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Resenha Do Livro Ler E Compreender

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Por:   •  25/4/2014  •  1.995 Palavras (8 Páginas)  •  725 Visualizações

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© Revista da ABRALIN, v. 6, n. 2, p. 273-280, jul./dez. 2007.

KOCH, INGEDORE VILLAÇA; ELIAS, VANDA MARIA. 2006. LER E COMPREENDER OS SENTIDOS DO TEXTO. SÃO PAULO: CONTEXTO. ISBN 85-7244-327-4. 216 P.

Wagner Rodrigues SILVA Universidade Federal do Tocantins

Inúmeras obras sobre leitura têm sido publicadas nas últimas décadas, pelo mercado editorial brasileiro, todas desenvolvidas no âmbito da Lingüística, da Lingüística Aplicada e, até mesmo, da Educação. A demanda por divulgação de pesquisas nessa linha pode ser justificada pelas lacunas referentes à alfabetização e, conforme novo campo de investigação em consolidação no Brasil, ao letramento, na formação de adultos e jovens leitores1. Contribuindo para a formação do leitor, as produções existentes focalizam abordagens teóricas e aplicadas, prevalecendo ainda a primeira abordagem.

Ler e compreender os sentidos do texto é proposto, conforme mencionam

Koch & Elias, na introdução do volume, para “estabelecer uma ponte entre teorias sobre texto e leitura – esta aqui considerada a habilidade de compreensão/interpretação de textos – e práticas de ensino” (p. 8). Tal desafio anunciado é que diferencia o texto focalizado das demais publicações, evidenciando, portanto, o desenvolvimento progressivo das investigações sobre leitura, que, no tocante ao volume, é originário dos estudos teóricos da Lingüística.

Ao longo de nove capítulos, são apresentadas as contribuições da

Lingüística Textual para a teoria e prática de ensino de leitura. Nessa perspectiva, a leitura é assumida como “uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos lingüísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes

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no interior do evento comunicativo” (grifo das autoras; p. 1). Em cada capítulo do livro, são discutidos fenômenos ou objetos de estudos do texto, bem como seus desdobramentos para as atividades de leitura. Sistema de conhecimento e processamento textual, contexto, intertextualidade, referenciação, seqüenciação textual e gênero textual são alguns desses fenômenos ou objetos de estudo.

Na busca do estabelecimento da ponte entre teorias e prática de ensino, são selecionados e analisados inúmeros gêneros textuais, o que parece ser um ganho enorme para os trabalhos desenvolvidos no âmbito da Lingüística Textual, os quais, algumas vezes, possuem exemplificações restritas no nível frasal, conforme alguns trabalhos anteriormente publicados na área (KOCH, 2004; 2000; 1999; para citar alguns). Esse enfoque restrito no nível frasal, característico de algumas obras propostas para focalizar o texto, já foi mencionado por autores como Widdowson (2004), ao criticar a abordagem sistêmico-funcional, também limitada no nível frasal, proposta por Halliday (1985); e não escapa a alguns poucos momentos da obra aqui resenhada. No oitavo capítulo, intitulado “Seqüenciação textual”, os exemplos de encadeamento de enunciados por conexão e por justaposição, através de usos ou não de conectivos/ operadores argumentativos, respectivamente, são todos no nível frasal. O funcionamento textual pode ser evidenciado pelos exemplos, ainda que reste ao leitor da obra focalizada estabelecer alguma relação entre os usos desses elementos do texto e a atividade de leitura textual.

A seleção e análise de inúmeros gêneros textuais também podem contribuir de forma inestimável para o trabalho de leitura em diferentes disciplinas e, principalmente, no ensino de língua materna. São priorizados os denominados gêneros utilitários2, como artigo de opinião, bula, charge, história em quadrinhos, propaganda, reportagem e tirinha, em detrimento dos gêneros literários, como conto e poesia. Os gêneros literários são quase sempre selecionados em função do gênero utilitário, como acontece no quarto capítulo, intitulado “Texto e intertextualidade”, quando gêneros literários funcionam como intertextos para artigos de opinião. A diversidade de gêneros textuais vai de encontro às orientações propostas nas diretrizes curriculares vigentes, como os PCN (BRASIL, 1998, p. 23) para ensino de língua materna, no Ensino Fundamental I, ao ser afirmado que “...a noção de gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada como objeto de ensino. Nessa perspectiva, necessário contemplar, nas atividades de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas em função de sua relevância social, mas também pelo fato de textos pertencentes a diferentes gêneros são organizados de diferentes formas”.

As análises bastante esclarecedoras de elementos textuais focalizados em diferentes gêneros podem ser bastante úteis para a prática de ensino, atingindo, provavelmente, os professores de diferentes níveis, conforme propõem Koch & Elias: “...são nossos interlocutores privilegiados os professores dos vários níveis de ensino, em especial os de línguas – materna e estrangeiras –, estudantes dos cursos de Letras, de Pedagogia, bem como os demais interessados em questões de compreensão de leitura, ensino e funcionamento da linguagem de modo geral.” (p. 8). Os autores de livros didáticos, ainda que não mencionados por Koch & Elias, também seriam bons interlocutores para as autoras, pois, no tocante ao ensino de língua materna, ainda que haja uma seleção diversificada de gêneros textuais, predominam abordagens de leitura, escrita e análise lingüística fortemente escolarizadas, conforme constatou Bezerra (2001) ao analisar livros didáticos do Ensino Fundamental I e I.

A título de ilustração do tipo de atividade de análise lingüística escolarizada em livros didáticos, envolvendo a prática de leitura e passível de contribuição da abordagem de leitura proposta por Koch & Elias, é reproduzida adiante uma atividade com uma publicidade, apresentada numa seção intitulada “Gramática textual”, em um livro didático de Língua Portuguesa para 5ª série. O gênero selecionado para a atividade é bastante representativo do tipo de gênero utilitário mobilizado pelas autoras da obra aqui resenhada.

KOCH, INGEDORE VILLAÇA; ELIAS, VANDA MARIA. 2006...

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