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Resenha. Por Uma História Do Político Pierre Rosanvallon

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Por:   •  24/7/2014  •  2.649 Palavras (11 Páginas)  •  1.925 Visualizações

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A Obra historiográfica escolhida para resenha é "Por uma história do Político". Esta obra do Politólogo e Historiador Frances Pierre Rosanvallon, faz uma reflexão sobre o uso do Político na História, trazendo outra visão sobre seu uso com uma chave de leitura a partir da questão democrática. Oferecendo uma alternativa metodológica para o Historiador do Político as abordagens clássicas como o Marxismo.

Rosanvallon nascido em 1948 é Historiador do Político e Politólogo. Ocupa hoje a Cátedra de História Moderna e Contemporânea no College de France. É integrante do Instituto Raymond Aron, escola teórica que voltaremos a ver na presente resenha.

O livro é na verdade uma coletânea de três artigos, dos quais o segundo e o terceiro são escritos por Rosanvallon. Segundo capítulo de título "por uma história filosófica do político" Publicado em 1996, de caráter metodológico. O terceiro capítulo "por uma história conceitual do político" foi artigo escrito em 2002 para uma aula inaugural onde Rosanvallon passou a ocupar a Cátedra de História Moderna e Contemporânea do Político do College de France.

1- A Democracia como Problema

O Primeiro capítulo é escrito pelo Historiador Cristian Edward Cyril Lynch que é doutor em Ciência Política pelo IUPERJ, Professor da Escola de Ciência Política da Unirio. Professor do Programa de Pós-0Graduação em Direito e Sociologia da UFF e Professor do Programa de Pós-graduação em Direito da UGF. Além de escrever o primeiro capítulo, Lynch também traduz para o português os dois artigos de Rosanvallon que compõe o livro.

Neste primeiro capítulo Lynch traça um panorama do resgate do político realizado pela historiografia francesa, este movimento que ficou conhecido como historia politica renovada. Lynch relembra o período onde a política era o centro das atenções da produção historiográfica, porém essa entrou em franco declínio na frança por ser considerada elitista psicologizante e sobre tudo acusada de não se adequar aos padrões científicos. Isso devido sobre tudo à emergência da escola dos Annales

A volta do político como foco das atenções dos historiadores ocorreu de diferentes formas e em diferentes escolas historiográficas. Com Skinner e Pockoc na Inglaterra, com Otto Brunner e Reinheart Kosselec na Alemanha, na França com Rene Remond. Em sua obra "Por uma história política" Remond faz um resgate do político, o autor se debruça sobre o conceito "político", mas não o define. Lynch aponta que para entender este conceito é necessário recorrer à tradição historiográfica do instituto Raymond Aron. Temos neste Instituto, construtores de uma teoria política “francesa”, como Raymond Aron, François Furret, Claude Lefort, Marcel Gauchet e Pierre Rosanvallon.

O Instituto Raymond Aron foi fundado em 1984 após a morte do homem que lhe empresta o nome por François Furret, que também é seu primeiro diretor.

O objetivo de Lynch é mostrar como essa Tradição Historiografica iniciada por Raymond Aron formulou uma teoria Política que ofereceu uma alternativa a visão ao marxismo.

O patrono desta escola teórica segundo Lynch é Toqueville. Pesquisadores do Instituto Raymond Aron tem como referencia teórica obrigatória "A democracia na América" e O Antigo Regime e a Revolução . Dentre as ideias trazidas por Alexis de Toqueville, Lynch indica três como mais relevantes.

1-Compreensão da democracia como regime moderno

2-A Democracia é resultado de um longo processo de destruição da Aristocracia

3-Este processo pode conduzir a um regime autocrático ou a outro compatível com o liberalismo (referencia)

Importante ressaltar que a leitura de Toqueville na frança é produto de um resgate, feito por Raymond Aron, como teórico da Democracia, em resposta a toda formulação da teoria política na frança que se iniciou durante a terceira república. Estes teóricos associaram o liberalismo à monarquia constitucional, por tanto, sua inclinação teórica tendeu ao pensamento positivista ou neojacobinista

A migração do pensamento de Toqueville e de Aron para o meio historiográfico veio via Furret.

Lynch por fim afirma que esse movimento iniciado por Aron e Furret teve como objetivo desmontar a predominância das teses marxistas que dominavam a historiografia francesa.

Vimos até aqui o trajeto feito pela historiografia e o resgate de Toqueville via Aron e Furret, Entretanto, tema central deste primeiro capítulo é indicar o surgimento e a importância do conceito "Político". Esse conceito começa ser elaborado por Claude Lefort, que é bastante citado por Rosanvallon. Lefort coloca o "Político" num plano Aristotélico que permite o considerar abarcando uma totalidade social

Lefort teve a influencia de diversas áreas e pensadores como Merlot Ponty, Marcel Mauss, Toqueville e Furret, porém Lynch refuta a proposição que a definição do conceito de política tem sido retirada de Carl Schimitt. A maior diferença entre os dois autores estaria no quesito onde Schmitt nega e Lefort incorpora isso, pois Lefort toma como horizonte teórico, obra de Maquiavel, "Primeira década de Tito Lívio" enquanto Schimitt pensa a política tendo como Base Hobbes em "Leviatã"

De mais relevante em todo o capítulo, é entender a diferença entre o Político e a Política, a política seria um subsistema social, assim como a economia e o judiciário. O Político por outro lado abarcaria uma totalidade social. Segundo Lefort, não existe sociedade sem um lugar de poder, sem mediação política. O político, portanto, é pré-condição da vida em sociedade. Algo que veremos mais a frente é completamente incorporado na concepção de político formulado por Rosanvallon.

E uma ultima parte de seu artigo Lynch evidencia de que forma Gauchet e Rosanvallon leram Lefort e desenvolveram o conceito de Político. Ambos foram discípulos de Claude Lefort e sua filosofia política.

Nesse ponto a diferença entre os dois autores é desenvolvida pelo autor do artigo aqui resenhado. Gauchet parte para uma abordagem filosófica, com uma escrita difícil, se utilizando de campos como Religião, Pedagogia, Clinica médica e Psicanálise, trabalhando com uma perspectiva europeia. Por sua vez Rosanvallon trabalha com objetos mais “concretos". História Social, Políticas Públicas e seu trabalho conta um estilo literário claro, e procura ainda tratar o político como fenômeno global. Por outro lado, no que diz respeito da definição do conceito "Político"

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