascidos e dos enlutados. Contudo, existem fronteiras virtuais na organização das disposições das redes de dormir – obedecendo a ordem da hierarquia familiar (FRANCO NETO, 2010, p. 51).

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