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Relações Comerciais Portugal-Inglaterra no Tratado de Methuen

Por:   •  10/4/2021  •  Ensaio  •  5.258 Palavras (22 Páginas)  •  177 Visualizações

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Wladmir Jordão

Relações comerciais Portugal-Inglaterra no Tratado de Methuen

Trabalho no âmbito do Mestrado em: História, Relações Internacionais e Cooperação, para a disciplina: História e Problemáticas da Política Externa Portuguesa.                                                Prof. Dr. Jorge Manuel Martins Ribeiro

Porto

2021


Sumário

Resumo        2

Portugal e os eventos que levaram a União Ibérica        3

Relações Portuguesas com a Inglaterra        6

O Tratado de Methuen        12

Conclusão        15

Bibliografia        16

Resumo

Este trabalho tem como objetivo traçar um panorama entre as relações de Portugal com a Inglaterra, quando da assinatura do Tratado de Methuen. Para isso, é necessário falar sobre a crise dinástica portuguesa, que levou a União Ibérica, e como isso interferiu nas relações internacionais portuguesas.


Portugal e os eventos que levaram a União Ibérica

O Tratado Anglo-português de 1373 foi o início de uma duradoura relação entre a Inglaterra[1] e Portugal, que vem sendo reforçada ao longo do tempo por diversos tratados posteriores, como o Tratado de Windsor, assinado em 1386 com os ingleses lutando ao lado da Casa de Avis na batalha de Aljubarrota. Embora a aliança tenha sobrevivido ao longo dos séculos, a importância histórica de cada país, bem como a relação de forças, sofrera muitas modificações. Entre as mais relevantes, foi a perda por Portugal do posto de nação hegemônica, e a ascensão da hegemonia inglesa no século XVII, em decorrência de políticas adotadas e também da ação de fatores externos as ações de cada um. (Moreno, 1988)

Ao longo do século XV e parte do XVI, houve domínio português nas relações. As grandes navegações, a vastidão das descobertas ultramarinas e a importância econômica por elas representadas, além da importante marinha, tornaram Lisboa uma grande capital comercial. Até então, a Inglaterra se comportava como um satélite bastante humilde, pois assim como a França, não estavam organizadas para desafiar o monopólio comercial exercido por Portugal e Espanha no resto do mundo. (Lodge, 1933)

Apesar de uma potência no início da era moderna, Portugal demorou para passar de um estado medieval para um estado moderno, mercantilista. Essa demora trouxe efeitos no plano comercial e administrativo, e Portugal foi incapaz de desenvolver seu império e acompanhar as transformações em curso em outros países, como a Holanda, França e a Inglaterra. (Cardoso, 2003)

Diferentes homens do Estado português tentaram remediar essa situação. Personagens como Rodrigo de Souza Coutinho, Conde da Ericeira, D. Luís da Cunha, Duarte Ribeiro de Macedo, Mouzinho da Silveira, agiram em prol de superar os entraves ao desenvolvimento português, contudo o êxito das políticas foi de alcance limitado, e não conseguiu impedir a fragilização do Reino.

Esse sentimento de fragilização, tem alguns pontos a serem considerados: a) Recursos oriundos do império eram vastos e não foram utilizados corretamente; b) A batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, entre Portugueses sob a liderança de D. Sebastião e Mouros Marroquinos. Que teve como resultado o desaparecimento de D. Sebastião e a derrota dos portugueses, levando a crise dinástica de 1580. A fidalguia portuguesa perdeu nesse episódio não só seu rei, mas vários primogênitos de suas casas; c) A crise dinástica de 1580, que levou a união ibérica e a consequente falta de independência de Portugal. Este último talvez o ponto mais relevante para a fixação da noção de decadência. (Serrer, 2006)

Com a morte de D. Sebastião, estava livre o caminho para a constituição de uma união Ibérica. O Cardeal D. Henrique assume a coroa portuguesa em 1578, e morre apenas 2 anos depois sem deixar herdeiros, deixando o caminho livre para o principal candidato à sucessão da coroa portuguesa, Felipe II da Espanha. Além de argumentos legais, havia força militar e ouro para convencer boa parte da nobreza, com promessa de entrega de títulos, terras e dinheiro. Na frente militar, Portugal foi invadido em junho de 1580 pelo exército espanhol, liderado pelo Duque de Alba, enquanto a esquadra espanhola ocupava pontos da costa portuguesa. A invasão espanhola foi bem sucedida, e em dezembro Felipe II de Espanha foi aclamado rei, com o título de Felipe I de Portugal.

A União Ibérica não significou a perda da identidade portuguesa. O Pacto de Tomar de 1581, manteve a administração nas mãos de portugueses, era proibida a nomeação de espanhóis para cargos administrativos, eclesiásticos, justiça ou defesa. O império ultramarino também era governado por portugueses, e a moeda e despesas públicas eram separadas.

Do ponto de vista econômico, a situação deteriorou-se desde a década de 1620. Muitas das razões para a unificação das coroas estavam ultrapassadas com a conjuntura econômica. O império português passava por uma grave crise, com conquistas inglesas e holandesas de parte de suas possessões. Os espanhóis não podiam mais defender nem suas próprias possessões, quanto mais as possessões lusas. Essa impossibilidade veio em decorrência da crise econômica gerada pela queda na produção de prata das colônias espanholas na américa. Com a crise financeira, Felipe IV de Espanha e III de Portugal, acrescentou tributos em Portugal. Além de fatores econômicos, havia também um plano do Conde-Duque de Olivares que visava a absorção de toda a burocracia portuguesa, transformando a Monarquia Hispânica num só reino, acabando com as leis e instituições portuguesas. A administração espanhola aboliu liberdades municipais, fazia perseguições arbitrarias, trazendo consequências enormes na economia e administração pública, paralisando a agricultura e as indústrias, causando grande insatisfação nos portugueses.

A casa da Habsburgo enfrentava problemas causados pela Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), enfrentava uma revolta na Catalunha, que precisou de 12 anos para ser vencida. Isso trouxe a possibilidade de os portugueses recuperarem sua independência.

Em primeiro de dezembro de 1640, um grupo de conjurados invadiram o Paço da Ribeira, assassinaram o Secretário de Estado Miguel de Vasconcelos, prenderam a vice rainha em seu gabinete e tomaram o poder, aclamando o maior latifundiário português, o Duque de Bragança como rei D João IV. A mudança foi bem aceita em todo Portugal metropolitano e ultramarino.

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