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Teoria III

Por:   •  17/6/2015  •  Resenha  •  1.597 Palavras (7 Páginas)  •  220 Visualizações

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CERTEAU Michel de. A Escrita da História. A Operação Historiográfica. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

O texto A operação Historiográfica (Michel Certau) é apresentado pelo o autor inicialmente de um lugar social, sob medida de que a pesquisa tomada por base os documentos, e também as questões propostas sejam bem organizadas e submetidas às exigências ligadas aos privilégios e as particularidades. Portanto, é a partir desse lugar que os limites são determinados e também os métodos de pesquisa a fim de atender os verdadeiros interesses. Entretanto, podemos afirmar que a produção historiográfica é partilhada entre a escrita e o conhecimento científico do pesquisador. É bastante importante o pesquisador manter-se na neutralidade.

Já sobre o discurso, ele também assume uma posição neutra, em uma forma de transforma-se numa maneira de defender o lugar. Esse lugar é de fato, o local onde será investigado somente pelo historiador que possui um conhecimento de forma bastante aprofundada e também autoridade sobre o mesmo. De forma alguma a sua marca poderá ser destruída, ou melhor, a sua presença, as suas impressões ali registradas. Certeau defende o modelo subjetivo, pelo qual toda e qualquer interpretação vai depender de um sistema de referência, e o lugar de onde se fala está no centro das discussões, numa prática que faz a ligação a métodos que verdadeiramente protege um determinado grupo, e esse grupo é a classe dos letrados.

Podemos afirmar que a importância do saber está ligado ao lugar, e somente a ele deve submeter-se às suas imposições, à lei do grupo. Assim torna-se impossível a análise do discurso histórico fora da instituição da qual ele se organiza, impossibilitando totalmente o historiador de determinar a “verdade”. Ao debater com alguns elementos da Nova História, fica claro, e evidente a necessidade de refletir sobre a produção dos fatos, alertando que a metodologia histórica investiu mais na classificação, no tratamento das fontes, e no inventário do que na construção do discurso.  O agravamento da crise se deu de forma substancial, foi quando houve certo distanciamento das ciências sociais da realidade da teoria quanto à prática, e é através desse sentido que o autor faz uma pergunta de extrema importância: “Quando a história se torna para o prático, o próprio objeto de sua reflexão, pode-se inverter o processo de compreensão que refere um produto a um lugar”? (CERTAU p.65 e 66) Então vem à resposta com bastante clareza escrita no texto, que, se em caso afirmativo, o historiador seria um fujão, e acabaria por ceder a um pretexto ideológico. Sendo, portanto, a história formada por um dado conjunto de pensamentos ordenados, cujas referências se remetem a lugares, quer seja econômico, social, cultural etc, dicotomia entre o que faz e o que diria do que faz, só serviria de verdade à ideologia vigente ou reinante. Assim a história seria protegida da prática efetiva. E segundo a visão do autor que, a prática sem a teoria seria fatal, num determinado dia, no dogmatismo de valores eternos ou a apologia de um intemporal.

Alguns autores são citados por Certeau, como Michel Foucault, Pau Veyne e Serge Moscovici, como atestadores epistemológicos, que naturalmente, na tentativa de organizar o produto do trabalho a um lugar, um discurso a uma prática, e esta consequentemente a uma escrita, se caracterizou de fato, um discurso sobre a ciência. O próprio autor fala no texto na pág. 66 a seguinte frase: “Encarar a história como uma operação será tentar, de maneira necessariamente limitada, compreendê-la como a relação entre um lugar (um recrutamento, um meio, uma profissão, etc.), procedimentos de análise (uma disciplina) e a construção de um texto (uma literatura).” Observa-se que, segundo o autor, a operação histórica combina-se a um lugar social, com as práticas científicas e por último, uma escrita.

 A Operação da Historiográfica precisamente possibilita fazer a análise das produções históricas incluindo o próprio objeto de estudo para a reflexão, e haja vista que em história todo pensamento remete a lugares sociais, econômicos, culturais etc. Podemos então dizer que, a operação histórica refere-se à junção de um lugar social de práticas científicas e de uma escrita, construída em função de uma instituição, onde toda pesquisa historiográfica se articula num lugar de produção socioeconômico, político e cultural o que implica certas imposições ligadas a privilégios particulares. E é sobre a função deste lugar que são instaurados os métodos, que se delineia uma topografia de interesses, que os documentos e as questões que lhes serão propostas, se organizam. Certeau diz em seu texto sobre os tempos em que se pretendia reconstruir a “verdade” sobre os fatos históricos acontecidos no passado onde afirmavam ter a certeza da ideia de uma “verdade”, e então nesse caso, hoje não se confia mais em dar créditos a esse método positivista, então podemos realmente confirmar com clareza que os bons tempos desse positivismo estão definitivamente fora do contexto, isto é, acabados, sepultados no passado.

Segundo Certeau: “Desde então veio o tempo da desconfiança. Mostrou-se que toda interpretação história depende de um sistema de referência; que este sistema permanece uma ‘filosofia’ implícita particular; que infiltrando-se no trabalho de análise,organizando-o à sua revelia, remete à ‘subjetividade’ do autor” (CERTAU, p.67).  Neste pequeno trecho o autor defende um modelo subjetivo, pelo qual toda interpretação depende de um sistema de referência, e uma prática ligada a métodos que na verdade protegem um determinado grupo. É assim, e de fato, impossível para o historiador fazer a análise do discurso histórico fora da instituição da qual ela se organiza.

Em debate com alguns elementos da chamada Nova História, o autor deixa evidente a necessidade da reflexão sobre a produção dos fatos e alerta que a metodologia histórica fez o investimento mais na classificação, no tratamento das fontes do que na construção do discurso em si. Nesse caso o historiador teria o papel de desmistificar o mito, ou seja, de desfazê-lo e ao mesmo tempo, de percebê-lo como sendo um produto do senso-comum. Sobre os mitos gerados pela história é que se articulam as identidades presentes. A operação histórica se refere a um tripé essencial que estabelece relações entre as práticas científicas e a escrita e isso tudo combinado a um lugar social este, sempre submetido particularidades de certa forma. Segundo Certeau: “Finalmente,o que é uma ‘obra de valor’ em história? Aquela que é reconhecida como tal pelos pares, ou melhor pelos os historiadores. Aquela que pode ser situada num conjunto operatório. Aquela que representa um progresso com relação ao estatuto atual dos ‘objetos’ e dos métodos históricos e, que,ligada ao meio no qual se elabora, e torna possíveis, por sua vez, novas pesquisas” (CERTEAU, pág. 72).

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