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Pratica de Pesquisa Histórica II

Por:   •  29/9/2015  •  Resenha  •  1.878 Palavras (8 Páginas)  •  272 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

HISTÓRIA – 7° PERÍODO

PRÁTICA DE PESQUISA HISTÓRICA II – PROFESSORA ELAINE

ANDRÉ SILVA DE SOUZA

        

        Não pretendo fazer neste trabalho uma discussão complexa e profunda tal como as realizadas pelos autores nos quais embasarei minha análise acerca da prática de pesquisa histórica, e neste caso específico a pesquisa realizada no mundo digital, portanto, pretendo mostrar como através do grande número de informações oferecidas em web sites existentes seja necessário tecer uma análise crítica de extrema delicadeza, tal como deve ser feita na análise de fontes primárias como, por exemplo, o uso de periódicos no qual sustento parte relevante da minha pesquisa referente ao trabalho de conclusão de curso (TCC).

        Portanto, é preciso passar pela leitura das obras de Ginzburg (1989) e Chartier (2009) para mostrar como se deve realizar esta crítica acerca dos textos digitais que oferecem informações relevantes sobre minha pesquisa, ou melhor, sobre web sites em que encontro documentação digitalizada, porém, que não se tratam de páginas com caráter oficial como a da Biblioteca Nacional ou da Universidade de Chicago, ou seja, me encontro em meio à “tempestade” de informações oferecidas pela rede mundial de computadores que ao mesmo tempo em que facilita pode gerar equívocos extremamente prejudiciais para uma análise histórica confiável. Podemos relacionar esse conjunto de informações a uma passagem da obra de Roger Chartier (2009) em que explicita que um grande número de informações sobre determinado tema tende somente a dificultar um resultado final positivo para uma análise histórica, vejamos como o autor se refere ao tema:

 [...] o mundo da comunicação eletrônica é o mundo da superabundância textual cuja oferta ultrapassa a capacidade de apropriação dos leitores. Frequentemente, a literatura tem anunciado a inutilidade da acumulação de livros, o excesso de textos. No mundo utópico de Borges, o diálogo entre Eudoro Acevedo e o homem sem nome do futuro demonstra isso. Folheando um exemplar de 1518 da Utopia de Thomas Morus, o primeiro declara: “É um livro impresso. Lá em casa deve haver mais de dois mil, embora não tão antigos e nem tão preciosos”. Seu interlocutor ri e responde: “Ninguém pode ler dois mil livros. Nos quatro séculos que vivo não terei passado de meia dúzia. Além disso, o que importa não é ler, mas sim reler” (Chartier, 2009, p. 20).

        Lendo com atenção a citação acima podemos notar que a preocupação do autor está se referindo ao conjunto de informações que a pesquisa eletrônica oferece e o risco que se corre se não sistematizarmos esta busca, em outras palavras, é necessário que haja uma filtragem das informações colhidas que se busquem referências em que legitime o que esteja sendo lido e que nem sempre quantidade é sinônimo de qualidade.

        A pergunta, portanto, é: como sistematizar uma análise de fontes digitais para que elas não se transformem em um conjunto de informações desconexas? É isso que pretendo mostrar nas próximas páginas tendo como referência os textos de Carlo Ginzburg “Sinais, raízes de um paradigma indiciário” de (1989) e de Roger Chartier “A história ou a leitura do tempo” de (2009). E após este pequeno discurso acerca da pesquisa histórica mostrar a aplicação desta análise crítica na escolha do blog http://historiasuldeminas.blogspot.com onde encontrei três importantes periódicos que me ajudaram na elaboração de parte relevante da minha pesquisa relacionada à história econômica da região pertencente a Alfenas no sul de Minas Gerais na segunda metade do século XIX.

        Dando sequência a discussão iniciada nos parágrafos anteriores, farei referência a Carlo Ginzburg (1989) que ao escrever sobre o paradigma indiciário nos fornece um método de pesquisa que se levarmos para o mundo digital podemos de fato tecer uma análise crítica acerca do que se torna ou não relevante para elencar web sites que guardam informações distintas sobre determinado tema de pesquisa. Porém, é importante salientar que o método do historiador é mutável, ou seja, não se deve haver um padrão específico de análise. A questão é pensar no trabalho do historiador e em como ele é subjetivo, ou seja, o historiador deve saber que ele deve possuir um método intuitivo em relação as fontes, portanto, ele deve entender o que os códigos escritos possuem de maneira “escondida”, em outra palavras, o historiador deve interpretar sua fonte de maneira não literal e consequentemente entender o contexto em que foi produzida tais fontes.

        Tendo feita esta pequena observação, vamos ver como Ginzburg se utiliza de Galileu para mostrar a necessidade de se entender os pormenores para poder tecer uma análise crítica sobre determinada fonte, na citação abaixo segue os registros do autor:

[...] não se pode entender se antes não se aprende a entender a língua, conhecer os caracteres nos quais está escrito, isto é, “triângulos, círculos e outras figuras geométricas”. Para o filósofo natural, como para o filólogo, o texto é uma entidade profunda invisível, a ser reconstruída para além dos dados sensíveis: “as figuras, os números e os movimentos, mas não os odores, nem os sabores, nem os sons, os quais fora do animal vivo não creio que sejam nada além de nomes” (Ginzburg, 1989, p. 158).

        Essas palavras não mudam nada do que já vimos até aqui, ou seja, o historiador necessita buscar o que não está explícito e sim o que está implícito na sua fonte seja qual ela for sendo esta a ideia central presente na obra de Ginzburg.

        Porém, nosso objetivo é relacionar esta forma de pesquisa com a existente no mundo digital, portanto, precisamos entender que estamos lidando com uma nova forma de linguagem, a virtual. Linguagem esta que possui seus próprios códigos e seu próprio meio de interagir com o leitor, se trata de uma leitura que não está inserida dentro do habitual ela é composta por uma rede extensa de informações que podem ser comparadas com a metáfora de autoria de Carlo Ginzburg acerca dos fios de tapete (Ginzburg, 1889, p. 170) que nos mostra como é absurdamente grande o número de informações que uma pesquisa na internet pode oferecer, portanto, conhecer bem o que se quer pesquisar, saber descartar um texto informal e sem responsabilidade científica presente em alguns web sites para se obter uma leitura complexa e profunda que remonta as obras literárias e fontes originais em outros, são estas as preocupações que o historiador deve ter quando se utiliza da internet como instrumento de pesquisa histórica. Enfim, a questão é saber como analisar e criticar essas fontes de origem eletrônica, ou seja, devemos enxergar o que ali é posto com o mesmo olhar crítico que temos ao ver fontes históricas clássicas e sem sombra de dúvidas não ignorando os pormenores afinal somente eles poderão dizer se uma fonte realmente tem validade ou não.

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