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TENENTISMO E IMPRENSA LOCAL: A COBERTURA DO JORNAL O BAURU DA REVOLUÇÃO PAULISTA DE 1924

Por:   •  8/2/2020  •  Artigo  •  5.365 Palavras (22 Páginas)  •  138 Visualizações

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UNISAGRADO

Bauru/SP

“TENENTISMO E IMPRENSA LOCAL: A COBERTURA DO JORNAL O BAURU DA REVOLUÇÃO PAULISTA DE 1924”

Área: Imprensa, Ciências e Contemporaneidade

Autor: DURANTE SOBRINHO, Silvio Roberto[1]

RESUMO: O presente artigo examina o jornal local O Bauru como fonte de pesquisa Histórica em razão sua cobertura noticiosa sobre a Revolução Paulista de 1924, a segunda revolta tenentista na República Velha, ocorrida no governo do Presidente Arthur Bernardes. Iniciada em 05 de julho de 1924 na Capital do Estado de São Paulo, foi o mais destrutivo conflito urbano brasileiro, colocando em cheque o controle da cidade que ficou como palco de guerra até o dia 27 de julho, quando as tropas revolucionárias se retiraram para o interior chegando a Bauru através da ferrovia Sorocabana, permanecendo na cidade até 02 de agosto. Nesse sentido, a pesquisa pretende investigar como o jornal noticiou tais fatos para a população, como a imprensa local se insere como elemento de construção para a história local e por fim, à guisa de conclusão, evidenciar o desafio proposto ao historiador e seu proceder metodológico para com o uso de periódicos enquanto fonte de pesquisa histórica.

ABSTRACT: This article examines the local newspaper O Bauru as a source of historical research for its news coverage of the 1924 Paulista Revolution, the second lieutenant revolt in the Old Republic, under President Arthur Bernardes. Begun on July 5, 1924 in the Capital of the State of Sao Paulo, it was the most destructive urban conflict in Brazil, putting in check the control of the city that was the scene of war until July 27, when the revolutionary troops withdrew to inland reaching Bauru via the Sorocabana railway, remaining in the city until August 2. In this sense, the research intends to investigate how the newspaper reported such facts to the population, how the local press inserts itself as a building element for the local history and finally, by way of conclusion, highlight the challenge proposed to the historian and his methodological approach. to the use of journals as a source of historical research.

PALAVRAS-CHAVES: Tenentismo; Revolução de 1924; Imprensa Local; História de Local;


INTRODUÇÃO

REVOLUÇÃO: ALTERAÇÃO DA ORDEM. Notícias vindas hontem a tarde trouxeram o boato de que as forças do exército federal se haviam sublevados contra o governo do senhor Arthur Bernardes. Embora vaga, as notícias diziam que as divisões de São Paulo e Rio Grande se haviam manifestado a favor dos revoltosos, com os quaes faziam causa comum.

 Jornal O Bauru. 06 de julho de 1924. Ed 1019

A epígrafe acima mostra como foram escritas as primeiras linhas da notícia informando a população bauruense sobre o conflito revolucionário iniciado na Capital paulista no dia anterior, 05 de julho, iniciando o episódio conhecido como A Revolução de 1924. O texto segue informando as providências tomadas tanto pelo governo federal quanto pelo governo estadual, no tocante a mobilização de suas respectivas forças armadas e policiais para restabelecer a normalidade. A notícia se encerra com o seguinte parágrafo “(...) É lamentável que taes factos se manifestarem justamente agora que o crédito do paíz se impunha perante as potencias estrangeiras[2].”

Alguns dias depois a cidade e a sede do próprio jornal estariam ocupadas pelas tropas revolucionárias, que instaladas na cidade, fizeram de Bauru o quartel general de seu Comando do Estado Maior da Revolução[3]. Nesta cidade, as decisões tomadas pelos líderes revolucionários iriam marcar profundamente o curso do movimento tenentista, que seguiria em direção ao sul (Estado do Paraná) até se encontrar no ano seguinte com os contingentes rebeldes vindos do Sul, liderados pelo capitão Luís Carlos Prestes[4], formando a famosa Coluna Miguel Costa-Prestes.

A dureza dos combates na Capital paulista e a impossibilidade seguir com os planos originais de avançar rumo à capital federal (então instalada na Guanabara, estado do Rio de Janeiro) fez surgir a “necessidade de uma ação militar pelo interior [5] e as ferrovias eram a melhor forma para pôr em prática um plano emergencial de retirada da capital, no momento em que as tropas revolucionárias contavam com mais de três mil combatentes formados por elementos do exército, força de segurança pública e civis voluntários, além de peças de artilharias, animais e víveres do mais diversos[6]. O tenente Nelson Tabajara de Oliveira vai relatar que:

 “(...) exatamente a 27 de julho, vinte e dois dias depois de iniciada a revolta, as forças se deslocavam para o interior do Estado, rumo a Bauru. Ia operar-se um dos maiores milagres da História Militar Brasileira, pois na retirada não se levariam apenas soldados, mas todo armamento, munição, artilharia, cavalhada, abastecimento, ambulâncias, Estado Maior e o sistema de diferentes serviços de administração e de retaguarda. Isto tudo com o inimigo à ilharga e penetrando região, senão hostil, pelo menos ocupada por governistas (...)”[7]

Conforme demonstramos acima, as primeiras notícias dos acontecimentos da Capital foram veiculadas em poucas linhas na edição 1019 do dia 06 de julho do Jornal O Bauru. Nas edições seguintes, quase todo o jornal era composto de notícias sobre a revolução em curso na capital. Em 1924, a cidade de Bauru já era um entroncamento ferroviário consolidado, tendo em seu território a Companhia Paulista, um ramal da Estrada de Ferro Sorocabana e o ponto inicial da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil[8]. O jornal O Bauru era o principal veículo de comunicação da cidade e em suas publicações estão registrados não apenas fatos da esfera políticas, mas também numerosos elementos do cotidiano do município e de cidades vizinhas, durante os dias em que a revolução paulista ocorrera.

O mesmo se passa com o periódico jauense Comercio de Jahu e o jornal O Movimento, da cidade de São Manoel, municípios localizados, respectivamente, a 50 e 70 quilômetros de Bauru. Uma ferramenta de diálogo com a população utilizada pelos revolucionários era, justamente, a constante publicação nos meios de comunicação[9], prática presente na passagem pelas cidades do interior para fazer veicular suas ideias nestes canais de comunicação, com mensagens endereçadas para tranquilizar a população, propaganda pró revolução, denúncias e críticas ao governo de Arthur Bernardes na tentativa de conquistar voluntários e demais adeptos. A veiculação destes discursos políticos no jornal O Bauru se dava, principalmente, a partir dos manifestos publicados pelos dirigentes do movimento tenentista.

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